Julho foi mês de voltarmos a El Salvador com mais uma Barca do Fia. Com a recém volta dos vôos da Avianca e pelo fato da malha aérea ainda não estar tão boa, tivemos que pernoitar na ida em Bogotá, Colombia. Mas tranquilo, só aumentou a nossa fissura para um swell bem consistente que estaria se apresentando no começo de nossa estadia até o ultimo dia de trip.
Dito e feito. Já em nossa primeira session no entardecer daquele domingo, fortes ondas de 4 a 6 pés e algumas maiores se apresentaram. A maré estava bem cheia, com ondas balançando e bastante volume. Em contra partida o vento forte, tão comum nas tardes salvadorenhas, cada vez mais fraquejava até parar por completo.
Show, já chegamos em Punta Mango com os pés direitos. A session da manhã seguinte não foi diferente e recebemos o reforço de mais um integrante da barca. Humberto Marten de Criciúma (SC), que chegou direto de Porto Alegre (RS), não teve que pernoitar em local nenhum. Luiz Eduardo vindo da Bahia, Gabriel Bueno de Floripa (SC), Herbert Rubio, Marcelo Lóss e Pedro Lóss, pai e filho respectivamente e vindos de São Paulo (SP), completavam a barca.
Após a caída recebemos a visita do nosso videomaker contratado por nossa parceira @dreamsurftur. @misael_punta_mango nos encontrou após o almoço com as imagens. Hora de fazer aquela vídeo analise. Como normalmente as duas primeiras quedas são para tirar o ranço da viagem, acertos nas ondas e equipamentos, ficamos bem atentos .
Tamanho de prancha e modelos de quilhas eram analisados, pois ali seria o melhor lugar para os testes. Desta vez só levei prancha pequena, no entanto com bom volume. Percebi já no segundo dia que remada eu tinha, mas as 5’5 não preenchiam a parede da onda.
A solução era se agarrar nas quadriquilhas. Luiz Eduardo, que já é abituê em nossas barcas, como de costume leva sempre pranchas maiores. Desta vez iniciou com uma 6’3 e por um descuido de terceiros na guardería de pranchas, ela foi ao chão. Dano arrumado e na próxima caída foi a vez de ter uma de suas quilhas quebradas.
Essa já era e agora Luizão só tinha sua 6’10, que o acompanharia o resto da trip. E de porte deste tamanho, estava sempre no outside buscando as grandes. Hora com drops de sucesso e outros kamikazes. Mas o geral é que sempre pegava uma boa no dia, tendo inclusive uma onda linda sua sendo filmada por um drone. “O único da barca que teve onda filmada de drone foi o papai aqui”, brincou Luizão.
Marcelo chegou com uma semi fun de bom volume. Entendedor e até fabricante de prancha no passado, tinha um surfe solto a medida que ia tirando o enfado da viagem. Para Pedro, tudo era novo, point break e fundo de pedras. Mas o moleque de 17 anos foi bem a bordo de uma prancha do top WSL Deivid Silva, adquirida em uma loja em Sampa.
Gabriel mostrou atitude remando bem, acelerando e dropando algumas no crítico. Já Herbert, com sua 7 pés evolution, ia se adaptando aos poucos e ao final fez também suas ondas. O legal de se hospedar em Punta Mango é o fato de normalmente surfávamos sem crowd na primeira hora e meia do dia, pois quando os barcos de Las Flores chegam, aí fica concorrido.
Em alguns dias o número de pessoas no lineup foi intenso, pois Punta Mango é procurada pela sua potência e tubos. E por esses fatores aliados ao ótimo swell estava lá também uma barca da Lost, com Matt Biolos e alguns de seus atletas testando novos modelos. Coco Ho e Luke Davis com mais alguns grommets estavam quebrando as ondas, o que era instigante para nosso grupo.
Um fato também que gostaria de relatar foi a disposição da Aline Adisaka em seu SUP “mini-model”. Dividindo sua morada entre Brasil e El Salvador, a menina é arrojada! Respeitosa no lineup, pegou a maior do dia e botou para dentro. Nunca havia visto ela surfar ao vivo e, desta forma, é bem diferente das mídias sociais. Gostei de ver!
Encontro também com o amigo do Espírito Santo, Flavio ”Ratão”. Intenso que é, pegou boas com seu backside afiado e juntos demos boas risadas. Com tanta gente vindo de Las Flores, foi a hora de decidirmos ir para la também. Já tinha surfado ali pequeno e não tinha visto o potencial, mas com 4 a 6 pés plus, percebi que estava em uma avenida. Comparei esta onda com as de Salina Cruz, no México. Ô onda deliciosa! E é claro, nem preciso falar que a turma de nossa barca adorou.
O crowd era fato, mas com paciência era só esperar sua vez no lineup que as ondas se apresentavam. Todos nos pegamos boas ondas, o que fez a galera voltar no dia seguinte, pois tal como em Punta Mango, era importante fazermos caídas sequenciais para que pudéssemos extrair ao máximo a leitura da onda e melhorarmos nossas performances. E o segundo dia em Las flores foi igualmente legal. Dito e feito, a galera mais solta e pegando altas.
Infelizmente aconteceu um incidente. Após pegar boas de backside, rasgando e batendo forte, nosso amigo Humberto foi furar uma série maior e acabou surpreendido com a força da onda. Sua prancha escapuliu e foi de encontro a sua narina. Resultado foi gelo o dia inteiro para depois ficar com o visual de “Bento Carneiro”.
E o swell não baixava! Queria ter pego mais um dia em Flores, pois Mango apesar de bom e forte, não contava com a melhor das direções de swell. Creio que estava um pouco mais de Sudeste, pois quando havia estado lá anos antes, uma ondulação de Sudoeste deixava a parede mais longa e canal mais aberto. Mas tudo era challange e ao final todos haviam performado bem e impulsionado seus rendimentos. Até a próxima!
A próxima Barca do Fia será para as Ilhas Maldivas e poderá ser acompanhada pelo Instagram @fabiogouveia_fia entre os dias 3 e 15 de setembro.