Ano de 2021 finalizado e veio a lembrança das ótimas trips que fizemos com a Barca do Fia. Todas foram especiais e com ondas excelentes, mas em Maldivas a ondulação forte e constante manteve-se como eu nunca tinha observado.
O potencial já é conhecido, mas quando se passam 10 dias e as ondas não baixam, aí fica excelente. Diariamente, sempre vinha uma onda de 4 a 5 pés (1,5 metro) na série. Era só aguardar no outside que ela vinha.
Aquele rabinho mais tranquilo ao final das ondas de Sultans, Honkys, Jails, Cokes e Chickens, quase não existiu, pois estas sessões também estavam sempre com pressão.
Já monitorava os swells há pelo menos uns dois meses antes de nossa viagem. A máquina não parava e isto foi ótimo, pois do mesmo jeito que vi muita onda, nunca vi tanto crowd por lá.
Que saudade da primeira vez que lá fui com Teco Padaratz em 97, quando surfávamos sozinhos em todos os points. Aliás, quando tinha gente não era mais que duas ou três pessoas.
O crowd brasileiro nos fazia sentir em qualquer pico do Brasil, mas também haviam muitos israelenses, europeus em geral (mais espanhóis) e sul-africanos, dentre outras nacionalidades.
Fazia um bom tempo que não ia nas Maldivas, aliás desde o Champions Trophy. Desta vez fiquei abismado com a quantidade de embarcações de grande porte que estavam trabalhando com surfe.
Com o baixo volume do turismo do mergulho durante a pandemia, a turma descobriu que dá para aproveitar também a nossa temporada. E como dá!
Ficamos em uma ótima embarcação que nas Mentawai, por exemplo, estaríamos pagando um valor mais alto para tal conforto.
Organizada pela Dream Surf Tur e sua nova célula Dream Surf Tur Maldivas, a Barca do Fia contou com a presença de Emilio Piochi (SP), Marco Piochi (SP), Fabio Meira (RS), Juliano Lima (RS), Andrew Guimarães (RJ), Marcelo Fidalgo (RJ), Humberto Marten (SC), Renato Libonati (SP), Osmar Souza (DF) e Luiz Eduardo (BA).
Comandando as imagens em vídeo estava José Eduardo, proprietário da Dream Surf, e nas fotos estava nosso capitão italiano Giorgio Rollo. A tripulação do Emperor Voyager era de primeira, o que nos deixava em um ambiente excelente.
Foi onda a perder de vista. No maior dia, vimos massarocas de 10 pés (3 metros) de face. Neste dia estávamos em Honkys pela manhã e Sultans a tarde. Outros amigos de outras barcas relataram que Cokes quebrou com series passando de 10 pés.
Nem prancha eu tinha, a maior era uma 5’10” e fina. Mas me virei como pude e se tudo encaixasse perfeitamente na hora do drop, eu ia embora.
Luiz Eduardo, que já é habitué de nossas barcas, vem evoluindo. De porte de sua 6’10”, pegou sempre as grandes. Tal como Luiz, Humberto Marten também. O criciumense sempre vinha trabalhando bem sua 6’4 no maior dia e o vi dando uma bela rasgada em uma onda com volume em Honkys.
Marcelo Fidalgo também havia levado sua prancha grande. Sentava-se no outside e só vinha na big e na boa! Bonito de ver sua linha trabalhada na região dos lagos e com certeza no power de Itaúna.
Seu parceiro cabofriense Andrew era mais arisco e estava sempre mais para dentro do pico quando surfávamos esquerdas, já que era goofy. Ao final já estava também começando a se encaixar até em tubos para direita.
Renato Libonati é um cara que curte funs e bi quilhas. Levou pranchas com volume e desta forma também estava sempre no outside escolhendo as boas e rabiscando um surfe de linha. Dava pra ver o quanto se divertia.
Juliano Lima estava maravilhado em sua primeira vez nas Maldivas. Aos poucos ia evoluindo e nos últimos dois dias sentiu o gosto do que é fazer uma surf trip pra um lugar mágico. Alongou suas direitas em Sultans e seu sorriso era constante.
E por falar em Sultans, o goofy Osmar Souza surfou ondas excelentes quando estava em seu frontside, e nas direitas descambou a dar pauladas de back. Ficou mais ao inside e na parte mais cavada e rasa da onda, fez momentos interessantes quando completou um floater no seco e saiu pro abraço.
O surfe de Osmar é curioso, o cara já competiu contra Wagner Pupo, Binho Nunes e Cristiano Guimarães no passado e hoje morando em Brasília, esporadicamente aparece nas surf trips mas parece que está sempre no rip. É incrível como esse cabra que saiu de Itanhaém entra no rip rapidamente.
Pai e filho, Emilio e Marco Piochi eram pura vibe. Reincidentes também em nossas barcas, acompanho a evolução de ambos. Emilio fez as ondas mais longas da vida e em um dia grande foi dragado em uma morra em Honkys.
Fiquei preocupado pelo tempo que nosso gran kahuna ficou submerso. Subiu com os “zoião” arregalados e pulmão aberto para a noite dar boas risadas.
Marcão pegou ótimas, tanto em Honkys quanto em Sultans em seu backside. Já estava imprimindo uma linha bem mais sólida desde a última Barca em El Salvador e nos últimos dias nas Maldivas.
Mas estes dois nem estavam tão preocupados, pois esticariam ainda mais dez dias na próxima barca com o fotógrafo Sebastian Rojas.
Uma observação que sempre faço e passo sempre para galera que ingressa nas Barcas do Fia é que façam um trabalho pré viagem. Isso é muito válido para a maioria que não está no surfe constantemente. Muitos fazem as barcas nas férias, mas quando chegam despreparados não aproveitam como deveriam.
Mas é claro, não existe uma pressão e nunca foco nesse lado. Muito pelo contrário, cada um tem seu limite e sua zona de conforto e sair dela em uma viagem de relaxamento na maioria das vezes não é a melhor coisa.
Fabio, como alguns outros, é daqueles caras que o trabalho dificilmente sai da cabeça e acaba não sobrando tempo para a prática de exercícios sejam eles quais forem. Durante a trip pegou poucas ondas, mas sem dúvida foi uma experiência incrível ter visto ondas daquele tamanho e perfeição, que ao final da barca com certeza já fica a análise como experiência pra próxima.
Nesta trip ficamos mais na região de Sultans e Honkys. Essas ondas são tão magnificas que fica difícil arredar o pé dali. Mas surfamos ondas excelentes em Jails, Cokes e Chickens.
Maldivas é um lugar maravilhoso e nossa barca 2022 já está aberta e com algumas poucas vagas restantes, pois quem vai na primeira, lógico, quer ir de novo. E esse de novo virá com novas áreas do arquipélago. Espero que todos tenham tido uma ótima passagem de ano! O 2022 promete, Shukram!