No dia 10 de fevereiro, um dia antes de começar meu trabalho como diretor de prova do Hang Loose Pro Contest em Fernando de Noronha (PE), rompi os ligamentos do joelho direito em uma sessão de surfe.
Tinha acabado de pegar um tubo e, quando retornava ao outside, um double up me pegou de surpresa. Estava com uma prancha de EPS e não quis largar, com receio de quebrá-la ao meio. A maré estava bem seca e em certos momentos formando backwash. A onda não tinha mais que 1 metro, mas, talvez pela pouca profundidade, eu não tenha dado o “joelhinho” profundo.
Foi tudo muito rápido. Quando me dei conta, uma dor imensa apareceu, a ponto de achar que minha perna estava solta. O double up me esmagou no fundo de areia chapado (o fundo de areia da Cacimba parece rocha), com o joelho invertido. Saí cambaleando e sem noção da gravidade.
Botei muito gelo, fui ao hospital e o Raio-X não mostrou nenhum dano ósseo. Mas, no decorrer da semana, pelo inchaço e dificuldade de caminhar, já era fato que algum ligamento estava rompido. Isso veio a se confirmar duas semanas depois, em uma ressonância magnética.
Entre viagens que estavam marcadas no calendário (Japão e Galápagos) e entrada da pandemia, só consegui fazer a cirurgia no dia 28 de abril. “LCP mais LCM e CP Lateral” foram refeitos pelo Dr. Luiz Fernando Funchal. Uma semana depois, já estava fundo na recuperação com o fisioterapeuta João Luis Fialho. Trabalho intenso começando gradativamente até ficar cerca de três horas ou mais na clínica.
No processo de busca pela volta da extensão e flexão, em conversas com Adriano de Souza – que também havia recém-saído de sua recuperação – ele dizia: ”Fia, eu sonhava com a ‘réguazinha’ que marcava a flexão do joelho!”. De fato, é um ganho diário. Não cheguei a sonhar, mas parecia que dormia na clínica (risos).
Entre as etapas, o voltar a pedalar já me deixou bastante feliz. No entanto, após dois meses de cirurgia e com muito cuidado, entrar no mar para nadar com os pés de pato já deu um up no ânimo. Botar o fôlego em dia e participar daquele balanço significa muito, e, como não poderia deixar de ser, capturar imagens da galera surfando seria fato.
Já estive sem surfe em diversas ocasiões, mas nunca perdi a oportunidade de estar pelo menos na água filmando a galera. Neste momento me sinto muito feliz por estar em contato com as ondas.
Cinco finais de semanas seguidos em Floripa, com sessions de duas horas capturando imagens dos amigos, filhos e desconhecidos meus, por isso algumas imagens seguem aqui sem créditos. Às vezes bato foto, mas gosto mais de captura em vídeo e fazer os frames depois. Desta forma, as imagens já ficam para uma futura edição.
O tratamento ainda é longo e, sem querer acelerar, espero conseguir pegar minhas primeiras marolas ao fim de setembro. No entanto, high performance só mesmo no fim do ano.
Um dia antes da minha cirurgia, fui para a água capturar uma selfie. Postei o frame no meu Instagram e escrevi: “essa é a imagem que estou fazendo para servir de incentivo para minha recuperação, pois é de onde parei e para onde quero voltar, o surfe!”.