Em julho de 1988, encomendei uma prancha Insigth (6’6″, rabeta pin, metade verde, metade amarela) com Greg Weber, na Austrália, para ir ao Hawaii. Com 27 anos, tornaria possível o que desejara desde os 10 anos de idade.
Inexperiente com os ritos do Primeiro Mundo e louco com as histórias do surfe, sabia que iria para Pipeline e tinha US$ 1 mil. Errei ao dizer que iria vender a prancha e trabalhar para ficar 6 meses, além de não ter estadia definida.
Até hoje acredito em determinação, pois a oficial me permitiu 3 meses com direito a renovação, e ao sair do aeroporto sem saber aonde ir, surge um surfista oferecendo / vendendo carona para o North Shore e estadia na Mark Foo’s House, na Kami Highway.
Hawaii, o sonho virou realidade. Andava o dia todo sem saber em que pico estava. Descobertas, tudo zerinho, novinho, queria dividir com todos só no cartão postal.
Tinha uma direita no pico de esquerda, e com a 6’6″ “brazuca”, fui me soltando até encontrar Felipe Dantas, que estava arrepiando, mas me pedia para não falar português, pois alguns santistas haviam conseguido um conflito com os havaianos. Deu tempo de saber que ali era o Backdoor de Pipeline…
Saí de Santos para a Austrália, e lá, com essa prancha, iniciei a minha coleção. No Hawaii ela foi o meu passaporte e até hoje a minha companheira.
Nas próximas colunas aqui no Waves, trarei mais histórias sobre outras relíquias da coleção.
Nota da redação: Legend santista e com um grande retrospecto de bons serviços prestados ao esporte, Pardhal é proprietário do maior acervo de pranchas históricas e raridades no Brasil. O seu Museu do Surf reúne cerca de 200 pranchas, colecionadas por ele desde 1988, desde os primeiros modelos, feitos de madeira, até as mais modernas. Cada prancha traz consigo uma história diferente, que serão contadas pelo próprio Pardhal aqui na coluna Tábuas.