Os anos 1950/60 foram marcados por grandes transformações, sobretudo na moda e nos costumes. O uso da brilhantina marcou o visual da época. Os jovens vestiam-se e imitavam os ídolos do rockabilly, com seus cabelos brilhosos e topetes impecáveis.
Nelson era um deles. O dia em que a pasta não segurou e o cabelo caiu sobre a testa, um colega do Colégio Santista mandou Nelson passar vaselina e ele, achando que era um xingamento, bateu no garoto, foi suspenso e o apelido grudou para sempre.
Os pais Nelson e Albertina Freire da Silva se conheceram em uma colônia de férias na cidade de Poços de Caldas, se casaram e da união nasceram Nelson Ferreira da Silva Junior, no dia 21 de junho de 1952, e sua irmã Sueli Freire, em 21 de abril de 1954.
A praia era a grande diversão da família em todos os finais de semana. Uma vez ao mês eles pegavam a estrada para as praias do litoral norte paulista, onde acampavam, pescavam e Nelson aproveitava para surfar.
Aos 9 anos de idade, ele viu seu primeiro filme de surfe, Mar Raivoso, no cinema do Santos Futebol Clube, o Cine Teatro Modesto Roma/Olga Coury. Foi nessa época que ele ganhou o apelido que o tornaria conhecido por toda a vida.
Aos 12, o pai fez sua primeira prancha na marcenaria de casa, uma madeirite moldada a partir da prancha do amigo José Roberto “Lacraia”. Depois dela veio uma caixa de fósforo, também produzida pelo pai, inspirada no modelo de Allan Daniel Torrecilla. Mais tarde, ele iria comprar sua primeira prancha de fibra do Zé Geraldo, uma prancha de 3 metros feita de isopor, revestida com celofane e coberta de resina e manta de fibra de vidro.
Eles faziam parte da turma do Canal 3, também formada por Nando Gouveia, Zizi Passarelli, Miguel Sealy, Eduardo Nogueira, Frigerio e Pretinho. Juntos, desbravaram as praias da Baleia, Camburi e Juqueí, no litoral norte, em busca das melhores ondas.
Nelson Vasilina cursou a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Braz Cubas de Mogi das Cruzes, onde conheceu o surfista e amigo Carlos Henrique. Em 1973, os estudantes e futuros arquitetos foram para o Rio de Janeiro, onde vivia a família de Carlos Henrique e sua namorada, Mônica, irmã de outras duas moças, Yone e Maria Cecília.
Na época, Yone ainda namorava o surfista profissional Daniel Friedman, com quem viria a se casar. Já Maria Cecília era namorada do surfista e shaper Heinrich, um dos primeiros fabricantes de espuma de poliuretano do Rio de Janeiro, a Bennett Foam.
No último ano de faculdade, Vasilina, ao lado de Carlos Henrique e Ernesto, embarcou numa mega surftrip pelas Américas. Eles desceram o litoral Pacífico do México, surfaram na Guatemala, Honduras, El Salvador, Panamá e Peru. A viagem durou quatro meses, marcada pelas ondas gigantes de Puerto Escondido, as maiores surfadas por ele.
Aos 70 anos de idade, Vasilina comemorou a vida junto da amiga Eliane Franco numa inesquecível viagem para Bali, na Indonésia.
Na sua trajetória de 60 anos de surfe, Vasilina participou de vários campeonatos, com destaque para os dois primeiros Campeonatos Paulistas de Surf (1967/68), o Aberto de Ilha Porchat e o Torneio de Surfe do Caiçara Clube, ambos em 1968. Apesar desses feitos pioneiros, Vasilina descobriu cedo que não era um competidor, mas um surfista de alma.
Sua contribuição ao surfe rendeu convites para palestrar na Faculdade de Educação Física de Santos, na Unimes, nos anos 2004 e 2008.
Nos últimos anos Vasilina tem se dedicado aos cuidados necessários à sua mãe, dona Albertina, com 93 anos de vida.
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Coordenador de pesquisas históricas do surfe @diniziozzi – o Pardhal