Museu do Surfe

A vida de Bito Cassaura

Coluna Museu do Surfe, de Diniz Iozzi e Gabriel Pierin, conta história de Bito Cassaura, pioneiro em campeonatos no Litoral Norte de São Paulo.

0

Fábio Luiz Pereira Cassaura é o quarto dos cinco filhos do militar da aeronáutica, o descendente de japoneses Paulo Cassaura e da dona de casa baiana, Secundina Osvalinda Pereira Cassaura. Os dois se conheceram numa viagem de trabalho do militar à Bahia, e escolheram São Paulo para viver e formar a grande família.

Foi no dia 31 de julho de 1960, em Guarulhos (SP), cidade da região metropolitana, onde Fábio, o Bito, nasceu, porém aos nove anos de idade, com a mudança da família, ele passou a morar em Santos (SP), no bairro do Embaré. O pai, tenente-coronel da Base Aérea, comandava e garantia a segurança nos ares, mas o futuro do filho estava no mar. O destino começou a ser traçado quando o cunhado, Nilton Bambu, e sua irmã, Tete Cassauara, fabricantes de bermudas para surfistas, a TT Surf, lhe apresentaram o mundo do surfe.

Aliás foi o próprio cunhado quem lhe presenteou com uma monoquilha swallow, shapeada pelo Wagner Cola. O investimento foi promissor, mas comprometeu os estudos. Aos 11 anos Bito já cabulava aula no Escolástica Rosa e fugia para a praia. Ele passou a surfar e não parou mais.

Quando a família se mudou para o Marapé, Bito conheceu os surfistas Albano, Uruca, Frank, Miguel, Gilberto, Edu Buran, Carriça, Quizumba, Adilson, Silvério, Neguito, Fuad, Piola e Douglas Lima e os irmãos Salazar. O surfe de competição e as conquistas viriam pouco tempo depois.

Quando decidiu encomendar uma prancha do Oracio Cocada, juntou dinheiro embalando
parafinas na fábrica do Albino, o mister Maia, da Sex Wax. No inverno de 1977, aos 17 anos, Bito participou do Primeiro Campeonato do Quebra-mar, organizado pelo Zanetti e o Carioca, e disputou a final na categoria Júnior com Orelhinha, Aldo Cangiano e Carrica. Nessa época, ele fabricava quilhas para a fábrica de pranchas do Valdo e do Silvério, a Valdo Surfboards, na Ponta da Praia. Em Mongaguá ele complementava a renda dando um glass nas pranchas da Magia Tropical Surfboards.

Em 1983, foi campeão da Copa Coca-Cola de Surf, em Ilhéus (BA), e venceu a etapa do Circuito Paulista no Quebra-mar, organizado pelo Paulo Issa. Seus feitos atraíram patrocinadores e Bito conquistou o apoio da Cobra Calçados, do empresário paulistano Marcos Arambasic e da Special Royd Surfboards, considerada por ele sua prancha mais marcante.

Em 1990 o surfista profissional fixou moradia em Cambury, no Litoral Norte paulista. Aos 37 anos, em 1997, tornou-se organizador de eventos de surfe e promoveu com Sérgio Bell e Beto Negão os Circuitos Bronze Age de Surf, o Paulista Master de Surf e o Circuito UNCS, com Rômulo e Vírgula, fundando assim a Associação Paulista de Surf, a ASESP. Em 1999, foi vice-campeão do torneio Sierro Azul Billabong Challenger Nestlé, na praia de Sierro Azul, no Peru e convidado para correr no campeonato na Costa Rica.

Bito é irmão de Cláudio Paca, da Cassaura Surfboards. Casado com Priscila, Bito tornou-se
comerciante e representante de produtos para surfe e skate para mais de 100 lojas, em todo litoral do estado de São Paulo, e tem um empreendimento de aluguel de Stand Up e caiaque, no canto da Praia de Cambury. Ele continua surfando.

Acompanhe nossas publicações nas redes sociais @museudosurfesantos.

Coordenador de pesquisas históricas do surfe @diniziozzi – o Pardhal.