Museu do Surfe de Santos

Barletta, o surfista de alma

Conheça a história de Sérgio Barletta, um dos pioneiros do surfe em São Paulo.

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Sérgio Barletta chegou aos 70 anos de idade. Nascido em São Paulo no dia 11 de março de 1951, ele e o irmão Tony já frequentavam as praias de Santos no início dos anos 1960.

A paixão pelo mar e pela natureza começou ainda na infância e foi sobre as pranchas Planondas que eles iniciaram nas ondas santistas. Os irmãos acompanharam as mudanças e a evolução das pranchas, passando pelas “caixas de fósforo” e madeirites.

Foi numa madeirite que ele experimentou pela primeira vez seu poder de criação. Barletta deu forma na placa de compensado e fez uma pintura havaiana com estampas de flores e cores tropicais.

No final da década de 1960, Sérgio Barletta teve conhecimento das pranchas de fibra de vidro por meio da revista Mecânica Popular. Pouco tempo depois comprou um longboard Dextra do Miguel Sealy e com ele participou da primeira turma de surfistas do Guarujá, ao lado de Ruy Gonzalez, Waltinho, Alemão, Carlinhos, Ivan, Milica, Udo, entre outros.

Num dia de surfe em São Vicente, Barletta teve um encontro casual com Homero Naldinho. O revolucionário shaper convidou Barletta para testar sua nova prancha de fibra. Nascia ali uma grande amizade. Barletta passou a fazer parte da equipe da fábrica de Homero que contava também com o grande shaper João de Deus.

Barletta percorreu milhares de quilômetros pelo litoral nas inesquecíveis surf trips à bordo do DKW azul de Homero, junto de outros amigos como Silvinho Lopes, Junior Vergara, Milica e Zé Betinho. Quando a viagem era para o Guarujá, a famosa Kombi do amigo Elyseu de Andrade se encarregava de levar a turma de surfistas.

Por volta de 1968, Barletta convenceu Homero a lhe vender um longboard importado que ele tinha guardado a sete chaves em sua fábrica, um long Hobbie Surfboard – modelo Gary Propper – 9’2”, verde e branco, uma prancha incrível com um shape bem avançado para a época. Além da qualidade, a prancha carrega grandes histórias. Foi com ela que Barletta e Homero remaram até a Porta do Sol (Garganta do Diabo – Itararé) e pegaram altas ondas num dia de ressaca. Na saída do surfe, encontraram uma senhora que já tinha até telefonado para os bombeiros resgatar os dois malucos surfistas.

Por influência do amigo Elyseu, Sérgio Barletta formou-se arquiteto, mas nunca abandonou o surfe. Ele segue no outside, aguardando a “rainha” da série, a sua onda dos sonhos. Para ele, as ondas transmitem paz, harmonia e vida. Em sintonia com elas o surfe traz tranquilidade para enfrentar todos os problemas, além de restaurar o corpo e a mente. Das boas recordações, Barletta se orgulha de fazer parte de uma tribo de “surfistas de alma”.