Flávio Joaquim Ferreira, o Flávio La Barre, nasceu em Santos em 3 de dezembro de 1950, seguiu para São Vicente, mas foi em Itanhaém que ele fez história, adotando a encantadora cidade do litoral sul paulista como seu home break do surfe.
Considerado um fabricante e comerciante visionário, La Barre deixou saudade pela sua generosidade e amizade. O santista, criado no Tumiaru, começou na natação defendendo as cores do clube, antes de surfar com a galera de São Vicente na praia do Itararé.
Sua prancha, produzida pelo Homero, tinha um peixe Marlin pintado no botton, lembrança dos tempos em que surfava ao lado de Longarina, Elizeu e Vicente Ferraro. Aliás foi com o próprio Homero, o mestre que Flávio aprendeu a técnica de fabricação, antes de ensinar e trabalhar com o Nelsinho, da Nel Surfboards.
Sua trajetória como fabricante começou em São Vicente, na rua XV de Novembro, quando recebeu o incentivo da vó Eleonora Ferreira Gonçalves, a Lola, para montar a oficina na garagem da casa, por volta de 1971.
De espírito aventureiro, Flávio desbravou ondas em todos os continentes. Em 1974, fez sua primeira viagem internacional para o Havaí ao lado do amigo Dudu Argento, um dos irmãos Twin. Nas praias da Indonésia, Flávio surfou em picos alucinantes. Adepto de ondas grandes, La Barre se inspirou no nome da praia onde iniciou o surfe francês para criar sua marca e ganhar o apelido que o consagraria.
Nessa época, sua oficina já funcionava na Ponta da Praia, na rua Amélia Leuchtemberg 16, em Santos. Entre 1975 e 1978, Jorge Português, fabricante do Guarujá, fazia a laminação nas pranchas do La Barre, vendidas na Surf Center, do Carlos Barsotti, o Pretinho.
Da sua pequena oficina de pranchas em Santos, La Barre migrou para Itanhaém na década de 1980, quando lá quase ninguém falava em surfe, montou sua oficina no canto da praia do Cibratel e, posteriormente, consolidou um pequeno império para a dimensão da região.
O shaper, surfista e comerciante, formou uma das primeiras equipes de surfe profissional do país, com patrocínio da Reforplás. Pela La Barre receberam seu apoio: Edu Helou, Walter Vaz, Esquimó, Jaime Ventania, Alfredo Bahia, Peixe, Cisco Araña, Neno do Tombo e a saudosa lenda do surfe vicentino Nino Matos, entre tantos outros que fizeram história.
La Barre morreu jovem, aos 57 anos, em 27 dezembro de 2007. No ano seguinte, em 21 de janeiro de 2008, La Barre foi um dos homenageados no Dia do Surfista. A homenagem póstuma ocorreu durante a abertura do IV Santos Surf Festival.
Entre os surfistas e amigos presentes no evento, Cisco Araña relatou emocionado que um dos motivos que o levaram a participar do Santos Surf Festival foi saber da homenagem ao La Barre, que influenciou várias gerações de surfistas: “Eu senti a presença dele dentro d`água”.
Outro parceiro de ondas, Carlos de Alencastro Guimarães, o Lobinho, também deixou seu depoimento: “Era um grande amigo, que se dava bem com todo mundo”.
Seu legado está nas mãos do filho Flavinho. Ele recebeu o apelido do pai na Certidão de Nascimento. Para Flávio La Barre Ferreira, o pai sempre o inspirou a ser uma pessoa positiva e cuidar daqueles que vivem ao nosso redor.
O sucesso de Flavinho foi conquistado fora d’água. Amante da música, graças a todo incentivo que recebeu do pai, hoje vive feliz como produtor musical, shapeando as ondas sonoras e fazendo o que ama.
Acompanhe nossas publicações no Facebook e no Instagram @museudosurfesantos.