No último dia 14 de agosto, um sábado, a Austrália conquistou com Jack Robinson e Stephanie Gilmore a etapa do CT no México, em Barra de La Cruz. Robinson conquistou sua primeira vitória no Tour, derrotando o brasileiro Deivid Silva na final, enquanto Stephanie venceu a havaiana Malia Manuel.
Os dois são os atuais detentores do prêmio Australian Surfing Awards, um evento anual que celebra o surfe e seus principais protagonistas no panorama australiano e mundial. Robinson, estreante no CT de 2020, conquistou o prêmio de surfista do ano, à frente de nomes como Julian Wilson e Owen Wright.
O surfe na Austrália teve seu início no começo do século 20 com Tommy Walker. O marinheiro mercante passou sua infância nas praias do norte de Sydney, mas foi uma visita ao Havaí, em 1908, que mudou a relação do australiano com o mar. Nas ilhas havaianas, Tommy conheceu o surfe, comprou sua prancha por US$ 2 e viajou com ela de volta à Austrália.
Apesar da primeira foto tirada de Tommy ao lado da prancha, em 1909, é a histórica fotografia tirada por Osric Burston Notley, ex-membro do Yamba Surf Club, que mostra o surfista em ação pela primeira vez na Austrália, em 1912. Nela, Tommy aparece surfando uma onda de cabeça para baixo sobre sua enorme e pesada prancha de madeira sólida, em Main Beach, Yamba, norte de Nova Gales do Sul.
Se o pioneirismo foi do australiano, coube aos havaianos Duke Kahanamoku e George Cunha, a popularização do surfe no país. Duke, considerado o pai do surfe moderno, e George, um havaiano de descendência portuguesa, viajavam para promover o turismo no Havaí e difundir o surfe ao redor do mundo.
Na véspera do Natal de 1914, Duke e George fizeram a primeira demonstração de surfe em Freshwater Beach, em Sidney. Os australianos ficaram impressionados com o que viram e a imprensa descreveu a novidade como “o barco a motor humano de Honolulu”. Duke e George causaram um verdadeiro frenesi nos jovens, ávidos para construir suas próprias pranchas e experimentar a sensação.
Entre eles estava o jovem Snowy McAlister. Talentoso, o surfista fabricou sua própria prancha oca, em 1924. Snowy deteve o título de campeão australiano por quatro anos consecutivos, no final da década de 1920.
Em 1964, ocorreu o primeiro campeonato internacional na Austrália. O evento reuniu surfistas locais, além dos Estados Unidos, Peru e Havaí. O australiano Midget Farrely venceu a prova e foi declarado o primeiro campeão mundial da história.
A Austrália conheceu inúmeros surfistas. O país teve Wayne Lynch como seu expoente máximo do free surf. Wayne competiu e participou de eventos internacionais, mas se afastou do surfe por volta de 1970, quando o surfe tornou-se um negócio lucrativo e ele, uma estrela.
No final dos anos 1970, foi a vez do australiano Mark Richards dominar o cenário do surfe. Entre 1979 e 1982, o surfista sagrou-se quatro vezes seguidas campeão mundial, acompanhado do também australiano Cheyne Horan, vice em 1979, 81 e 82. Uma lesão afastou Richards das competições. Hoje ele dirige a Mark Richards Surf Shop, em Newcastle.
Ainda é cedo para imaginar o futuro de Jack Robinson no Circuito Mundial, mas quando se trata da Austrália é preciso ter respeito. O país é o maior detentor de títulos mundiais na história (20 vezes) e revelou ao mundo nomes como Tom Carroll, Mark Occhilupo, Mick Fanning, Joel Parkinson, entre muitos outros.