Da união das famílias italianas Chiarella e L’Abbate descende Francisco José Chiarella.
Conhecido no mundo do surfe como Thyola, o filho de Madio e Ana Maria nasceu em São
Paulo, no dia 21 de junho de 1952.
O apelido de infância acabou se tornando uma assinatura em seus quadros e pranchas, produção que iniciou ainda nos tempos de faculdade, quando cursou Arquitetura e Urbanismo no Centro Universitário Braz Cubas, em Mogi das Cruzes.
Sua relação com o mar começou na década de 1960, durante as férias escolares no Guarujá.
Nesse período, Thyola, estudante do Colégio São Luís, conheceu um carioca que usava uma
prancha de madeirite. Foi assim que ele surfou sua primeira onda em pé, de olho nas pranchas Glaspac que já se destacavam na praia. Não demoraria para que o pai realizasse o desejo dos filhos Giacomo “Daco”, Thyola, Madinho e comprasse duas delas para eles revezarem.
Em 1969, Thyola aprendeu a trabalhar com resina poliéster, realizando consertos em pranchas de amigos. Antônio Brito, um deles, sugeriu que os dois fizessem uma prancha juntos. Nascia a Moby Boards, na garagem da casa do Antônio, no Jardim Paulistano, em São Paulo.
Na década seguinte, ele ingressou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, período em que pintou quadros. Após uma tentativa frustrada de expor na Bienal de São Paulo, Thyola acabou vendendo os três quadros e com o dinheiro pagou a sua primeira surftrip para o Peru, em 1972.
Dois anos depois, Thyola trancou a matrícula na faculdade e viajou pelas Américas para buscar melhores ondas. Ao lado de Brito, Vilardi, Sidão Tenucci e Zé Roberto Rangel, seguiu as ondas pelo Peru, Equador, Panamá, Costa Rica, El Salvador, México até chegar a Los Angeles.
Durante um período em Santa Mônica, na Califórnia, Thyola realizou alguns trabalhos na
Wilken Surfboards, onde viveu uma incrível experiência na laminação de pranchas, ocasião em que conheceu Pat Rawson, de quem ganhou um shape feito por ele.
Voltando ao Brasil, Thyola se associou a Mark Jackola na fabricação das pranchas Lightning
Bolt. Jackola estava em São Paulo e havia feito uns shapes para Ricardo Ferraz que já conhecia Thyola do surfe e da Moby.
O surfista terminou a faculdade, mas priorizou o surfe, decidindo-se pela mudança para o
Guarujá. Ele iniciou com uma oficina de consertos na Praia das Astúrias, num terreno ao lado do Edifício Tendas, até construir sua primeira fábrica, na rua Brasil 276, no bairro da Água Funda, Praia de Pitangueiras.
Em 1976, na sua primeira viagem para o Havaí, Thyola conheceu Barry Kanaiaupuni e toda a equipe da Lightning Bolt. BK foi um dos primeiros shapers internacionais a visitar o Brasil, além de Dennis Pang, Glenn Minami, Nev e Ned McMahon.
Em 1979, convidado por Jack Shipley, um dos criadores da marca Lightning Bolt ao lado de
Gerry Lopez, Thyola julgou campeonatos de surfe na Austrália. A convite de Bill Bolman,
Thyola foi árbitro do Stubbies Pro, uma competição de surfe realizada anualmente, em março, em Burleigh Heads, Queensland, entre 1977 e 1988, uma das três principais competições australianas de sua época.
Paul Holmes convidou Thyola para os campeonatos Coca-Cola, em Bell’s Beach e o Internacional Feminino. Algo inusitado aconteceu no Coca-Cola. Com o mar
flat, o campeonato foi transferido para Bell’s. Seis aviões foram designados para transferir os competidores. Mark Richards foi o grande vencedor no Stubbies e Bell’s. Cheyne foi campeão no Coca-Cola.
Em 1990, Thyola inaugurou sua nova fábrica, na rua do Sol, no Guarujá, com grandes shapers nacionais e internacionais, entre eles o havaiano Eric Arakawa e os brasileiros Neco Carbone, Paulo Rabello, Coquinho e Juquinha.
Na nova fábrica, além da Lightning Bolt, foram produzidas pranchas das marcas OP, Town & Country, Hang Loose, Nativas, HIC, NEV, Wagon e Billabong.
A Island Magic, pertencente ao irmão Madinho e seus sócios Danny Boi, Fernando Chivas e Zezinho Rego foram os responsáveis pela surfwear da Lightning Bolt.
Thyola é pai de Nayana, que vive na Suécia, e de Natálya, formada em farmácia pela Unisantos e que é campeã brasileira de patinação artística. Ele continua surfando, fabricando pranchas Lightning Bolt e acumulando muitas histórias.
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Coordenador de pesquisas históricas do surfe @diniziozzi – o Pardhal