Meus camaradas, nunca pensei que fosse ver isso na vida. Olha que acompanho campeonatos de surfe desde os Festivais Brasileiros em Itamambuca na década de 1970. Eram raras as publicações nacionais e internacionais que eu tinha acesso quando nem sabia ler direito. Nossas fontes de inspiração e informação naquele tempo, comparando com as novas mídias, ficam todas pré-históricas.
É muito gratificante chegarmos nessa época do ano e ver esse contingente de surfistas brasileiros com tanta força no circuito e principalmente três brasileiros com chances matemáticas de buscar o título mundial de 2018. O líder Filipe Toledo, com cinco vitórias no CT, sendo duas esse ano e com algumas notas 10 na coleção.
O atual vice-líder Gabriel Medina trouxe o nosso primeiro Título Mundial, tem 11 vitórias no CT, duas seguidas esse ano, sendo uma no Taiti e uma na piscina, duas seguidas ano passado na perna europeia, além do vice-campeonato mundial e o título de campeão da Tríplice Coroa, que é o título de maior prestigio e honra do Esporte dos Reis.
Ítalo Ferreira venceu a etapa no tradicional palco de Bells e a etapa na bancada mais high performance do Tour esse ano, que é Keramas. O potiguar de Baía Formosa está em quarto no ranking, precisa fazer milagre com sequência de vitórias e está dependendo dos resultados dos três primeiros colocados até o final do ano.
Concordo, a ausência do John John facilitou, ele estaria ali embolado entre os cinco primeiros, com certeza. O Filipe Toledo está com um cenário muito bom, conquistado com um trabalho muito forte.
Não consigo ver uma retomada de liderança pelo Julian Wilson. Pelo que percebi, nem os analistas mais renomados apostam no australiano. A condição do mar sempre dita as regras na França, pelo retrospecto quem melhor se adapta é o Gabriel.
Estou aqui na torcida pelos brazucas. Esse ano é para enquadrar e colocar na parede independente do final do circuito. Sete vitórias em oito etapas é muito forte pra uma nação só. Muita batalha de todos amadores, profissionais, free surfers, big riders… O Brasil é uma potência mundial em tudo que seu povo realiza com o mínimo de estrutura e apoio.
No surfe são incontáveis feitos realizados e atos heroicos que nem foram registrados. Dos que foram registrados temos coisas abissais, como os recordes mundiais de Rodrigo Koxa e Maya Gabeira. Títulos mundiais de tow in e big wave do Rodrigo Resende “The Monster”; Títulos mundiais e prêmios de Big Wave do Carlos Burle; etapa em Nazaré do Lucas Chumbo, Bombas premiadas e não premiadas na remada e de tow em Jaws e Fiji de Danilo Couto, Yuri Soledade…
Muita história de responsa foi escrita nestes anos, nas ondas do mundo todo. Vai Brasil. Aloha!
Flávio Carvalho Oliveira, o Boca, é surfista, publicitário, radialista e comentarista.
