Renomado fotógrafo da Baixada Santista (SP), Jair Bortoleto estreia como colunista do Waves. A seção Por Trás da Foto vai trazer histórias curiosas dos cliques que marcaram a carreira do fotógrafo até agora. Confira abaixo:
“Antes de tirar essa foto, tive alguns contatos com o Picuruta. Guardo dois deles na memória. O primeiro foi quando mudei do interior para Santos, em 1994. Estava no Carrefour de São Vicente quando o vi passar. Na hora contei para minha mãe quem era o Picuruta. Ele percebeu que estávamos olhando e veio conversar. Minha mãe disse que eu era surfista e ele gentilmente deu um incentivo.
A outra vez foi alguns anos depois, surfando no Píer (era assim que a molecada chamava o Emissário Submarino). Eu já tinha feito a transição da pranchinha para o longboard e estava no fundo, esperando a onda. Ficava observando ele surfar sem parar, pegando uma após outra. Então veio a minha e remei. Quando fui ficar de pé, ele veio mais do fundo e subiu na prancha. Já ia parar de remar, quando ele gritou ‘vai!’. Continuei e fiquei de pé, corri para o bico, enquanto ele gritava surfando a onda atrás de mim.
Achei que ele tinha ficado bravo, mas os gritos eram de incentivo. Nem preciso dizer como aquele momento foi gratificante. Anos depois, em 2005, comecei a fotografar o projeto Alma Santista, e logicamente entrei em contato com Picuruta. Marcamos um dia em frente à sua escola, no Píer.
Estava intimidado, pois ele foi um dos primeiros que fotografei para o projeto. O Picuruta não parava de me provocar, deve ter percebido minha apreensão. Naquela época não havia apenas cachorros no Píer, também tinha gatos, e foi com um deles que saiu essa foto emblemática do Picuruta posando com o felino.
Este clique ficou para minha história como um dos mais importantes da minha carreira e foi publicado no livros Alma Santista e A Primeira Palavra. Picuruta é com certeza a figura mais importante do surfe brasileiro, pois sua carreira e história transcendem a sua própria pessoa.”