Você, assim como milhões de surfistas ao redor do mundo, deve estar cheio de dúvidas a respeito do vírus que trouxe uma nova realidade ao dia a dia. Não se culpe. Uma vez que as informações são tantas, e tão desencontradas, é natural que você fique assim.
O importante é se conscientizar que sim, precisamos rapidamente de isolamento social para frear a disseminação, ou “achatar” a curva de transmissão. Isso não é alarmismo, nem mesmo “trombetas do apocalipse”, isso é ciência.
R-zero, ou R0, “Número Básico de Evolução” é um número que se usa para avaliar o risco de uma doença contagiosa, e resume quantas pessoas contraem o mal de alguém já contaminado. Se esse número é inferior a 1, a epidemia acaba sozinha com o tempo. Quanto maior que 1, mais contagiosa e pior a epidemia; ele varia de acordo com o agente ( vírus, bactéria, fungo, etc…) e com condições sociais.
O Covid-19 foi estimado na média com R0-2,3 (de 1,4 a 3,9 dependendo do local), comparável ao Ebola.
O combate ao novo vírus foca na capacidade de conter o contágio, até que esse R, e neste caso “Número Efetivo de Reprodução”, caia abaixo de 1. Por isso, alguns países conseguiram, e outros não, deter o avanço da doença rapidamente. Taiwan é o melhor exemplo positivo e a Itália o negativo. Como não há tratamento efetivo e não há vacina, é a única forma de se conter essa doença.
Não acredite em mais nada que não seja higiene pessoal intensa, restrição de viagens e deslocamentos, fechamento de fronteiras e quarentena, enquanto a ciência segue pesquisando tratamentos e vacinas. Acertam as entidades que adiaram eventos relacionados ao surfe.
Não caia na tentação de acreditar em “soros de imunidade”, “aplicações de A ou B que melhoram o combate”, “tratamento efetivo”, esqueça… O que há de certo é: alimentação adequada, sono adequado e controle de stress, para que não haja queda do seu sistema imunológico. Todo o resto é tentativa de se aproveitar do momento de angústia.
Surfar ou não? Atividades ao ar livre não estão no foco das restrições, exceto as que gerem aglomeração. O surfista sozinho tem pouco risco, porém, muito tempo de água, surfe extenuante, pode rebaixar seu sistema imunológico.
O contato próximo, na praia, também não está recomendado. Assim como o outro, você também pode estar passando. Avalie bem.
Caso você tenha sinais de gripe (febre, coriza, tosse, dor de cabeça), não surfe. Se os sinais forem leves, não tem por que procurar serviços de saúde. O risco de contaminação e de contaminar são enormes; não use anti-inflamatório.
Se a febre persistir por mais de três dias, ou aparecer falta de ar, aí sim, é o momento de procurar ajuda médica (95% dos casos serão leves). Bom momento pra mostrar que o surfe, e os surfistas, estão alinhados com um mundo melhor.
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Dr. Marcelo Baboghluian é diretor clínico do Instituto Marazul, especialista em medicina esportiva, co-fundador do aplicativo SID e colaborador do Waves há muitos anos.
Fontes: OMS, OPAS e BVS.