Namor Cayres

Guerreiro em ascensão

Baiano radicado na Califórnia (EUA), Namor Cayres deixa o acarajé de lado e desponta na terra do Tio Sam.

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Namor Cayres em ação nas ondas de San Clemente: baiano vive na Califórnia há dois anos.

Uma necessidade crescente de jovens surfistas tupiniquins é a busca por águas internacionais, seja pela qualidade das ondas, estilo de vida, mas, sobretudo, pelas oportunidades.

O funil para despontar para o mundo, partindo de solo brasileiro, está cada vez mais difícil, já que os campeonatos nacionais tornaram-se raros, se compararmos com as duas décadas passadas.

Fora que, no quesito qualidade de onda, antigamente o surfista brasileiro se virava melhor no Tour, já que a maioria das etapas não tinha uma janela razoável de espera e o evento rolava na condição que fosse.

Namor Cayres, surfista baiano, levantou a âncora, deixou o acarajé e a marolagem de Stella Maris de lado e agora se diverte e evolui em San Clemente, na Califórnia (EUA).

Aproveitando a passagem do garoto maroto em terras brasileiras, aproveitamos para fazer uma queda e conversar com o surfista.

Desde quando você pega onda e como começou a surfar e competir?

Minha mãe é surfista, então sempre tive prancha em casa, sempre soube como ficar de pé e tal, mas eu gostava mesmo de jogar futebol. Quando eu tinha 9 anos, rolou um campeonato nordestino profissional em Stella Maris e cinco surfistas profissionais ficaram hospedados na minha casa. Eles eram muito legais e sempre me levavam pra surfar e ficavam contando as histórias de suas viagens e planos para os próximos campeonatos. Fiquei muito encantado e isso me motivou muito a começar a surfar pra valer e querer viver essa vida!

Em viagem ao litoral baiano, surfista fala sobre a vida na terra do Tio Sam.

Quando minha mãe percebeu que eu estava gostando mesmo, ela me perguntou se eu gostaria de competir numa etapa do Baiano que iria rolar no Jardim de Alah, e esse foi meu primeiro campeonato, só tinha a final então eu fiquei em quarto lugar. Fiquei namorando o troféu dia e noite, já querendo competir em outro. Então, minha mãe me botou pra treinar com Bruno Pitanga pra aperfeiçoar o meu surfe em Jaguaribe, e ela também me levou pra varias surf trips nesse primeiro ano e eu dei uma evoluída monstra.

Logo no ano seguinte, fui campeão baiano infantil, a partir daí comecei a competir o Brasileiro e Nordestino Amador, muitas viagens ao redor do Brasil, fazendo boas amizades que tenho comigo até hoje. Aprendi a me virar sozinho e meu surfe foi lapidando a cada viagem! Realmente essa era a vida que eu queria.

Há quanto tempo você está morando na Califa e por que resolveu ir pra lá?

Estou na Califa há dois anos e tudo começou com uma viagem pro Havaí, onde encontrei Jaqueline Brecciani e Carlos Britto, que estavam ficando na casa ao lado da minha. Eu já conhecia os dois, mas nunca tive muita intimidade. Eles estavam morando na Califa e me chamaram pra passar lá antes de voltar pro Brasil, e foi o que eu fiz, passei 15 dias com eles, surfei Trestles todos os dias com Yagê Araujo, que estava ficando lá também.

Voltei para o Brasil e estava competindo no circuito brasileiro amador, fiquei em segundo no ranking e ganhei a vaga para o mundial ISA Games, que coincidentemente foi em Oceanside. Fui com minha mãe e ficamos lá com a equipe brasileira em um hotel. Não tive um bom resultado no campeonato, mas logo após o término, Jack e Britto me chamaram pra ficar em San Clemente com eles pra aproveitar os últimos dias. Minha mãe se apaixonou pela cidade e ficamos sabendo que eu poderia ir para a High School de graça e ainda fazer parte do time de surfe! Voltamos para o Brasil só pensando nisso (ir morar em San Clemente e ir para a high school).

Namor Cayres já conseguiu bons resultados no NSSA, o circuito norte-americano das divisões de base.

Fizemos rifas e conseguimos uns apoios para ajudar no custo total. Assim que o ano virou, fui pra lá e Jack e Britto me acolheram como um filho. Os primeiros seis meses foram mágicos, sem dúvidas a melhor experiência da minha vida, sem dúvidas era lá que eu queria viver! Totalmente outro mundo, eles respiram a cultura surfe, todas as escolas têm time de surfe, você compete pela escola, pela cidade!

O surfe é levado a sério mesmo, campeonato todo fim de semana, sem contar a qualidade de vida. Você pode ficar tranquilo em qualquer lugar sem precisar se preocupar com assaltos ou roubos (isso em San Clemente).

O fato de morar com sua família fora do Brasil, qual a importância disso?

O fato de minha mãe ter ido pra lá é surreal, eu já me sentia em casa morando com a Jack e o Britto, fiz muitas amizades e estava vivendo um sonho, mas mãe é mãe, está lá sempre que você precisa, se preocupa contigo, e poder apresentar minha mãe para todos os meus amigos é muito legal porque assim eles conhecem minha essência e como fui criado, o porquê de eu ser tão motivado a fazer acontecer todos os dias. Hoje em dia é tão confortável morar com a minha mãe!

Os aéreos são umas das principais armas do baiano.

Além do surfe, quais suas atividades nos EUA?

Além do surfe, também trabalho em um restaurante local, comida boa e um ambiente muito irado, todos gostam. Também sou DJ nas horas vagas, toco em festa de amigos ou pequenos eventos, só por diversão mesmo.

Quais seus principais resultados, tanto no Brasil, como no exterior?

Fui campeão baiano amador, fiz uma final no NSSA Estadual e fiquei em quarto, fiz parte da equipe campeã do NSSA estadual e nacional de 2017 (San Clemente High School), passei três baterias no QS 1500 em Huntington Beach.

Em seus posts nas redes sociais, você está sempre ligado com a família Toledo. Conte-nos como é essa relação e a importância dessa proximidade efetivamente no seu surfe.

Logo quando entrei na escola, fiz um amigo que me mostrou o caminho e me ensinou muita coisa valiosa, Davi Toledo, esse monstro é um menino de ouro, meu irmão de outra mãe. Parte de tudo o que está acontecendo na minha vida é influenciada por ele! A família Toledo é demais! Só coração bom e guerreiros! Sem palavras para agradecer. O Davi está sempre instigado pra surfar e puxar o nível, fazer surf trips e tudo mais.

Na Califórnia, Cayres fez amizade com a família Toledo.

Vendo de perto a nova geração americana e conhecendo bem como anda a nova geração brasileira, você acha que estamos bem assegurados para o futuro nas competições?

Em San Clemente tem uma nova geração sinistra que surfa comigo todos os dias, a molecada respira surfe, muita vibe e respeito! O Brasil tem muito talento também, essa nova geração tá pegando fogo! Tenho quase certeza que verei todos aí brigando pela vaga no Tour.

Quais seus projetos para este ano?

Competir em todas as etapas do QS que eu puder! Fazer bons resultados e viver essa vida surfe. Estou muito motivado agora com o patrocínio novo de uma marca grande brasileira, a Mahalo. Meu maior objetivo é seguir no trilho e aproveitar todas as oportunidades.

De patrocínio novo, ele espera agarrar as oportunidades nesta temporada.

Morando na Califórnia, você pretende ir quando quebrar tudo no Havaí?

O Havaí é ali do lado, na próxima temporada já estarei colado.

Como você compararia o cenário das competições atualmente no Brasil e nos Estados Unidos?

O Brasil me parece um pouco parado de competições. Este ano já estão confirmadas três etapas do QS nos EUA, então acho que lá tem mais oportunidades no cenário do surfe.

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