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O big rider brasileiro Lucas “Chumbo” Chianca levou o troféu de surfista do ano no Big Wave Challenge Awards, em cerimônia realizada em 13 de setembro passado em Newport Beach, Califórnia (EUA). O prêmio coroa a sensacional temporada 2024/25 do surfista brasileiro. Esta é a segunda vez que Lucas Chumbo recebe a honraria, tendo sido eleito o surfista do ano anteriormente em 2018.
A conquista do Oscar do surfe de ondas grandes acontece no mesmo ano em que Chumbo estabeleceu o recorde da maior onda já surfada em território nacional, registrado no dia 30 de julho passado, quando o atleta de Saquarema encarou a Laje da Jaguaruna (SC), e surfou uma morra estimada em 14,82 metros.
Em entrevista exclusiva ao Waves, ele diz que agora seu maior objetivo é trazer de volta para o Brasil o recorde de maior onda já surfada no planeta. Fala também sobre a emoção de ter recebido o prêmio e dá detalhes dos equipamentos que utiliza, como é sua preparação, e finaliza destacando a importância do trabalho em equipe. Confira:
Como é ser reconhecido como o surfista do ano no Big Wave Challenge?
O prêmio de surfista do ano é o que eu mais almejo em termos de performance. É um prêmio que ganhei em 2018; em 2017 fui o segundo. Depois disso, não consegui mais vencer, ficando sempre numa disputa acirrada com o Kai Lenny.
Desta vez, o prêmio voltou para mim. Fiquei muito feliz em disputar contra o Kai e o Jojo Roper também, e por ter ganho do Kai Lenny na final. Fiquei muito feliz e muito orgulhoso.
Mesmo sendo um ano atípico, quando tive uma lesão e não consegui fazer um ano completo, mas consegui fazer bons swells que me trouxeram a esta premiação que eu sempre sonhei e que volta para mim agora.
O que este prêmio representa para a cena do big wave no Brasil e como ele pode inspirar a nova geração?
Com certeza, este prêmio incentiva muito. O Big Wave Challenge está fazendo essa premiação voltar. É a realização de um sonho para a comunidade, a realização de um sonho para a nova geração, inspira muito gente da nova geração.
Estou muito feliz por estar levando esse título de volta para o Brasil. Espero que a nova geração esteja muito ambiciosa com este prêmio agora, pois é mais uma chance de colocar o big surfe na cena mundial do esporte novamente. A modalidade estava um pouco apagada e agora está voltando.
No Brasil, temos uma cena muito forte do big surfe, com vários eventos em diversos lugares, e muitas pessoas querendo movimentar este esporte. Estou muito feliz com tudo que está acontecendo no esporte.
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Como a preparação fora d’água ajuda a enfrentar os desafios das ondas gigantes?
Minha preparação é contínua. A vida de um surfista de ondas gigantes exige que ele esteja preparado 365 dias por ano para aquele dia que nunca se sabe quando será. Pode ser o dia com a maior ondulação do ano, e você tem que estar pronto para a maior onda da sua vida ou até mesmo o pior caldo da sua vida.
Portanto, é uma preparação contínua. É preciso estar sempre em busca de manter o preparo físico em dia, o preparo mental em dia, e estar sempre com seus equipamentos em ordem, além de bem treinado para conseguir entregar não só na performance, mas também no resgate, na pilotagem e na elaboração de um plano sempre seguro.
Você tem pranchas específicas para diferentes condições? Qual é o processo de teste delas, e o que as torna ideais para as ondas que você enfrenta?
Em questão de equipamentos e pranchas, utilizamos pranchas muito específicas para essas ondas. Não trabalhamos com o tamanho delas, mas sim com o peso que possuem. O peso varia entre 3 e 11 quilos, dependendo do volume de vento, da intensidade e do tamanho da onda. É uma variável que exige muitos testes.
Temos que testar sempre nas condições disponíveis, seja em ondas pequenas ou um pouco maiores. No entanto, na hora de testar no swell gigantesco, no maior mar do ano, não há muita margem de erro: temos apenas que acreditar no feeling. Com certeza, hoje em dia os equipamentos melhoraram muito, facilitando o nosso trabalho para que possamos surfar as ondas.
O medo é um fator. Como você lida com ele ao entrar em uma onda gigante? Ele já te paralisou em algum momento ou serve mais como um impulso para a sua performance?
Eu gosto de brincar que, na minha vida, o medo é o meu melhor amigo. Quando ele bate à porta, eu seguro a mão dele e digo: ‘Vamos passar por essa juntos’. Com certeza, tive alguns momentos de bloqueio, momentos em que o medo estava quase me dominando. Mas sempre que pude, eu segurei a mão dele e falei: ‘Vamos nessa junto comigo.’
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Qual a importância da equipe para o seu sucesso? O que o prêmio no Big Wave Challenge representa para todos?
Eu acho que essa vitória não é só minha, essa vitória é de todo o meu time, que está sempre por mim. Começa na minha base, em casa: minha esposa, meus filhos, minha família. Depois, estende-se à parte da carreira, com a Duda (Hildebrandt), que cuida da minha carreira, toma conta da minha vida; o Yunes (Khader), que é o câmera; meus pilotos, o Ian Cosenza, Lucas Fink, Will (Santana), José (Carlos), Alemão (de Maresias) e a Michelle (Des Bouillons).
Toda essa galera faz parte do nosso dia a dia, dessa nossa corrida em busca das maiores ondas do mundo. Este título vai para a equipe toda, juntos.
O surfe de ondas gigantes é de riscos e o resgate é fundamental. O quanto seu treinamento é crucial para o resgate de jet ski, e como essa confiança na equipe impacta a forma como você surfa?
Essa é uma boa pergunta, porque temos que estar sempre preparados. Eu digo que um bom surfista de ondas grandes é também aquele que está apto a pilotar, a resgatar, a colocar na onda e, por fim, a surfar. Com certeza, é crucial treinarmos muito para ficarmos 100% no resgate, na pilotagem e para entregar sempre boas ondas, garantindo a segurança do seu parceiro.
Isso é um dos trunfos da minha equipe. Eu confio plenamente em todos eles e tenho certeza de que eles confiam plenamente em mim. Fico contente que tenhamos tido todo esse destaque no big surfe.
Quais são os seus próximos objetivos no surfe de ondas gigantes? Existe alguma onda em particular que você ainda sonha em surfar?
Ainda há alguns objetivos a serem conquistados. Quero retomar o meu título mundial de tow-in junto com o Scooby. Infelizmente, no ano passado, a lesão acabou me atrapalhando.
Quero surfar a maior onda do mundo, que é o principal objetivo da minha vida. Bater esse recorde e trazê-lo de volta para o Brasil. Com certeza, trazer esse recorde para mim é o sonho da minha vida. E quero continuar sendo esse cara feliz, esse paizão e surfista completo. Vamos que vamos!













