A 23ª edição do Dia do Surfista em São Vicente (SP), realizada no último sábado (18), prestou uma honrosa homenagem ao legend Chico Paioli. A cerimônia, que aconteceu no Memorial do Surf, localizado na sede da Escola de Surf Radical, na Ilha Porchat, celebrou a trajetória e as contribuições de Paioli para o esporte na cidade.
A data, que é comemorada anualmente em 15 de janeiro, foi marcada pela condecoração de Paioli na categoria destinada a surfistas com mais de 70 anos. E em breve papo com o Waves, o legend comentou a homenagem que recebeu e um pouco do que o surfe repesenta em sua vida.
Qual foi a sua reação ao ser homenageado?
Rapaz, é um sentimento de muita gratidão. Puxa vida, foi muito linda (a homenagem). Além dos surfistas contemporâneos, dos surfistas que treinei e dos surfistas profissionais, principalmente os alunos da escola com os professores, já recebi vários prêmios e muitas homenagens, mas acredito que essa foi a maior, justamente em São Vicente, onde iniciamos o surfe, cidade que ocupa o meu coração. Poderia definir melhor: o surfe é um esporte que preserva as raízes. Essa cultura está bem clara no surfe, o que significa história, meu irmão.
O que significa para você inspirar tantas gerações?
O surfe é um esporte singular. Nos primeiros anos, tudo era muito rudimentar. A grande maioria dos surfistas iniciais eram nadadores. Os equipamentos só chegaram alguns anos depois. Eu, vindo de uma família de nadadores, senti uma sensação fantástica ao surfar minha primeira onda. Naquele momento, tive certeza de que o surfe faria parte da minha vida. A paixão pelo esporte é mútua ao ver os jovens surfando, minha motivação se renova. Aliás, a sensação ao surfar a primeira onda é universal, todos os iniciantes experimentam algo similar. A inspiração está em surfar constantemente com a galera.
Qual o papel do surfe em sua vida?
Vou tentar definir: um esporte extremamente saudável e agradável. Muitos afirmam que não há nada melhor do que um bom dia de surfe. Essa afirmação é verdadeira. Na minha vida, o surfe também representa a liberdade. Surfe e onda são sinônimos de praia, amigos e prazer em desfrutar da natureza que Deus criou para todos nós, independentemente de ser preto, branco ou amarelo. Todos fazem parte dessa tribo que chamamos de surfe. Viva a liberdade do surfe.
Quando começou a surfar, imaginava alcançar esse nível de reconhecimento?
Quando começamos a surfar, jamais imaginávamos aonde o surfe chegaria. Nós, pioneiros do surfe nacional, sentimos saudades dos amigos que se foram. Teria uma lista enorme de nomes para citar. Graças a Deus, estou aqui para, em uma ocasião oportuna, contar detalhadamente a história do surfe brasileiro. Quero ressaltar que o Brasil possui diversos campeões mundiais. Estou muito feliz por tudo o que vivi e vi nesses 61 anos de surfe, e ainda mais feliz por estar vivo e ser um privilegiado em receber esse reconhecimento, que sei que muitos outros também merecem.
São Vicente, berço do surfe na Baixada Santista – Desde a década de 1970, São Vicente tem sido o berço do surfe na Baixada Santista, revelando talentos de renome. Entre os destaques estão atletas como Marcos Corrêa, Julia Santos, Kim Matheus, Diego Meinha, Adriano Pigmeu, Julião, Fábio Fonseca, Odin, Fábio Porto, João Neves, Vinicius Bico, Lucinei Malas, Antony Silva, Beto Fernandes e Léo Gimenes. A cidade também é lar de lendas como Chico e Zé Paioli, Zé Paulo, Maurício Kuhne (Orelhinha), Antônio Augusto Sapo, Eduardo Faggiano (Cocó) e Marcelo Peixe.
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