Adriano de Souza concedeu uma entrevista coletiva à imprensa para falar sobre o lançamento do seu novo documentário, além de diversos temas que circundam a sua carreira. Mineiro abordou os seus momentos inesquecíveis no Tour, aposentadoria, projetos para o futuro, dentre outros assuntos.
Em pergunta feita pelo Waves na entrevista (minuto 9:45), Mineiro fez um desabafo sobre as dificuldades que um surfista brasileiro ainda enfrenta no cenário competitivo internacional. Para ele, nossos atletas precisam “trabalhar o dobro para conquistar um lugar ao sol”. Confira na íntegra a resposta do capitão da Brazilian Storm.
Como você enxerga o julgamento da comunidade internacional sobre os surfistas brasileiros? Algo mudou desde que você entrou no Tour até os dias de hoje, após cinco títulos mundiais conquistados pelo Brasil?
Sempre foi difícil para a gente ter o reconhecimento de todos, porque a máquina é dos caras, eles são os donos da festa. Eles sempre foram os donos dos títulos. A gente não tem história no surfe ainda. O surfe no Brasil vem de 50 anos para cá, os americanos praticam há mais de 100 anos, australianos também. Então o esporte foi gerado por eles, a festa foi gerada por eles e brasileiro está fazendo barulho. Então tem alguma coisa estranha né?
Sempre aconteceu esse ruído e vai acontecer para sempre, porque é o sistema. Para a gente ser dono dessa festa, vamos ter que surfar dobrado, fazer tudo em dobro para não dar uma margem de chance, de erro, porque eles querem ser donos da festa novamente e a gente não está deixando.
Não é somente os surfistas brasileiros que sofrem com isso. O Ayrton Senna sofreu muito. Todo mundo sabe como ele batia na organização (Fórmula 1), brigava. Porque a festa sempre foi dos caras. Brasileiros têm que trabalhar dobrado para conquistar o seu lugar ao sol. É essa a mensagem que eu deixo para todos. Não brigue com o sistema, dobre-o ao seu dispor.