Alemão de Maresias já quase pode mudar seu nome para Alemão de Nazaré. O paulista é considerado hoje um dos mais experientes pilotos de tow-in nas ondas gigantes do canhão português.
Conhecedor do oceano em condições extremas, ele já puxou vários surfistas em ondas importantes de suas carreiras, como Sebastian Steudtner, que concorre ao prêmio Big Wave Awards 2021. Também resgatou e tirou da água com vida Alex Botelho, depois de um grave acidente durante a disputa do Nazaré Tow Challenge, em fevereiro de 2020.
Com tantas experiências em Nazaré, hoje Alemão é requisitado entre os maiores surfistas de ondas gigantes do mundo a cada temporada. Neste ano, fechou uma parceria com o lendário big rider Garrett McNamara. Irá pilotar exclusivamente para ele nos dias de ondas gigantes em Nazaré. As imagens destas sessões farão parte da segunda temporada do programa de Garrett, 100 Foot Wave (Onda de 100 pés), da HBO Max.
A temporada já começou e Alemão está na ativa em Portugal. O Waves trocou uma ideia exclusiva com ele para saber mais detalhes sobre a temporada e sobre o futuro do surfe de ondas grandes.
Como se sente ao fechar essa parceria com Garrett McNamara, o cara que mostrou Nazaré para o mundo?
Essa parceria é muito legal, a gente já tem uma amizade de muitos anos. Nos conhecemos no Brasil, antes de ele conhecer Nazaré. Nunca tínhamos feito tow-in juntos, é a primeira vez. É muito gratificante estar ao lado desse cara que é um dos maiores ‘watermen’ do mundo, um recordista mundial, o cara que apresentou Nazaré ao mundo. Muito aprendizado e conexão. Estamos focados numa temporada de muito surfe.
Qual sua expectativa para esta temporada, acha que veremos muitas grandes ondulações?
A minha expectativa é sempre bem grande. Sempre esperamos ondas grandes. Mas independente do tamanho, a gente espera fazer uma temporada com segurança, pegando as maiores possíveis. A gente sabe que cada temporada é de um jeito, as ondas vêm de uma forma diferente, então tem que ter muita paciência. Torcer para que venham, não só grandes, mas com qualidade. Ano passado não foi tão bom, mas essa temporada já começou um pouco melhor, já deu umas ondas e agora é torcer para que venham mais e maiores.
Acha que o surfe em Nazaré está próximo ao limite em termos de tamanho?
Acho que não. Tem muito para ser batido aqui em Nazaré. Eu mesmo já vi uns mares bem gigantes, com poucos surfistas na água. Os caras nem conseguiam surfar. Então, acho que há grandes desafios a serem vencidos aqui. Ainda vai demorar muito para vermos os surfistas chegarem no limite das ondas de Nazaré.
Pra quais caminhos você imagina que o esporte pode evoluir?
Acho que o surfe de ondas grandes vem evoluindo ano a ano em vários aspectos. Nos equipamentos, no preparo físico, nas estruturas de equipe… Os caras estão se preparando cada vez mais para puxar os limites. O limite não é só a questão de tomar o caldo, e sim de suportar a força onda. E também melhorar a performance nelas. Haja visto o que o Lucas (Chumbo) tem feito, dando aéreos, manobras extraordinárias em ondas de 30, 40, 50 pés. Coisas que só víamos na pranchinha, em ondas menores antigamente.
Por que Nazaré pode ser um dos lugares mais perigosos do mundo para o surfe de ondas grandes?
Porque é um beach break de múltiplos picos. As ondas são gigantescas e a força da água é muito grande. Exige muito do surfista para suportar um caldo desses e muito da equipe de segurança para tirá-lo da situação de risco o quanto antes. Os perigos são eminentes, mas as equipes hoje estão mais preparadas. Apesar de todos os perigos e riscos, está todo mundo mais preparado. Mas os desafios de Nazaré serão eternos.