King e Medina

União que deu certo

Técnico Andy King fala sobre relação com Gabriel Medina, após grande sucesso da parceria na Austrália.

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Com suporte de King, Medina venceu duas etapas na perna australiana.

A parceria de Gabriel Medina com o seu novo técnico, Andy King, teve grande sucesso na perna australiana do Circuito Mundial da WSL. Pela primeira vez competindo no Tour sem a tutela de Charles Saldanha, o bicampeão mundial fez três finais e venceu duas das quatro etapas. Para muitos, vive a melhor fase de sua carreira.

Com um estilo bem diferente de Charles na forma de trabalhar, King parece dar mais liberdade e autonomia para Medina tomar as suas próprias decisões nas baterias. Em entrevista à WSL, o técnico australiano contou um pouco sobre como vem sendo a dinâmica de sua parceria com o brasileiro.

“Não posso mentir e não tenho filtros. Isso vem muito por ter estado em meu próprio leito de morte há 15 anos”, diz Andy King, em referência à sua trajetória de superação na vida, em que quase morreu e teve a sua carreira de surfista profissional encerrada após uma briga de rua.

Conheça a história de superação do técnico

“Isso diz muito sobre a forma como eu treino, seja com Gabriel Medina ou qualquer outra pessoa. Não quero perder tempo com besteiras, ou com pessoas interferindo no que deveria ser um processo simples”, define King.

Gabriel e King (ao fundo) em momento de concentração antes de entrar na água.

Créditos ao atleta

Líder do ranking do Circuito Mundial, Gabriel já abriu uma vantagem de mais de 8 mil pontos para o segundo colocado. Apesar do grande sucesso, King atribui um mérito muito maior ao atleta.

“Até o termo ‘coach’ de surfe é ridículo. Os treinadores da NFL ou de futebol usam seus jogadores como peças de xadrez em uma estratégia bem pensada”, compara King. “No surfe, uma vez que o atleta sai da praia, ele fica por conta própria, e se ele não se adapta está acabado. O surfista dá todas as ordens. Se alguém disser que você pode treinar ou ensinar um surfista como o Gabriel a realmente surfar, você tem que correr para as colinas”.

O australiano se descreve mais como um “defensor” para dar retaguarda a alguém que tem muito talento. Seu trabalho é remover obstáculos para que o atleta tenha liberdade para fazer o que quiser. “Com a independência vem o poder. Uma vez que os surfistas percebem que são capazes de fazer isso sozinhos, eles dominam mais as suas performances”, indica King.

Gabriel parece surfar cada vez mais à vontade.

Leal, divertido e focado

Andy King já tem longa trajetória no cenário competitivo. Ele fez a transição para o cargo de técnico, inicialmente na Red Bull, antes de se tornar o treinador principal do time da Austrália.

Depois de deixar o cargo, ele treinou Mick Fanning e Julian Wilson, muitas vezes encarando Gabriel como adversário. Recentemente, foi convidado para treinar Medina, através de uma indicação de peso.

“Mick Fanning me disse que Gabe estava procurando um treinador, mas estávamos em campos opostos por uma década, então pensei que a chance era uma em um milhão”, confessa King. “No entanto, Mick fez o meio de campo e criou a confiança entre nós dois. E ele estava certo. Gabriel é leal e divertido. Nos entendemos e nos demos bem muito rápido”.

Gabriel Medina, Andy King e Seth Moniz na Newcastle Cup, Austrália.

Além de terem uma boa relação nos bastidores, a dupla também se identifica na forma enérgica de lidar com as competições e a capacidade de superação.

“Medina é incomum, porque aprende muito rápido com seus erros e está crescendo e se aprimorando constantemente”, analisa King. “Isso vem com a experiência, mas nunca tinha visto um surfista em uma trajetória ascendente tão constante. É um privilégio assistir de perto”.