Logan Dulien, surfista e produtor de filmes, foi vítima de um assalto que o levou a iniciar uma verdadeira caça ao ladrão. Segundo uma entrevista da CNN Internacional, assim como do jornal LA Times, Logan Dulien foi vítima de um assalto altamente sofisticado e acabou por ser peça-chave na investigação que levou à detenção de três suspeitos.
Criador da famosa série Snapt, Logan Dulien foi protagonista involuntário de uma história real digna de um thriller policial. No dia 12 de agosto de 2023, em Newport Beach,Califórnia, ele foi assaltado enquanto fazia uma breve sessão, no mesmo dia em que se preparava para tratar da cremação da mãe.
Dulien deixou as chaves do carro escondidas junto à sua casa de praia, como fazem muitos surfistas, e entrou na água. Um ladrão que o observava à distância aproveitou o momento para roubar as chaves, entrar no veículo e entregar o celular e a carteira de Dulien a um cúmplice hacker.
Pouco tempo depois, os criminosos estavam gastando milhares de dólares em artigos de luxo, incluindo mais de US$ 20 mil em malas Chanel. Utilizando o celular da vítima, respondiam aos alertas de fraude com “sim”, permitindo que os pagamentos passassem sem suspeitas. O prejuízo total de Dulien ultrapassou o US$ 150 mil.
“Tinha acabado de perder a minha mãe, e, de repente, vejo a minha conta bancária ser esvaziada por completo. Foi devastador”, contou à CNN.
De vítima a investigador – O que os ladrões não sabiam é que Dulien tinha câmaras de vigilância instaladas na sua propriedade. As imagens captaram um dos suspeitos — Daniel Castillo — enquanto roubava as chaves. Dulien compartilhou as imagens nas redes sociais, onde tem mais de 120 mil seguidores, e rapidamente começou a receber mensagens de outros surfistas com relatos semelhantes.
Entre as novas vítimas, o surfista profissional Tyler Gunter revelou ter perdido mais de US$ 50 mil depois de um ataque praticamente idêntico. Os relatos acumulavam-se e Dulien assumiu o papel de investigador, cruzando imagens, localizações e dados que enviou a um amigo de infância, hoje polícial em Newport Beach.
A investigação revelou um esquema altamente organizado: os ladrões atacavam surfistas que deixavam os carros estacionados nas zonas costeiras mais frequentadas, enquanto surfavam. Os objetos roubados eram imediatamente entregues a um hacker que conseguia ultrapassar sistemas de segurança, como o FaceID, e acessar às contas bancárias das vítimas.
Detenções só aconteceram meses depois – Apesar de Dulien ter identificado o padrão e vários suspeitos ainda em 2023, os criminosos só foram detidos em início de 2024, após uma câmara de vigilância instalada por um vizinho captar imagens claras dos assaltantes, incluindo a matrícula de um dos veículos usados. Esse foi o momento de reviravolta na investigação.
Os detidos foram Daniel Castillo, suspeito de executar os assaltos físicos; Moundir Kamil, hacker marroquino em situação ilegal nos EUA, com antecedentes por assalto a banco, acusado de contornar os sistemas de segurança de celulares; Jennifer Pruneda, acusada de utilizar cartões roubados para fazer compras.
Os três aguardam julgamento num tribunal federal, e são suspeitos de crimes que teriam lesado mais de 100 surfistas num valor superior a US$ 900 mil.
“É muito fácil assaltar os surfistas. Sabem que estamos na água, sem chaves, sem celular, durante uma hora ou mais”, comentou Dulien. Para ele, o caso tornou-se uma missão pessoal. “Na comunidade do surfe, nem todos se dão bem, mas se alguém estiver se afogando, todo mundo ajuda. Esta foi a minha forma de ajudar outros surfistas a não passarem pela mesma situação que eu.”
O caso só se tornou público em detalhe a 28 de março de 2025, através de uma extensa reportagem da CNN. Durante mais de um ano, muitos dos detalhes estiveram sob investigação e sigilo judicial.
Fonte CNN