Rafael e Adam

No limite de Jaws

"Senti a pressão nos ouvidos, então sabia que estava fundo. Ainda tomei mais seis ondas na cabeça." – big rider brasileiro Rafael Kroeff e windsurfista Adam Warchol detalham o caldo mais insano dos últimos tempos em Jaws, Havaí.

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Adam Warchol ficou cinco minutos no outside de Pe’ahi e pegou a onda da vida antes de ser engolido.

No último dia 16 de janeiro, uma cena chamou a atenção em meio à sessão nervosa de tow-in em Jaws, Havaí. Em um dos momentos mais tensos do dia, o windsurfista polonês Adam Warchol e o big rider brasileiro Rafael Kroeff compartilharam uma vaca inesquecível nas bombas do pico da ilha de Maui.

Enquanto Warchol, de 19 anos, dropou uma onda gigante e acabou engolido pela craca com seu windsurf, Rafael Kroeff, que é especialista em técnicas de respiração e coach de alguns dos principais big riders do mundo, cometeu um erro ao ajustar o strap e despencou do último andar. Ambos detalharam o caldo em depoimento ao site Swell.net:

“Eu estava lá fora havia cinco minutos quando peguei esta onda. Era para ser apenas uma onda de aquecimento, mas acabou sendo a onda mais incrível da minha vida”, relata Warchol, que aos 7 anos de idade mudou-se para o sul da Espanha, onde começou a praticar o windsurf. “Eu vi todos os jet-skis caçando aquela onda, eles levavam os melhores surfistas do mundo na garupa e miraram aquela bomba, mas eu estava na posição perfeita, então tinha que pegá-la”, comenta.

“Sabia que poderia ser a onda da minha vida. Ela ficou ainda maior à medida que bateu no recife, mas não fiquei surpreso, pois mesmo antes disso já parecia gigantesca. Também sabia que estava muito deep, mas uma vez que os surfistas cederam e me deixarem dropar a onda… bom, eu tinha que ir! Foi o momento mais incrível, maravilhoso e mágico que já experimentei”, completa o windsurfista.

Rafael Kroeff despenca do último andar e quase vai de encontro a Adam Warchol.

Na mesma onda, o big rider gaúcho Rafael Kroeff, fundador do método RK Training Hawaii e com anos de experiência no arquipélago, acabou sugado pelo lip e tomou um caldo ainda mais pesado. Ele também deu seu depoimento e agradeceu por não sofrer nenhuma consequência grave.

“Passei a manhã toda surfando. Naquela altura estava sendo rebocado, mas infelizmente cometi um pequeno erro ao ajustar o meu strap e perdi a corda do jet. Percebi o que estava prestes a acontecer, mas não conseguia mergulhar. Segurei a minha prancha, porque estava preocupado que ela pudesse atingir Adam se caísse lá de cima. Mas acontece que ambos despencamos”, conta Kroeff, que também é professor de yoga e foi elogiado pelo big rider Yuri Soledade em entrevista recente ao Waves.

“Foi o maior Pe’ahi que eu já vi… mas confio a minha vida no meu programa de treinamento para qualquer tipo de condição. Soube imediatamente que a situação estava muito ruim. Senti a pressão nos ouvidos, então sabia que estava bem fundo. Ainda tomei mais seis ondas na cabeça. O resgate foi realmente difícil, quase no penhasco. Nada que eu já experimentei possa se comparar a essa situação. Estou feliz por ainda estar aqui”, completa Kroeff.

“Falei com Adam e ele ficou grato por eu ter decidido segurar minha prancha, embora nós dois tenhamos sido destruídos”, completa o big rider brasileiro.