PsicoPássaro

Da marola às morras

Surfista de Rio das Ostras que era tachado de maroleiro, André “PsicoPássaro” fala da experiência na terceira temporada havaiana.

0
André “PsicoPássaro” numa craca em Pipe no swell bomba que fechou o ano no Havaí.

André Guimarães ganhou o apelido de “PsicoPássaro” ainda em Rio das Ostras, no Rio de Janeiro. Mesmo surfando as ondas pequenas da cidade, e conhecido, incialmente, como merrequeiro, ele foi ganhando notoriedade nas bombas e em 2018 partiu para sua primeira temporada havaiana. Foi lá, na Meca do Surfe Mundial, que ele jogou fora a faixa de surfista de ondas pequenas, pra pegar o cinturão do big surf.

“Por eu não ter condições de surfar em outro lugar quando era moleque, quase todo mundo me chamava de merrequeiro. Falavam eu não gostava de ondas maiores, e olha como o mundo dá voltas! (risos)”, diz o surfista, que concedeu uma entrevista ao Waves.

Como foi a sua temporada havaiana?

Minha temporada foi alucinante, fiquei dois meses, como de costume. Acho que os momentos mais marcantes foram quando eu, Gordo (Felipe Cesarano), Guigui (Wiggolly Dantas) e alguns locais pegamos aquele Pipeline nervoso (swell dos últimos dias do ano). Eu nunca tinha visto Pipeline quebrar daquele tamanho, e, sinceramente, quando as ondas quebravam no quinto reef era bizarro! Fiquei muito feliz por ter feito meu papel e ter dropado as bombas.

André “PsicoPássaro” sozinho esperando a série bomba em Pipeline.

Qual a diferença dessa para a sua primeira temporada?

Na minha primeira temporada eu não conhecia quase ninguém, só o Gordo, agora já me sinto um pouco mais à vontade, pois conheço uma galera. Estou começando a me virar melhor, e tem a questão de patrocínio também, pois sempre foi muito difícil pra mim. Mas nessa temporada eu fui com um suporte maneiro e consegui ficar mais focado! Isso me ajudou bastante.

Você é de um lugar que tem ondas pequenas e se especializou em ondas grandes. Como foi isso?

É, realmente todo mundo fala isso pra mim em relação ao lugar onde eu moro. Em Rio das Ostras (RJ) realmente é muito difícil pra dar onda. Temos que ficar indo para outras cidades para surfar. Quando eu era moleque, não tinha carro e nem condições pra ir nessas trips, depois que fui ficando com mais uma idade e indo para outras praias eu percebi que realmente gostava de ondas com tamanho, mas nunca imaginei que fosse surfar essas ondas que surfo atualmente. Lembro, que quando eu era moleque me chamavam de merrequeiro (risos). Acho que isso me deu um gás a mais também. Foi um combustível, sabe (risos), provar pra mim mesmo que eu era capaz de surfar ondas grandes.

André “PsicoPássaro” em Pipeline.

E ao longo dessa caminhada conseguiu fazer boas parcerias e fechou patrocínios?

No começo de 2019 eu fechei um patrocínio com a Red Nose. Foi essa marca que sempre admirei quando eu era moleque. Lembro o Rodrigo “Monster” Resende representando a marca e também o havaiano Garrett McNamara. Nunca imaginei que hoje estaria vestindo a camisa dessa marca, então daqui pra frente é focar no meu trabalho e evoluir ainda mais, como surfista e ser humano. E, claro, dar um bom retorno para os meus patrocinadores.

Sobre parceria, não poderia deixar de falar do meu shaper Marcos Noboru. Ele que faz as minhas naves desde a primeira temporada, e que me faz sentir à vontade com meus equipamentos. Acho que esse diálogo entre surfista e shaper é fundamental, e nós temos isso. Ele é um cara que se garante em qualquer tamanho de prancha, então sei que posso confiar nele. Não é qualquer shaper que se garante em fazer pranchas para ondas grandes, então ele tem um dedo nisso também.

André “PsicoPássaro” no Havaí.

As coisas nunca foram fáceis para mim, quem me conhece desde moleque sabe as dificuldades que passei na infância e na adolescência, mas surfar foi algo que sempre fiz, mesmo não tendo condições para ir para outros picos. Então ficava aqui em Rio das Ostras mesmo, cidade que o mar está sempre pequeno. Mas aprendi a surfar aqui e me orgulho disso!