Brasileiro de Parasurf

Campeões consagrados em Ipojuca

Campeonato Brasileiro de Parasurf em Ipojuca (PE) coroa 22 campeões nacionais na Praia do Borete. Evento também classificou atletas para Mundial da categoria.

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O Campeonato Brasileiro de Parasurf realizado em Ipojuca (PE) consagrou 22 campeões e campeãs nacionais de 2025. No último sábado (4) foram definidos 12 títulos e os outros 10 decididos na manhã do domingo (5), na Praia do Borete, em Porto de Galinhas. O carioca Davi Teixeira se destacou, fazendo os recordes do campeonato.

Os títulos brasileiros em 9 das 13 categorias promovidas pela CBSurf garantiram a classificação para o Mundial de Parasurf da ISA (International of Surfing Association). O evento será disputado entre os dias 2 e 7 de novembro em Oceanside, Califórnia (EUA).

Davizinho Radical, como é conhecido, garantiu o tetracampeonato brasileiro na categoria PS Prone 2 com a única nota 10 do evento e uma vitória por 18 pontos de 20 possíveis.

“A bateria foi sensacional, gostei muito, fiquei muito feliz com minha pontuação e por ganhar mais um título brasileiro. Agora é o Mundial na Califórnia. O evento foi irado e estou feliz demais. Eu disse no primeiro dia que só ia ficar feliz se saísse daqui com um 10 e consegui fazer, então estou indo pra casa bem satisfeito com minha performance. Isso só me dá mais gás pra treinar mais forte ainda, para representar o Brasil lá nos Estados Unidos”, fala Davi.

Com a vitória, Davizinho Radical se classificou para o mundial e vai em busca também do tetracampeonato do mundo, assim como Figue Diel na categoria dos atletas com deficiência visual total. Os quatro títulos dos deficientes visuais foram conquistados por surfistas de Santa Catarina. Figue Diel e Ingrid Medina ganharam na PS-VI 1, e na PS-VI 2, com deficiência visual parcial, os campeões foram Rafael Giguer e Mariana Busnello.

Nas outras categorias de quem surfa em pé, o potiguar Davi Lima ganhou seu primeiro título na PS S 1, para quem tem deficiência em membro superior. E mais três catarinenses venceram na dos atletas com comprometimento em membro inferior: Rafael Lueders e Maryele Cardoso na PS S 2 (deficiência abaixo do joelho) e Luciano Nem Silveira na PS S 3 (deficiência acima do joelho).

Outros campeões do Brasileiro de Parasurf classificados para o Mundial da ISA foram o baiano Dijackson Santos e a catarinense Vera Quaresma na PS Kneel/Upright (surf de joelhos); o gaúcho Paulo Souza (waveski com remo); o paraibano Cleuson Soares no PS Prone 1 (surfa deitado sem auxílio); e os cariocas Davi Teixeira e Monique Oliveira na PS Prone 2 (surfam de bruços com assistência).

Nas categorias inclusivas da Confederação Brasileira de Surf que não fazem parte do programa da ISA no Mundial de Parasurf, o destaque foi o pernambucano Roberto Pino, que conquistou o tetracampeonato, e sua filha, Lara Pino, bicampeã na categoria Baixa Estatura. Na Autismo, os títulos ficaram com o baiano João Lessa e a cearense Ana Cordeiro. Na categoria Down, os campeões foram os paulistas Noah dos Anjos e Jade Lie. E na categoria Surdo, os dois troféus das vitórias foram para o Rio de Janeiro, com André Menezes e Aline Lopes.

Maiores pontuadores do evento

Outros campeões brasileiros definidos no domingo, que chegaram mais perto dos recordes do Davizinho, foram o potiguar Davi Lima na categoria PS S 1, o catarinense Luciano Nem na PS S 3 e o baiano Dijackson Santos na Kneel. Os três festejaram seus primeiros títulos. Davi Lima e Dijackson venceram suas baterias por iguais 15.75 pontos, com o baiano somando uma nota 8.75 e o potiguar um 8.00 na sua melhor onda, como o catarinense Luciano Nem, que já tem título mundial na PS S 3 conquistado no ano passado.

“Eu estava muito conectado, querendo esse título, graças a Deus consegui me consagrar campeão brasileiro e agora vamos rumo ao bi mundial na Califórnia esse ano. A gente treina muito e quero mandar um abraço pro meu treinador, Ronaldinho Silveira, que mudou meu surfe. As pranchas Sato estão voando e agradeço meus patrocinadores pelo apoio. É muita emoção, não vou conseguir lembrar de todo mundo e a gratidão é imensa por vocês. Esse título é de vocês também, da comunidade do Farol de Santa Marta e da galera da Joaca”, afirma Luciano Nem.

Primeiro título brasileiro de jovem potiguar

O jovem potiguar Davi Lima também era só emoção pelo seu primeiro título brasileiro. Ele é um dos atletas criados no Instituto Calunga, projeto do ex-surfista profissional e de ondas grandes, Aldemir Calunga. Davi compete na PS-S1, antes dominada pelo pernambucano Roberto Pino, que foi reclassificado para uma nova categoria da CBSurf, Baixa Estatura. Com notas 8.00 e 7.75 em duas ondas muito bem surfadas na Praia do Borete, Davi fez o segundo maior placar do Campeonato Brasileiro de Parasurf esse ano em Ipojuca, 15.75 pontos.

“A bateria foi muito tensa no começo, eu estava muito aperriado querendo achar onda e não vinha. Aí vim mais para a vala da direita e peguei umas boas. Eu botei uma rasgada e uma batida, aí fiz minha maior nota e tá sendo muito legal esse campeonato. É um campeonato muito insano e parabéns CBSurf. Estou muito feliz de ter vencido e, se Deus quiser, vamos estar presente lá no Mundial. O dia inteiro hoje foi só show de surfe, muito irado, muito top e parabéns toda a galera”, fala Davi.

Campeão mundial vence com segunda maior nota

O baiano Dijackson Santos igualou os 15.75 pontos do potiguar Davi Lima na decisão do título da categoria PS-Kneel, dos atletas com deficiência em membro inferior que surfam de joelhos precisando de assistência para remar ou subir na prancha.

Dijackson tem um título mundial em 2023 na PS S 3, dos atletas com comprometimento no membro inferior acima do joelho que surfam em pé. Mas, mudou de categoria e confirmou seu primeiro título brasileiro somando notas 8.75 e 7.00 no segundo maior somatório do campeonato.

“O mar tava muito difícil, mas desci uma onda que tirei nota 7, depois não consegui varar a arrebentação. Aí sentei na prancha, mantive a calma e consegui pegar outra onda que fiz o 8,75. Eu desci a onda, aí acelerei, acelerei e vi que ela formou a junção. Aí dei uma cacetada chutando a rabeta, segurei e deu tudo certo. Estou muito feliz pela vitória e vamos com tudo pro Mundial. Foi muito emocionante e muito obrigado a todos, minha família, a Federação Baiana de Surf, todo mundo que tá na torcida e toda a galera da CBSurf”, conta Dijackson Santos.

Primeito título na última onda da final

Quem também festejou bastante seu primeiro título brasileiro, foi a catarinense Maryele Cardoso na categoria PS S 2, das atletas com deficiência em membro inferior abaixo do joelho que surfam em pé.

Ela enfrentou a defensora do título e campeã mundial, Malu Mendes, que chegou a vencer a segunda bateria no domingo. Mas, a nota 4.50 da última onda que Maryele Cardoso surfou, garantiu o título mais disputado do Campeonato Brasileiro de Parasurf esse ano, por 16,67 a 15,34 pontos na soma das duas baterias.

“Ser surfista, pra mim, já era um sonho de infância e eu soube da competição 15 dias atrás, aí vim sem prancha, sem treinar, sem nada, então é muito gratificante conseguir o título. Competi com a Malu, que é uma baita atleta e tenho que agradecer as pessoas que me ajudaram a estar aqui. Eu tenho que agradecer a minha mãe, porque eu já nasci com deficiência e, desde criança, ela me educou pra encarar o mundo e que podia fazer o que quisesse fazer. Eu aprendi que é a gente que faz nosso limite. Se você acredita no seu potencial e tem um sonho, corre atrás dele, monta uma estratégia e faça acontecer”, conta Maryele.

Recorde de participantes

A CBSurf começou a fazer etapas do Parasurf em 2022. Neste ano, foi registrado um número recorde de 52 atletas com deficiências diversas de 10 estados do Brasil, 37 competindo nas categorias masculinas e 15 nas femininas.

“Não é fácil, tem todo um esforço, principalmente pra gente que é cadeirante. É uma luta, mas estou muito feliz em ser bicampeão brasileiro. No ano passado, eu consegui o bronze no Mundial e esse ano vou em busca do ouro. Só basta a gente querer. Eu sou cadeirante e aqui tem gente amputada, deficiente visual, surdo, autista, com Down, a gente aqui dá aula pra sociedade, de esforço, dedicação. Vocês que estão em casa, venham conhecer o surfe, que é muito bom”, diz o paraibano Cleuson Soares, da categoria PS-Prone 1, que surfa deitado de bruços sem precisar de assistência.

Campeões brasileiros 

PS S 1 (atletas com deficiência na parte superior do corpo ou baixa estatura que surfam em pé): Davi Lima (RN)

PS S 2 (atletas com comprometimento da parte inferior abaixo do joelho que surfam em pé): Rafael Lueders (SC) e Maryele Cardoso (SC)

PS S 3 (atletas com comprometimento da parte inferior acima do joelho que surfam em pé): Luciano Nem Silveira (SC)

PS Kneel / Upright (surfam de joelhos ou sentados): Dijackson Santos (BA) e Vera Quaresma (SC)

PS Sit (surfam sentados sem precisar de assistência remando e voltando para a prancha): Paulo Souza (RS)

PS Prone 1 (surfam de bruços na prancha): Cleuson Soares (PB)

PS Prone 2 (surfam de bruços precisando de ajuda para remar): Davizinho Teixeira (RJ) e Monique Oliveira (RJ)

PS VI 1 (surfistas com deficiência visual com cegueira total): Figue Diel (SC) e Ingrid Medina (SC)

PS VI 2 (surfistas com deficiência visual com cegueira parcial): Rafael Giguer (SC) e Mariana Busnello (SC)

Baixa Estatura: Roberto Pino (PE) e Lara Pino (PE)

Autismo: João Lessa (BA) e Ana Cordeiro (CE)

Down: Noah dos Anjos (SP) e Jade Lie (SP)

Surdo: André Menezes (RJ) e Aline Lopes (RJ)

Classificados para o Mundial da ISA

PS S 1: Davi Lima (RN)

PS S 2: Rafael Lueders (SC) e Maryele Cardoso (SC)

PS S 3: Luciano Nem Silveira (SC)

PS Kneel / Upright: Dijackson Santos (BA) e Vera Quaresma (SC)

PS Sit: Paulo Souza (RS)

PS Prone 1: Cleuson Soares (PB)

PS Prone 2: Davizinho Teixeira (RJ) e Monique Oliveira (RJ)

PS VI 1: Figue Diel (SC) e Ingrid Medina (SC)

PS VI 2: Rafael Giguer (SC) e Mariana Busnello (SC)