“Esse foi seu primeiro campeonato, não ganhou a ponto de receber um troféu, mas ganhou coragem, recebeu carinho e aplausos de muitas pessoas que nem conhecia, se sentiu incluída naquele círculo de surfistas. Mostrou que nem sempre é o troféu, mas também a alegria de viver, superação, e de como fazer sua mãe transbordar de felicidade nessa jornada”, destaca Joca, seu padrasto e coach.
Jade nasceu na Ilha da Magia, em Florianópolis (SC) e com 4 anos de idade, se mudou com os pais para o litoral paulista.
Aprendeu a surfar com seu irmão mais velho, Pedro Tanaka, que a ensinou mergulhar desde pequena e depois começou a levá-la para surfar. Pedro corria campeonatos de surfe e ela sempre o acompanhava.
A surfista tinha uma forte ligação com seu irmão e ele também sempre cuidava dela enquanto os pais estavam trabalhando. Porém, no auge da Pandemia do Covid-19, Pedro sofreu um acidente de mergulho e não resistiu. “Jade sofreu muito, porque era muito ligada ao irmão mais velho, nele ele existia amor e segurança”, conta Ana Tanaka, mãe de Jade.
Durante esses dois anos de luto, o que proporcionava conforto para a família, era o surfe. Que até hoje faz parte do dia a dia e da diversão de Jade e seu padrasto Joca, que tem uma escola de surfe chamada Experiência Litoral, onde oferece aulas de surf, yoga e passeios de barco, em São Sebastião (SP).
Recentemente, a família ficou sabendo que a CBSurf incluiu as categorias síndrome de down, autista e surdo mudo. “Vimos a oportunidade de mostrar que é possível meninas com síndrome de down surfar. Fiquei tão emocionada que comprei as passagens para Recife e juntei minhas economias para ir na primeira etapa. Significava muito para mim, era algo que ia além do ‘surf performance’, era a inclusão da nossa menina”, destaca Ana.
Quando já haviam comprado passagem para Recife (PE), recebem a notícia de que a etapa do Para Surfing foi cancelada e ocorrerá somente no mês que vem em João Pessoa (PB). Mesmo assim, a família decide aproveitar e conhecer a cidade.
Chegando a Recife (PE), ficaram sabendo que estava rolando o Para Surfing local da Cyclone, na praia do Borete (PE), mas sem categoria. Jade participou acompanhada do seu padrasto Joca, surfou três ondas e recebeu um prêmio de destaque.
“Ela se sentiu muito feliz em estar vivendo tudo aquilo, se sentiu satisfeita consigo mesma. Vimos no olhar”, conta a mãe.
Ana também comenta sobre a importância do padrasto nessa nova fase de Jade: “Sem o Joca, o surfe da Jade não seria possível, pois foi com ele que ela ficou de pé pela primeira vez, com a prancha correta e os estímulos corretos para que fosse possível”.
Complementa: “E o olhar que ele tem de fazer com que a Jade não sinta aquela pressão do campeonato faz toda a diferença. E é assim que o brilho dela aumenta, com toda essa técnica misturada com carinho e amor, fez a coragem da Jade aflorar nos campeonatos”.
Ana Tanaka deixa uma mensagem final sobre a história da filha no surfe: “Existem muitas barreiras a serem quebradas para ser atleta de surfe, exposição, medos, falta de patrocínio. Mas o fato de ela ser menina e com síndrome de down, nos mostrou algo muito mais do que pontes a serem atravessadas”.