É claro que sempre desejamos ondas boas, céu limpo e água clara. Mas nem sempre é assim, ou melhor, na verdade quase nunca é assim.
Se muitas vezes apenas um desses fatores já é o bastante para nos empolgar, há momentos em que nada parece bom e mesmo assim precisamos fotografar, seja para registrar um evento ou alguém/algo em especial. Nestas situações a única saída é saber lidar com a situação.
Vou citar aqui alguns casos desse tipo, com as piores condições para fotografar na praia e algumas formas de contorná-las.
Dias nublados:
Um dia nublado talvez seja o cenário mais básico para aprender a lidar quando se fotografa na praia. Acontece com frequência, e como normalmente esses são dias com pouco vento, o mar tende a ficar bom. Às vezes o mar está clássico, sem vento, mas o sol não quer aparecer.
Dias nublados são relativamente fáceis de contornar, pois a perda de luz e contraste é controlável. A maior perda, com certeza, é a da cor, por isso esses dias são bons para pensar em fotos em preto e branco.
É legal, principalmente se a sua intenção for fazer um preto e branco na pós-edição, cuidar dos pontos de contraste da foto, quanto mais bem distribuídos, melhor tende a ficar a foto em preto e branco. Por exemplo, contra-luz em dias nublados costumam não ter o mesmo efeito pela perda de contraste.
Em compensação, dias nublados tem muito menos sombras, e luzes em diferentes planos melhor equalizadas. Isso permite também o uso dos diferentes planos e garantia de uma luz menos destoante neles.
Névoa:
Acho que muito pior do que dias nublados são as situações de sol, mas com névoa ou maresia. A névoa tende a refletir luz, criando uma camada que costuma estragar a foto. A forma básica de contornar isso é se aproximar o máximo possível do assunto principal para tentar minimizar o efeito da névoa. Mas existem situações interessantes em que a névoa pode compor uma boa foto.
Basicamente abrindo o quadro você pode colocar a névoa como parte da foto. Normalmente ela fica no nível do mar, então qualquer lugar mais alto para fotografar pode ajudar também.
É uma situação complicada, mas que pode render belas fotos. Vale se movimentar até encontrar um quadro e se movimentar mais se necessário, pois esse tipo de nuvem costuma mudar rápido de posição.
Chuva:
Talvez seja a condição mais desfavorável para se fotografar. Câmeras fotográficas e chuva não combinam, ao menos que você tenha uma caixa-estanque, e mesmo assim a luz é sempre difícil.
O primeiro a se saber é que não se transforma um dia chuvoso em uma dia de sol, nem em algo sequer parecido. O jeito é assumir as condições adversas e tentar fazer com isso algo bonito.
Tendo um bom motivo para fotografar mesmo em um dia chuvoso é importante sempre priorizar a proteção do equipamento.
O desafio é encontrar um lugar protegido é com um bom quadro ou que te permita alguma movimentação com um mínimo de visão. Até mesmo de dentro de um carro é possível fotografar.
Vento maral:
O vento não necessariamente precisa ser maral, mas o mar mexido, com qualquer vento que venha do próprio mar, ou de lado, costuma ser esteticamente estranho para fotos de surfe. Mas mais uma vez, é possível fazer do limão, uma limonada.
Dependendo da luz, o reflexo das marolas na superfície da água podem dar um efeito bem interessante, que é legal de ser utilizado. É bom trabalhar diferentes aberturas do quadro para entender o quanto de mar fica interessante na foto, sempre pensando que o surfista ou a onda não podem ficar pequenos demais no quadro.
Praia cheia:
Teoricamente isso não precisa ser um problema para fotografar, mas na prática quase sempre é. Muitos acham – e eu me incluo na lista – difícil trabalhar no meio de uma multidão. Seja em um campeonato, ou um domingo de praia lotada de gente com diferentes interesses, é desagradável.
Pelo manual, a atitude mais correta seria se aproximar o máximo possível da água evitando que pessoas passem na frente da foto ou te atrapalhem. Mas acho bastante válido fazer exatamente o oposto, se afastar da multidão da praia e procurar até usar ela no enquadramento da foto. Assim, além de mais mobilidade para fazer a foto, também terá um quadro completo daquele cenário.
Casamento de viúva, sol e chuva (variação constante de luz):
Esse é um clima muito comum em ilhas. Quem já foi para o Havaí, por exemplo, sabe como a variação rápida do tempo é comum. No Taiti também vi isso e acredito que em muitas ilhas pequenas esse fenômeno aconteça.
Qualquer conjunto de nuvens que passa, pode virar uma chuva carregada, procedida por um sol e céu limpo. Às vezes isso acontece diversas vezes durante o dia, por dias seguidos…e é bom saber lidar com a situação.
Usar a câmera em algum modo automático (recomendaria velocidade com algo em torno de 1/500, 1/640 de segundo) é a solução mais óbvia.
Mas pode, no caso, levar a algumas confusões da própria máquina. A foto-metragem automática pode não ser tão precisa por simplesmente não estar fotometrando o que você realmente quer.
Costumo nesses casos ficar bem atento às diferentes configurações exigidas em cada tempo, e pensar em variações possíveis e simples de fazer. Variar o ISO (de 100 para 200 ou 400, por exemplo) pode ser uma solução bem simples que vai necessitar apenas alguns cliques.
Variar apenas o diafragma também funciona, mas vai pedir mais atenção, pois normalmente você vai ter que subir menos que um ponto inteiro, uma fração de ponto. Tento não mexer na velocidade sem antes olhar com calma, pois caso você a baixe demais, pode comprometer a foto. Portanto nessas situações é sempre a minha última opção.
Line-up distante:
Essa é uma situação bem chata também. Principalmente porque normalmente em um line-up distante várias ondas e espumas vão estar quebrando na frente da que você quer fotografar.
Uma forma de contornar isso é preencher o primeiro plano, com a areia por exemplo, e tentar cortar a parte do mar menos fotogênica. Assim, além de “limpar” o quadro, você ganha também uma proximidade ótica com o tema principal utilizando o efeito de contra-planos da lente.
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