Chegamos em Las Flores, sul de El Salvador, a tempo de encontrar um lugar, pois lá ficaríamos mais quatro dias. Eu (Cissa) e a Gabriela estávamos ansiosas para encontrar com Rubens, pai da Gabriela, que iria passar esses tempo com a trupe depois de 20 dias longe.
Ali encontramos Las Flores, uma direita consistente com fundo de areia quebrando ao lado das pedras. Infelizmente o swell não entrou, já que pegamos ele na Nicarágua. O mar estava pequeno, porém divertido. Por ali percebemos as Mangueiras carregadas de mangas, a melhor do mundo, como dizem, muito saborosa e suculentas.
No outro dia saímos para desbravar esse lindo lugar. A natureza exuberante permanece seca nesta época, para nossa sorte ainda não havia começado as chuvas por lá, e pudemos ir até Punta Mango de kombi, e assim conhecemos a filha de um local o Valentim, que possui um rancho bem na encosta onde quebra direitas incríveis.
Vimos pelas fotos e pelas histórias que último swell havia quebrado de 8 a 10 pés de ondas longas para surfistas de alto nível. Enfim, ela nos conectou com ele, que sempre reúne crianças para aula de surfe. Lá fomos nós conhecer o seu Valentim, e foi assim que combinamos a nossa oficina de El Salvador. No domingo, levamos uma prancha soft que o Hotel Papaya nos emprestou, nosso longboard, compramos frutas, sucos e fomos encontrar as crianças, haviam mais de 20 e alguns jovens que também entraram na dança.
Apresentamos o projeto, aquecemos e fomos para água dar aulas de surfe. Acho que ficamos umas duas horas nos divertindo. Saímos e sorteamos camisetas e bonés do projeto. À noite fizemos um peixe ali pelo rancho e o curioso foi que estavam hospedados uma família que havia viajado quatro horas até ali, para passar o final de semana juntos em um caminhão e todos na caçamba.
Tinha tios, tias, primos, avós, pais e netos todos juntos celebrando a Páscoa que estava por vir. Nos convidaram para se juntar a eles comer pupusas (tortilhas populares com queijo e frango) e cantar cantigas populares em uma roda cheia de amor e magia naquela noite estrelada. Nos sentimos parte da família, foi lindo.
Duas horas de estrada na kombica e chegamos na badalada La Libertad. Muito mais povoada que o sul. Nos hospedamos em um local diferente dos lugares mais turísticos e fomos abraçados pela família do local, além do mais fomos agraciados com uma esquerda sem crowd.
Como poucos locais surfam por lá nos pediram para não divulgar a onda. Acreditamos que ela não deva quebrar sempre, mas para época tivemos sorte. E foi aqui que chegou o João Wallig (pai da Antônia), nosso grande incentivador e inspiração para esta longa viagem. Ele e mais três amigos realizaram esta viagem em 1976, naquela época o João teve um problema pessoal e teve que voltar para o Brasil, finalizando a sua viagem pela América ali de El Salvador.
E agora com o Rekombinando ele conseguirá finalmente finalizar a sua viagem. Muitas emoções. Com o João veio um amigo, o Zé, que na época era engenheiro da Eletrosul e não pôde acompanhar os amigos, nossa família estava crescendo.
Nestes dias surfamos em Km 59, uma direita linda com fundo de pedras, passamos o aniversário da Cissa por aqui e no dia entrou um swell que nos deixou muito felizes. Surfamos em El Zonte, também direita longa com fundo de pedras, pegamos ondas de 4 a 5 pés muito divertidas.
Neste dia conhecemos outra família que tem um hostel bem na frente do “pico” e a Lela ficou muito amiga da filha Aurea. A mãe surfa muito e nos apaixonamos pela história de vida dela. Noemi Centeno é uma das primeiras mulheres surfistas de El Salvador, junto com sua irmã começou a correr campeonatos latino-americanos e se destacou. Nascida em um país de muita onda boa e de pouco recurso para o esporte, ela inspira novas gerações de meninas e tem esperança que este cenário mude nos próximos anos.
Outro lugar que surfamos foi em Punta Roca um local especial onde João e amigos surfavam direto em 1976, em frente a um cemitério. Antônia ficou emocionada em estar lá e surfar com seu pai ali onde havia ouvido tantas histórias desde a infância. Além do surfe, conhecemos uma cachoeira linda que fica pelas redondezas, caminhada forte mas recompensadora. Desta vez a Gabriela não foi.
Esses dias foram muito especiais, pois nos sentimos muito felizes, seguros e abraçados pelas famílias e amigos que conhecemos neste país fragilizado com seus problemas sociais. Chegou o dia de partir e concentrar atenção para mais uma longa viagem, um pouco cansados de tanto surfar resolvemos conhecer a parte cultural e a magia dos povos Maias da Guatemala.
Assim, fomos guiados pelo Google Maps para a próxima parada, Antigua. Mais um país que fizemos com o apoio da Liquid Trips, SAL Garopaba e materiais TRIS.
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