Rio 1978

Gringos caem no samba

Bobby Owens, Peter Townend, Buzzy Kerbox, Alan Sarlo, Lynn Boyer e Peter Drouyn visitam Rio de Janeiro em 1978 para participar do Waimea 5000 em meio da ebulição do surfe carioca em plena ditadura militar.

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Não dá pra dizer que eram bons tempos. Afinal, o Brasil vivia uma ditadura que só encerraria em 1985, com a eleição de Tancredo Neves, o presidente que era sem nunca ter sido, pois morreu antes de assumir.

Mas, em 1978, era um tempo em que não havia arrastão, briga de gangues, nóias do crak, assaltos em todas as esquinas, praia suja, mar podre e outras roubadas. Era um Rio de Janeiro do samba, do futebol, do biquíni cavado e, claro, também do surfe em trips por estradas de terra!

A etapa do mundial de 1978, realizada no Arpoador, o Waimea 5000, foi dominada pelos australianos Cheyne Horan, campeão, e Peter Townend, vice, com presença de grandes nomes do surfe internacional daquela época, evento promovido pela IPS (International Professional Surfers), entidade que antecedeu a ASP (Association of Surfing Professionals) e a atual WSL (World Surf League).

Décadas antes do fenômeno Brazilian Storm, as monoquilhas predominavam, um ou outro já usava cordinha e mina surfando era ainda mais raro.

O vídeo acima apresenta o Brasil exótico para o olhar dos gringos, uma viagem e tanto, certamente em todos os sentidos, com participação de Bobby Owens, Peter Townend, Buzzy Kerbox, Alan Sarlo, Lynn Boyer e até mesmo Peter Drouyn, surfista que mudou de sexo anos mais tarde, e que depois voltou a ser homem.

Lançado pelo canal Real Surf Stories, o clipe é uma verdadeira viagem no tempo. De quebra, também vemos o jovem Pepê Lopes e toda a cena do Arpex anos 70, quando as Dunas do Barato, em Ipanema, exalavam os ares de uma cena contracultural, tropicalista e, porque não dizer, revolucionária em termos de comportamento, quando as cocotas não eram bombadas na academia e chamavam atenção com os corpos perfeitos sem nenhum efeito especial.

Enfim, falamos de um vídeo absolutamente fundamental para as novas gerações compreenderem um pouco como foi a era de ouro do surfe nacional, quando o Brasil era um país governado por militares, mas havia um clima de esperança por dias melhores na política, no surfe e no cotidiano da cidade maravilhosa e suas atrações naturais fantásticas, um país amigável e cordial com visitantes.

Foto de capa: arquivo pessoal de Cheyne Horan.

Assista mais vídeos no canal Real Surf Stories.