O fenômeno da Pororoca tem seu auge no inverno amazônico. No período de chuvas, o volume de água nos rios é amplificado e somado com a grande variação das marés de lua cheia e nova. Isso faz com que essa onda de maré venha transbordando alguns rios específicos do Maranhão, Pará e Amapá com força total.
Depois de 22 anos de surfe na selva, as expectativas e adrenalina continuam altas, pois uma pororoca nunca é igual a outra! As bancadas se movimentam, as marés mudam e as ondas se transformam rapidamente.
Uma verdadeira caça, que precisa ser muito bem planejada para que acidentes não ocorram, e isso é fácil de acontecer. Ficar a deriva por muito tempo no rio não é legal, estar perdido menos ainda, embarcação naufragada ou despreparada podem mudar o estado de espírito em segundos, do sonho ao pesadelo.
Anulamos os riscos e pegamos todas as oportunidades de onda. E assim começamos com as pernas queimando no Rio Mearim, cidade de Arari no Maranhão. Na lua cheia de fevereiro observamos o potencial, na lua nova de março veio o registro perfeito.
Aliás, registrar ou pegar o momento perfeito na pororoca é tarefa muito difícil, mas nada impossível. Melhor pra quem vai pela segunda ou terceira vez e já entende como é o mecanismo de uma onda de maré.
No caso de agora, Leandro De Bone, executivo paranaense, encarou sua segunda temporada no Rio Mearim e através de uma leitura perfeita que tive, pegou uma esquerda tubular e perfeita. Um momento sincronizado em que alertei toda a equipe do momento que previa. No outro jet-ski estava pilotando o Ruan com o fotógrafo Julio Bazanella, que fez esse registro histórico.
Além dessa bancada, muitas outras foram surfadas; direitas e esquerdas desfrutadas pelos amigos Leandro, Fabrício e Humberto que levaram uma canseira da onda mais longa do mundo. E pra completar, compartilharam com os locais a alegria de navegar no “tsunami amazônico”.
Enfim, muitas luas estão por vir e estaremos a postos para registrar e surfar mais essa força da mãe Natureza. Uma interação forte, uma experiência de vida.
Longas ondas e até a próxima.