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O surfista de ondas grandes Lapo Coutinho levantou um questionamento em seu Instagram na última terça-feira (30): a onda de 14,82 metros surfada por Lucas Chumbo na Laje da Jagua (SC) em julho é, de fato, a maior já registrada no Brasil? A medição, feita pelo oceanógrafo Douglas Nemes, está no centro do debate.
No post (veja o vídeo acima), Lapinho afirma que a onda de Chumbo é, sem dúvidas, uma das maiores já vistas, mas questiona se houve comparação com outras ondas históricas. Na publicação, ele dá exemplos de outras bombas surfadas.
“Não fiz esse vídeo para desmerecer ninguém e realmente acho que essa onda pode ser sim a maior já surfada no BR. Mas não dá para ter certeza assim e apagar toda uma história riquíssima de um país nas ondas grandes, porque existe um projeto para fazer um recorde! Tivemos 15 anos de prêmio Greenish, depois mais alguns anos de prêmios nacionais e nada disso foi levado em consideração? Cadê a comparação? Foi medida as maiores ondas dos últimos 20 anos no Brasil? E para vocês, é mesmo a maior? Lembrando que falo isso com todo respeito possível e com objetivo de sempre elevar nosso esporte com justiça e profissionalismo para frente”, escreve Lapinho.
O vídeo gerou uma enxurrada de comentários, incluindo os do oceanógrafo Douglas Nemes, que foi mencionado e respondeu a um perfil que perguntou sobre o método usado e se houve comparação das ondas.
“Respeito a opinião de todos. Eu apenas faço ciência há 25 anos em mecânica das ondas e apresento um pouco disso no Surfing and Studying (perfil no Instagram que apresenta conhecimento científico)”, respondeu Nemes.
Logo em seguida, Lapinho pergunta ao Nemes se ele mediu outras ondas para comparar os recordes e quais foram essas ondas.
Douglas respondeu que concorda com Lapinho. “Podemos discutir sobre as dúvidas que apontou e de todos. Acho bem válido falarmos dos valores que representam as alturas de ondas mais próximos do real possível, tudo há incertezas que devem e estão apresentadas. Sobre as ondas que mencionaste, e outras 1.200 fazem parte de uma base de dados que eu tenho já medido, as quais são comparadas a cada medição. Além delas, tenho outras mais 700 em Nazaré, as quais também são comparadas no looping de cálculos. Então, o tal recorde é baseado na minha base de dados (+ 1.200 ondas medidas no Brasil)”, explica.
Lapinho então questionou o porquê de o recorde aparecer só agora, depois da sessão de Chumbo. “Se você já tem todas as outras medidas, de quem era o recorde antes? Quem é o segundo lugar? Só existe confirmação se isso for divulgado. Senão é sua palavra contra qualquer outra”, pergunta o surfista.
Douglas respondeu que concorda com a necessidade de transparência. “Exatamente, concordo e você tem toda razão. Como eu venho desenvolvendo estes estudos científicos desde 2002, oficialmente pela Associação Brasileira de Oceanografia, construí uma base de dados de 1.200 ondas medidas. Então, devido ao método científico desenvolvido, a mídia, surfistas, entidades, marcas e outros interessados do surfe sempre me enviam imagens me perguntando qual é o tamanho da onda de interesse e qual é a maior onda já surfada no Brasil. Que fique bem claro que não é meu objetivo controlar quem é o primeiro, segundo ou quem tem o recorde. Sinceramente eu não ganho com isso, apenas aplico os meus estudos para ajudar meu esporte”, finaliza.
Outros nomes do big surf brasileiros comentaram no post, como Thiago Jacaé, Marcos Monteiro e Vini dos Santos. E o que fica claro é que, enquanto os critérios de medição são aperfeiçoados, a busca por determinar a maior de todas continua sendo um debate fervoroso e, de certa forma, interminável.
Relembre a onda surfada por Lucas Chumbo na Laje da Jagua
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