Gabriel Sampaio

De Itacoatiara a Nazaré

Gabriel Sampaio revela a adrenalina e o medo de surfar Nazaré pela primeira vez.

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Imagine que você, aos 20 anos, tenha descoberto e sentido a paixão da sua vida sob a pressão de um teste. Sim, como um vestibular, só que em vez de espaços fechados, lotados de pessoas nervosas e indecisas, você estaria em Nazaré, Portugal, com uma prancha 10 pés, um colete emprestado, colocando em prática toda sua experiência ao lado de ídolos que não são nada mais que pessoas determinadas a viver e realizar seus sonhos.

Quando o piloto Serginho Cosme veio me buscar na areia, eu só pensava em desistir. Claro que naquele momento eu estava morrendo de medo, mas meu corpo não me obedecia.Tudo isso até que pensei na frase: “Se você quer algo que nunca teve, faça algo que nunca fez”. Sabia que algo fantástico estava por vir.

O resumo daquele dia foi que, após a primeira série gigante, o medo se transformou em felicidade. Estava vivendo um momento com o qual sonhava, desde muito novo. Quase tomei uma bomba na cabeça, mas peguei a melhor onda da minha vida. Pena não ter registrado.

Após minha primeira temporada lusitana, voltei para casa, determinado a iniciar o meu projeto de surfar as maiores ondas do mundo, na remada. Apostei tudo em mais uma temporada em Nazaré. Um ano inteiro de treinos físicos, na academia Aqua Fish, desenvolvendo meus equipamentos com o shaper Murilo Meira e a equipe da Mix Fins.

Em relação ao surfe, investi em todos os tipos de mar no meu home break, Itacoatiara, que, como consequência, ganhei um prêmio de maior onda surfada em 2017, no local.
Nazaré é muito especial para mim, não só pelas ondas, mas também pelos amigos que se tornaram família. Voltei em novembro de 2017, mais preparado que nunca, mental e fisicamente, com um bom quiver e muita vontade de surfar ondas grandes.

Portugal enfrentava a pior seca dos últimos 87 anos, consequência de uma atípica pressão atmosférica, fazendo com que poucas ondulações atingissem a costa e diminuindo a temperatura local, ou seja, houve dias realmente frios e de mar flat.

Muita gente não sabe, mas a Praia do Norte pode proporcionar dias clássicos de 2 a 100 pés. Mesmo sendo uma temporada atípica, peguei altas ondas, de todos os tamanhos. No que dependeu de mim, tenho plena consciência de que dei o máximo para atingir meus objetivos. Os dias sem resgate, nos quais tinha de entrar remando pela praia ao lado, trazem-me à certeza disso (risos).

Sinto-me abençoado por ter essa vontade. Seguirei trabalhando mais um ano em projetos para atingir meus objetivos no surfe em ondas grandes.

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