@alohapabloNa última terça-feira (24) foi anunciado o novo recorde mundial da maior onda já surfada. Sebastian Steudtner é o novo recordista, com uma onda estimada oficialmente em 26,21 metros, surfada em Nazaré, Portugal, que desbancou o brasileiro Rodrigo Koxa. Esta foi a grande manchete do dia, mas o que pouca gente falou é que o tow-in é um esporte em dupla e Sebastian não chegou lá sozinho.
Por trás dele, ou melhor, na frente, pilotando uma moto aquática a aproximadamente 60 quilômetros por hora estava o brasileiro Alemão de Maresias. Foi o experiente piloto quem avistou a onda no line up de Nazaré e acreditou que poderia ser uma onda de recorde.
“Eu vi a vaga dessa onda e sabia que quando ela batesse na bancada ela ficaria muito grande. Mas eu não tinha nem velocidade, nem espaço pra alcançar ela. Então acelerei o máximo que deu e muito antes de chegar no pico da onda, dei uma estilingada e lancei o Sebastian com toda velocidade”, conta Alemão. “Me lembro de ver, por trás, a onda levantando e quebrando. Só rezei pra que ele concluísse com perfeição. E assim foi. Um momento muito marcante pra mim”, conta Alemão de Maresias.
Mas por que o brasileiro não estava na cerimônia que coroou Sebastian como recordista? Isso ainda é uma pergunta sem respostas. A comunidade mundial do surfe de ondas grandes ainda não se organizou para reconhecer o trabalho de pilotos. Mas na verdade, ninguém faz nada sozinho quanto trata-se de surfar ondas de mais de 20 metros. “Em Nazaré é um trabalho em equipe. Precisa do comprometimento de cada um. Desde o cara que pilota, o second rescue (segundo resgate), o spoter. É realmente muito importante que tudo esteja alinhado para que se surfe as maiores ondas do mundo”, diz Alemão.
Se cada um tem seu papel em uma equipe que surfa as ondas gigantes de Nazaré, o papel de Alemão é muito claro. “Pela minha experiência como surfista, caras como o Sebastian, a Maya (Gabeira), o Lucas (Chumbo) ou o Garrett (McNamara) querem que eu pilote para eles pois sabem da minha precisão para encontrar ondas. Quando piloto, meu foco é sempre colocá-los na melhor onda, e no resgate o foco é total na segurança. Quero sempre resgatar o cara antes dele tomar outra onda e tirá-lo logo da zona de risco”, explica Alemão.
Para realizar seu trabalho, Alemão se desenvolveu ao longo de muitos anos de experiência em Nazaré. E hoje é reconhecido como um dos melhores pilotos no Canhão. “O risco e a habilidade que o piloto deve ter para lidar com situações extremas como as de Nazaré é muito grande. O trabalho do piloto precisa ser muito preciso para que tudo ocorra bem”, fala Alemão. “Então, acho que valeria um esforço a mais das entidades, dos eventos e da própria comunidade para que esses pilotos sejam realmente reconhecidos. Não falo só por mim, falo em nome de grandes pilotos que merecem reconhecimento nesta profissão”, desabafa.
Apesar da falta de reconhecimento oficial, Alemão de Maresias estava lá e participou ativamente para que este recorde fosse conquistado. “Este dia o mar estava muito grande. Com várias ondas com mais de 80 pés. Mas ali na hora, eu não necessariamente imaginava que essa onda poderia bater o recorde. Mas está ai, tá feito. Fico muito feliz e orgulhoso de poder ter feito parte dessa conquista”, conclui o brasileiro.
