A categoria Master é uma categoria que vem crescendo em todos os esportes. Vários programas na TV resgatam essa essência e seus ídolos, seja no surfe, skate ou voo livre. No bodyboard não é diferente, apesar de sermos um dos “caçulas” dos esportes radicais.
Sempre fui um apaixonado por esporte e quando iniciei no bodyboard, no inicio de 1986, na febre do “Morey Boogie”, foi exatamente quando o Brasil enviava sua primeira delegação para competir no Mundial de Pipeline, composta por Marcus Cal Kung, Claudio Marques, Guto de Oliveira, Marco Salgado, Xandinho e Andréa Ferreira, atleta de Niterói, que estava representando a França naquele evento.
Esses foram meus primeiros ídolos e referências no esporte. Naquele ano de 1986, Claudio Marques conquistou a décima colocação, sendo o melhor estrangeiro classificado entre os “não havaianos”.
Nos anos 1980, o Rio de Janeiro dominava o esporte totalmente, tanto na qualidade dos atletas, juízes, quanto em organização de eventos. A Abberj (Associação de Bodyboarding do Estado do Rio de Janeiro) era referência para todos os outros estados e inclusive, internacionalmente.
A lista de tops e ídolos dessa época, além dos citados acima, tinham nomes como Kiko Ebert, Kiko Pacheco, Ugo Corti, Paulo Esteves, Guilherme Tâmega, Marcelo Siqueira, Carlos Sequeira, Marcelo Paiva. Sem contar com as musas Mariana e Isabela Nogueira, Glenda Kozlowski, Stephanie Pettersen, Daniela Freitas. Essa era nossa tropa de elite carioca e nacional dos anos 1980!
Nosso esporte passou por várias fases, desde o glamour dos anos 80 até o enfraquecimento devido a crises econômicas nos anos 90, inclusive com a extinção da Abberj e Abrasb (Associação Brasileira de Bodyboard), dando lugar a FEBBERJ (Federação de Bodyboarding do Estado do Rio de Janeiro) e a Cbrasb (Confederação Brasileira de Bodyboarding), respectivamente.
Neste período, vários ídolos se aposentaram, mesmo tão jovens, partiram para outras jornadas pessoais e profissionais, pois com a crise que assolava o esporte, não viam perspectivas futuras de se manter vivendo apenas do bodyboard.
Em 1999, a revista Style, principal publicação impressa da modalidade da época, através do seu editor chefe, Alexandre Iglesias, também atleta dos anos 80, promoveu o primeiro evento Master para atletas acima de 25/26 anos (isso na época, era idade de atleta aposentado), na praia de São Conrado, sendo a final composta por Fernando Telles, Julio Cavaleiro, Claudio Marques e Ley Silva.
Eu sempre fui saudosista, sempre quis que a nova geração conhecesse a história e reverenciasse os ídolos de outrora. Em 2002, quando era Presidente da AMB (Associação Macaense de Bodyboarding), conversando com o Edmar Rezende, na época presidente da FEBBERJ e da Cbrasb, sobre a intenção de fazer uma categoria Master na tentativa de resgatar e trazer novamente os ídolos pra dentro d’água, ele autorizou que na primeira etapa do Estadual Amador da FEBBERJ em 2003, que seria aberta em Macaé, que eu realizasse a categoria Master como experimental, para atletas acima de 28 anos.
Infelizmente, foram poucos inscritos, mas a semente foi lançada e nesse mesmo ano, Julio Cavaleiro solicitou minha ajuda para fazermos um Master em São Conrado, que teve a participação de 40 atletas, com vitória de Fabio Aquino, que na final contou ainda com Rodolfo Fiuza, Billy Barros e Stephan Stamm, e essa etapa foi o pontapé inicial para criação do movimento “Bodyboarding Master Series”.
De 2003 a 2005, foram realizadas várias etapas, avulsas, organizadas algumas por mim (etapas fora do Rio), outras por Julio Cavaleiro (Etapas no Rio) e outras por Gabriel Fonseca (etapas na Região dos Lagos). Com um formato diferenciado, de rounds, onde os melhores pontuadores eram divididos em duas semifinais e a grande final. Neste período vimos um forte resgate de vários atletas e a semente sendo germinada em outras associações.
Em 2005, com a paralisação do “Bodyboarding Master Series”, alguns organizadores fazem etapas inserindo a categoria Master. Exemplo do extinto circuito OVNI, organizado por Walter Andrade e Leonardo Teixeira. Outro exemplo foi Arthur Steele, na onda do saudosismo, reuniu vários Master de Niterói, para o primeiro “G80 de Bodyboarding” em 2005, onde na final reuniu ícones do esporte em Niterói, com Gugu Barcellos (1º), Rodrigo Correa (2º), Paulo Esteves (3º) e Marcelo Madeira (4º). Após este evento, Arthur resolveu ressuscitar a ABBN, trabalhando as categorias de base e sempre que pode, fortalecendo a categoria Master. Isso foi até 2010.
Rio Master Series 2018 – Primeira etapa:
Em 2012, com o circuito Mundial sendo sediado pela primeira vez em Itacoatiara, tivemos a ideia de fazer um evento Master na semana anterior a etapa do mundial, e sugeri a Arthur Steele que organizasse o evento, que prontamente comprou a ideia.
O evento foi realizado com ondas perfeitas de 1 a 1,5 metro, e mais de 30 atletas acima de 30 anos, sendo muitos deles ex-campeões brasileiros e atletas de ponta da época com vários títulos e bons resultados em eventos nacionais e internacionais.
A ideia era fazermos um evento por equipes, tipo “tag team” e numa conversa com o Arthur, ele sugeriu um formato onde toda equipe entrasse na água juntos e não uma equipe contra a outra. O formato foi bem aceito, pois a ideia era fazer com que os atletas mais enferrujados não se sentissem intimidados em cair no mar com outros atletas mais bem treinados, e ao mesmo tempo, fazer com que atletas masters, que nunca competiram profissionalmente, pudessem estar ali na água lado a lado com seus ídolos dos anos 80.
O formato foi se aperfeiçoando nas etapas subsequentes, onde criamos outras regras que tornaram o formato em equipe mais viável, amigável, acolhedor e ao mesmo tempo, sem perder a competitividade que ainda é latente em vários atletas.
Essa etapa de 2012, em Itacoatiara, foi o pontapé para criação do movimento “Rio Bodyboarding Master Series”, encabeçados por mim e pelo ídolo Fabio Aquino, onde dividíamos as tarefas e trabalhamos de 2012 a 2014, fazendo um circuito estruturado, de âmbito estadual, com calendário definido, com cinco etapas em picos propícios para o esporte (Arraial do Cabo, Leme, São Conrado, Secreto, Joatinga) e nas melhores condições e sempre com bons fotógrafos e videomakers contratados, gerando excelente conteúdo para todos os participantes e apoiadores.
Esse era o foco também dos eventos. Gerar material para todos os atletas participantes e patrocinadores, valorizando a inscrição de cada um. Em 2013 e 2014, ainda demos para os campeões do ranking, passagens para o Chile. Guilherme Correa ganhou em 2013 e 2014 na categoria Master (Acima de 35 anos) e Bruno “Pão” Rodrigues também foi contemplado em 2014, vencendo a categoria Senior (30-34 anos).
Em 2015, resolvi dar um tempo na organização do Circuito, focando apenas em eventos especiais e foi aí, que junto com os irmãos Rodrigo e Guilherme Correa, locais de Itacoatiara e assíduos frequentadores do Shock, resolvemos unir a “fome com a vontade de comer”, pois eles tinham vontade de fazer e com minha experiência na realização de eventos, foi criado o grupo Shock Master, grupo este formado por atletas convidados, todos masters locais de Itacoatiara, e realizamos o primeiro evento na bancada do Shock (I Shock Master Challenge). Neste ano, como nenhuma liderança apareceu para colocar o circuito Rio Master pra frente, pediram que eu voltasse a organizar os eventos e fizemos duas etapas avulsas no final de 2015 (São Conrado e Joatinga).
Em 2016 retomamos o circuito “Rio Bodyboarding Master Series” e neste ano vários atletas de outras partes do Brasil vieram correr os eventos e levando uma boa impressão para seus estados e promovendo eventos também no mesmo formato que o nosso. Exemplo do Espírito Santo, sob a batuta de Marcelo Rocha e Marcelo Miranda, que já organizam um trabalho junto a FEBBEES e realizaram excelentes etapas master, resgatando vários atletas capixabas já aposentados.
Nossa semente também foi parar em Macaé, com a criação do movimento “Macaé Master”, onde no final de 2015, sob o incentivo de Robson Lins e a vontade de realização de Bruno Mussi, Alexandre Marçal e Eric Schuller, fizeram um evento no mesmo formato do Rio Master Series, reunindo apenas atletas Master de Macaé, sendo um grande sucesso. Em 2016 realizaram um excelente circuito aberto, com quatro etapas. Em 2017 e 2018, Sérgio Rangel e Ewerton Miranda assumiram a frente das organizações do Macaé Master, que hoje é um dos melhores circuitos Master do Estado.
Exemplo também em Niterói, onde Robson Costa em 2011 cria a UBBN, para fortalecer o esporte em Niterói, que após a gestão de Arthur Steele, que havia se “aposentado” em 2010, estava abandonada. Em 2017 ele insere a categoria Master nos eventos UBBN, e resgata o G-80 de Bodyboarding, promovendo um excelente circuito Master no mesmo formato do Rio Master em 2017 e 2018.
Em 2018, Hugo Pessanha, atleta Master e organizador de eventos em Campos, também organiza um excelente circuito o “Eco Bodyboarding”, levando a categoria e o formato do Rio Master para seus eventos.
Em 2018, no inicio do ano, havia comunicado a todos atletas que seria meu último ano à frente das organizações do circuito Rio Master Series, pois após quase 30 anos de colaboração e organização de eventos, estava na hora de me “aposentar” e apenas brincar com a turma dentro e fora d’água. Com vários outros circuitos Master sendo realizado em todo o Estado do Rio (Macaé, Niterói e Campos), a categoria se consolida como uma das mais fortes do esporte, inclusive sendo inserida no Circuito Brasileiro de Bodyboarding.
Para fechar o ano de 2018, o ídolo Marcello Pedro, organiza o “Bodyboard Legends” reunindo quase 60 atletas de todo o Brasil, numa etapa comemorativa na Barra da Tijuca.
E 2019 está aí, com excelentes perspectivas para a categoria Master, com várias etapas já confirmadas, inclusive com a realização de um circuito estadual com abertura em Itacoatiara nos dias 20 e 21 de abril, e convidamos, a quem tiver interesse, de arregaçar as mangas, trabalhando e contribuindo para a perpetuidade do nosso esporte.
“Keep Bodyboarding e Aloha”.
Obs: São muito colaboradores e participantes nesta jornada, por isso, caso tenha esquecido alguns nomes, peço mil desculpas.