A magia do bodysurfing é maior que competições, assim como no surfe, há quem pense até que são atividades que não devem ser misturadas.
Considerado a primeira forma de surfar e a mais pura, sua prática não requer suporte material, as nadadeiras ajudam na segurança e na performance, mas o fundamental é apenas um corpo e uma onda. Somente isso já seria suficiente para os praticantes merecerem o máximo respeito no lineup, mas a realidade é outra.
“Como um bodysurfer você é o mais baixo na cadeia alimentar, você está tão no fundo do poço que você não pode nem chegar perto de uma das boas ondas que estão chegando”, diz Keith Malloy, legend da modalidade.
Os campeonatos de bodysurf ajudam a mudar essa perspectiva, promovem o esporte e dão um passo para sua profissionalização. A modalidade é altamente exigente tanto física quanto tecnicamente, é preciso auto-conhecimento e muita confiança para enfrentar o oceano sem uma “boia” de apoio.
Mas, ainda assim, desde os primeiros campeonatos realizados no começo da década de 70 para ter a chance de surfar as melhores ondas de Pipeline sem pranchas de surf ao redor, pouco mudou. Até hoje poucos atletas vivem do bodysurfing, a maioria não é bem remunerada.
Foi com boa energia, brisa off-shore e ondas perfeitas em um dia ensolarado, que aconteceu o primeiro campeonato de bodysurfing, realizado na última semana, na Praia do Norte, Nazaré, Portugal.
O Ahua – Masters of the Temple by DMC Fins é um evento especial com características únicas e com o objetivo de encontrar um dia perfeito para a melhor performance de bodysurfing. A organização optou por um período de janela grande e uma chamada de 72 horas de antecedência.
Os gritos de entusiasmo do público na praia compensaram o longo período de espera. Um dos destaques foi o 10 perfeito por Arthur Picard, em um heat em que ele marcou 18.17, obtendo assim o prêmio de melhor onda e melhor somatória. “Foi tão rápido, tão louco, foi o melhor tubo da minha vida”, relata Picard.
O vencedor do evento foi Jonathan Despergers, seus parceiros na final foram Arthur Picard, António Stott, Miguel Rocha, Tomás Alves e Nathan Lehoux, classificados nesta ordem.
“Já sabíamos que a chamada na Praia do Norte seria um grande desafio e estamos muito felizes com o resultado final, é a celebração do que nos une. Agradecemos a confiança de todos e estamos considerando uma nova edição”, diz o fundador da Ahua e vencedor da Expression Session, Nuno Mesquita.
É ótimo assistir a verdadeira essência do surfe em ação, isso torna possível inverter a atual posição do bodysurf na pirâmide hierárquica do outside, com o bodysurfing migrando de base para o lugar que merece, o topo.