A chuva que caiu em Itajaí na manhã de domingo em nada atrapalhou a alegria e a energia dos participantes do Down Surf Festival, que aconteceu no meio da praia da Atalaia, em alusão ao Dia Mundial da Síndrome de Down, lembrado em 21 de março. Trinta e seis atletas da região e de Curitiba (PR) participaram do evento e transformaram um dia chuvoso em uma chuva de inclusão, coroado com medalhas, sorrisos e muita diversão.
Antes de entrarem na água, os atletas tinham uma aula teórica na areia. Os professores das escolas Surf Escola BC, Surf no Pé e Escola de Surf Amigos da Atalaia ensinavam o básico para os atletas, que rapidamente pegavam as dicas e faziam bonito nas ondas. Em média cada surfista pegava seis ondas. Todas acompanhadas por um ou mais professores. No final da bateria, recebiam notas e medalhas de campeões.
Laura Maria Custódio, 25 anos, teve seu primeiro contato com o surf no domingo e estava muito ansiosa. Ela contou que não conseguiu dormir no sábado só pensando em participar do festival. “Estou achando o máximo.. Estou muito feliz com a experiência e vamos ver como a gente vai se sair”, contou. E não é que Laura se saiu muito bem. Pegou seis ondas e arrancou nota 10 dos juízes.
O pequeno Gabriel Vieira, de apenas três anos, entrou na primeira bateria do dia. Monique Vieira conta que a água acalma o filho. O menino já fez três aulas de surf, mas estava eufórico para entrar o mar.
Monique teve que se desdobrar para segurar o pequeno na areia, até o aval para que todos os colegas da bateria entrassem na água. Após 10 minutos de muita adrenalina e emoção, Gabriel ganhou nota 10 unânime dos juízes e levou para casa uma medalha de campeão.
Tiago Castro, 12 anos, era só alegria depois de surfar e também receber nota máxima. Assim como Tiago, todos os participantes do festival receberam notas 10 e medalhas, além de muito carinho e energia positiva de todos que participaram do evento.
Inclusão para ir além
A psicóloga Simone Gomes Cordeiro veio de Curitiba e faz parte da entidade Reviver Down. Ela acredita que o festival fez todos perceberem que as pessoas com síndrome de down e autistas podem ir muito além do que imaginam. “É uma inclusão tanto para as pessoas que tem deficiência como para as pessoas ditas normais – que não tem deficiência”, disse.
Simone veio especialmente para participar do festival e trouxe com ela a delegação paranaense, que tinha 17 atletas com idades de 4 a 30 anos. “Nós vamos descobrindo com o tempo que eles têm potencial para tudo o que eles quiserem fazer”, finalizou Simone.
Para Tulio Ferri, um dos organizadores do evento, o Down Surf Festival tinha como objetivo mostrar para os pais e para a comunidade que eles podem fazer qualquer coisa. “O campeonato de hoje é igual ao que a Associação de Surf Praias de Itajaí – ASPI sempre realiza. Com juízes, beach marshal, locutor e tudo mais. Isto para que os atletas sintam a mesma emoção de uma competição”, afirmou.
Tulio acredita que esse clima de competição e o reconhecimento com medalhas ajude na evolução tanto dos pais como dos competidores. “Esta emoção da competição é muito saudável para a família”, finalizou Tulio.
Para a ASPI, o festival é importante para mostrar que o surf pode fazer parte da vida de todos. “A associação está sempre de portas abertas para comunidade e para todas as entidades que queiram praticar o surfe como forma de inclusão”, destacou o presidente, Juliano Secco.
O Down Surf Festival teve apoio da Fundação Municipal de Esporte e Lazer de Itajaí – FMEL, ASPI, Amor para Down, Reviver Associação Down, Surf Escola BC, Aces, Surf no Pé, Escola de Surf Amigos da Atalaia, Tac Print, Dekinha Baby, ALS Transportes, Surfers Paradaise, PG Surf Skate, Bar do Kao e Programa Longarina, da rádio Univali FM.