O Talento Feminino encerrou sua temporada de 2024 com a última etapa realizada nos últimos dias 13, 14 e 15 de setembro, em Paracuru (CE). O projeto da CBSurf, com o apoio da área de Desenvolvimento e Mulher no Esporte do Comitê Olímpico do Brasil (COB), alcançou cerca de 130 jovens surfistas de diferentes partes do Brasil somando as quatro edições do projeto, que incluíram as cidades de Torres (RS), Ubatuba (SP), Baía Formosa (RN) e, por fim, Paracuru (CE).
O programa tem o objetivo de mapear e desenvolver o potencial esportivo das novas gerações do surfe feminino, oferecendo treinamentos técnicos e táticos, além de simulações de baterias individuais e no formato tag team.
Brigitte Mayer, vice-presidente da CBSurf e diretora do Núcleo Feminino, destacou a importância de Paracuru como última etapa. “Paracuru, por ser a última cidade visitada por nós, trouxe uma emoção especial. Aquela sensação de trabalho feito com dedicação e profissionalismo, sempre focando e fortalecendo a mensagem de que as oportunidades estão sendo oferecidas para todas as surfistas do litoral brasileiro”.
Levantamento de dados e treinamentos iniciais – No primeiro dia da etapa cearense, foi realizado o levantamento de dados das participantes para entender suas expectativas. A equipe fez o reconhecimento dos equipamentos e verificou a experiência das atletas, analisando se já haviam participado de campeonatos ou vencido etapas anteriores.
“Eu gosto de surfar para lavar as energias negativas. Eu gosto de surfar porque é como se as ondas me levassem pela maré, entende? E eu gosto muito de subir por elas”, diz a participante Talita Rodrigues à Karina Abras, coordenadora do Núcleo Feminino da CBSurf, durante as conversas do Talento Feminino.
Pela manhã, as jovens surfistas participaram de sessões de surfe livre e baterias simuladas, recebendo feedback imediato sobre suas performances. Na parte da tarde, retornaram à água para aplicar os ajustes sugeridos durante as avaliações. As participantes, inicialmente tímidas, foram ganhando confiança, criando uma atmosfera de maior descontração e entusiasmo.
Mais meninas nos treinamentos técnicos e táticos – No segundo dia, o evento contou com a adesão de muito mais meninas, principalmente do projeto social Mar Vida Plena, coordenado por Gilvan Lima, irmão da Silvana Lima, surfista de Paracuru hexacampeã brasileira e 2x vice-campeã mundial.
As surfistas participaram de baterias de avaliação e de uma roda de conversa com a equipe do Talento Feminino da CBSurf: Brigitte Mayer, Andrea Lopes, técnica de surfe do Núcleo Feminino, Karina Abras, e Ana Paula Mello, árbitra principal do Talento Feminino. O debate sobre carreira, patrocínios e os desafios do surfe profissional foi um dos pontos altos do evento.
Karina Abras, durante as explicações sobre os critérios de julgamento, destacou que “os critérios de julgamento têm que estar na mesa de vocês e debaixo do braço. Se for entrar numa bateria, ou se for treinar, tem que surfar dentro do critério de julgamento porque assim será recompensada pelas árbitras”, e completou fazendo referência à grande ídolo de Paracuru e do Brasil, Silvana Lima. “E o último critério? Velocidade, força e fluidez. Falei de velocidade para vocês logo no primeiro dia, que esse era o grande diferencial da Silvana Lima. Ela imprime muita velocidade. A velocidade já gera uma fluidez e, com a velocidade, a manobra vai sair com força.”
Segurança no mar e espírito de equipe – No último dia, Andrea Lopes conduziu um treinamento de mobilidade e mentalização, além de um workshop sobre segurança no mar. “A surfista, além de surfar bem, precisa conhecer a dinâmica do mar e saber agir em situações de risco. Compartilhar mais conhecimentos sobre o mar com essa garotada é multiplicar segurança e evolução. A partir dos ensinamentos do Surf Salva / Sobrasa, compartilhei pontos muito importantes para elas”, fala Andrea.
Também houve uma competição no formato tag team, que ajudou a fortalecer o espírito de equipe entre as participantes. O dia terminou com muita animação e amizade, culminando com o tradicional grito cearense, chamado por elas de vaia cearense.
Arbitragem feminina em destaque – Além dos treinos na água, um destaque especial foi a participação da árbitra local Joana Meireles e da ex-competidora profissional Renata Bittencourt, árbitra trainee. Essa abertura para mulheres atuarem no staff técnico do Talento Feminino esteve presente em todas as edições do programa. Ana Paula Mello, árbitra principal do Talento Feminino, ressaltou a importância da vivência prática para as árbitras.
“A gente faz rodas de conversa sobre julgamento e baterias. Para as árbitras que estão estagiando, é importante vivenciar as baterias na praia. Espero que no próximo ano a gente consiga fortalecer ainda mais a integração entre as atletas, as árbitras e as técnicas, porque isso só fortalece o surfe”, diz Ana.
Joana Meireles também compartilhou seu entusiasmo. “Estou tentando trazer mais mulheres para a arbitragem aqui no Ceará. Participei do primeiro evento do Talento Feminino e é incrível ver a evolução desse projeto e o empoderamento feminino no surfe”.
Renata Bittencourt completou. “Está sendo uma experiência maravilhosa. É muito importante que novas portas se abram para as mulheres fazerem parte da arbitragem do surfe feminino.”
Ceará agradece – Brigitte Mayer destacou o apoio enorme da Federação de Surfe do Estado do Ceará e seu presidente Amélio Júnior, que fez questão de agradecer à CBSurf e às meninas por fortalecerem o surfe feminino no estado. “Vocês fazem o surfe cearense e brasileiro crescer, e é graças a esse tipo de evento que formaremos novas campeãs mundiais”.
As participantes, emocionadas, também deixaram seus depoimentos. Anaelya Nalu, campeã da categoria Sub-14 do Talento Feminino em Paracuru, disse: “Sei que muitas de nós não éramos conhecidas, mas agora sairão sabendo nossos nomes e como é o nosso surfe. Foi muito aprendizado nesses três dias, e espero ver todas no próximo ano”.
Objetivo e importância – O Talento Feminino faz parte de um programa da CBSurf, com o apoio da área de Desenvolvimento e Mulher no Esporte do Comitê Olímpico do Brasil (COB), focado em identificar e incentivar o potencial esportivo de surfistas em categorias de base e no nível profissional.
Brigitte Mayer, diretora do núcleo feminino e vice-presidente da confederação, destacou a relevância do projeto: “Ao oferecer oportunidades e um ambiente saudável, estamos fortalecendo a autoestima e alimentando os sonhos dessas meninas, mostrando que há espaço para elas no cenário competitivo”.
O projeto encerra a temporada de 2024 com a expectativa de continuar crescendo e desenvolvendo o surfe feminino no Brasil, trazendo mais oportunidades para jovens atletas e profissionais do surfe brasileiro.
Sobre a CBSurf – Reconhecida pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e também pela ISA (International Surf Association), a Confederação Brasileira de Surf (CBSurf) é a entidade nacional de administração do surfe e de todas as atividades relacionadas aos esportes com pranchas, como definido no Estatuto da CBSurf.
A entidade foi originalmente fundada em 17 de outubro de 1998 e conta com 15 federações estaduais filiadas. A sede atual está situada na cidade de Florianópolis, em Santa Catarina, tendo como presidente Flavio Padaratz e como vice-presidentes Paulo Moura e Brigitte Mayer, eleitos em fevereiro de 2022.
A CBSurf tem como missão desenvolver, produzir, chancelar e organizar o Dream Tour e a Taça Brasil, que compõem o Campeonato Brasileiro de Surf, o Circuito Brasileiro do Surf de Base, o Circuito Brasileiro de Ondas Grandes, o Circuito Brasileiro de Longboard, o Circuito Brasileiro Master, o Circuito Brasileiro de Stand Up Paddle (Race, Wave, Sprint e Paddleboard) e o Campeonato Brasileiro de Parasurf. Todos, nas categorias masculino e feminino.
Acompanhando o enorme sucesso do surfe brasileiro, tanto no Circuito Mundial, com seis títulos mundiais nos últimos nove anos, quanto nas Olimpíadas do Japão e Paris, com a conquista de medalhas nas duas edições, uma nova gestão feita por ex-competidores da elite mundial e pelos melhores profissionais do surfe brasileiro, a CBSurf tem, como valor principal, promover e desenvolver a criação de ídolos nacionais, e consolidar as carreiras dos atletas de todas as categorias, inclusive das profissões que gravitam em torno das competições, trazendo dignidade pra toda a comunidade do surf brasileiro.
Em 2023, o Dream Tour estabeleceu um padrão inédito e histórico no mundo do surfe brasileiro.