Uma sequência de falhas pode ter resultado na eliminação do bicampeão mundial de longboard Phil Rajzman na última sexta-feira (7), no PASA Games 2018, os Jogos Pan-Americanos de Surf realizados em Punta Rocas, Peru.
O brasileiro chegou à semifinal contra Lucas Garrido, Robert Ferrer e Surfiel Gil e teria seguido rumo à disputa do terceiro título do evento se não fosse protagonista de erros graves de julgamento, conforme postou no Instagram (veja abaixo).
Phil surfou cinco ondas e teve somente a nota do primeiro drop divulgada na bateria, ao contrário de todos os outros competidores. Ao sair da água, já com a derrota anunciada, ele percebeu que os atletas estavam indignados com o resultado e pediu para conferir as notas.
O brasileiro tinha uma nota 8.17 na segunda onda e precisava de 5.06 para passar para a final. A onda que seria a da virada começou com um hang ten logo no drop e levantou a torcida na areia.
No entanto, a nota dada pelos juízes para sua melhor onda foi 4.50, insuficiente para que ele seguisse na competição.
A contestação foi unânime entre os torcedores, atletas e a CBSurf, que protocolou um protesto formal para análise de vídeo da onda. O pedido de revisão é um processo válido pelas regras da ISA (International Surfing Association) e todas as ondas devem ser filmadas durante a bateria para evitar que um atleta seja prejudicado por falha humana no julgamento.
Acontece que, sem cumprir a regra, a organização não possuía a onda do brasileiro filmada desde o início e, mesmo afirmando que teriam subavaliado a onda, não puderam voltar atrás.
Representante da CBSurf, Rosaldo Cavalcanti lamentou o episódio e afirmou que a entidade fará uma notificação formal à ISA.
“O que aconteceu foi uma falha tecnológica. A organização da PASA deveria ter quatro câmeras disponíveis para o replay dos juízes, porque se tem quatro surfistas na água, pode acontecer de surfarem ondas seguidas e eles precisam de todas as câmeras. O problema é que eles não tinham todas as câmeras e só filmaram metade da onda do Phil”, diz Cavalcanti.
“A gente tinha a onda inteira, mas eles não aceitaram porque a regra não permite voltar a nota sem as imagens oficiais do replay. Isso demonstra uma falta de preparo da organização para um evento tão importante que decide uma vaga no Pan-Americano. Realmente foi um erro. Os próprios head judges admitiram que a onda valia mais, porém, a regra limitou nosso protesto. Agora, vamos fazer uma reclamação pra ISA para que eles não permitam mais eventos desse grau de importância sem as câmeras e vamos pedir que a regra mude e que eles considerem as imagens dos atletas, caso elas realmente provem o que está sendo contestado. É uma pena que isso tenha acontecido”, acrescenta Rosaldo.
O bicampeão mundial de SUP, Caio Vaz, acompanhou de perto a situação. O brasileiro estava se preparando para sua bateria, que começou logo depois de o evento confirmar que não voltaria atrás da decisão.
“Foi muito triste. Eu tinha uma bateria logo depois e entrei desanimado na água porque esses erros acabam fazendo com que a competição não seja justa. E na bateria do Phil isso ficou muito claro”, comenta Caio.
Para Phil, a chance de participar do Pan-Americano depende agora do resultado no Campeonato Mundial de Longboard da ISA, principal plataforma de classificação para o evento principal. Ele precisará ser o melhor das Américas para garantir sua participação.