A temporada 2025 do surfe brasileiro começou com um grande espetáculo na Praia da Taíba, em São Gonçalo do Amarante (CE). O Taça Brasil 10.000 Taíba 2025, etapa de abertura do calendário da CBSurf, trouxe dias seguidos de altas ondas e disputas emocionantes, consagrando Julia Nicanor e Marcos Corrêa como os primeiros campeões do ano.
Companheiros de equipe e amigos fora d’água, ambos tiveram um desempenho consistente ao longo da competição e garantiram a vitória com atuações seguras e estratégicas. Julia encerrou um jejum de dois anos sem títulos profissionais. Marcos também vibrou com a conquista na primeira etapa de 2025 após um 2024 sem disputar finais no circuito brasileiro.
Além do prestígio de vencer a etapa inaugural do circuito, os campeões levaram para casa R$ 25 mil em premiação e somaram 10.000 pontos no ranking, o que os coloca em uma posição privilegiada na corrida pelo acesso ao Dream Tour 2026. Os vice-campeões, Laiz Costa e Adauto Sena, também garantiram resultados expressivos, recebendo R$ 13 mil e 8.000 pontos no ranking.
No último dia de competição do Taça Brasil 10.000 Taíba 2025, foram disputadas as semifinais e as decisões da etapa em condições mais difíceis que os dias anteriores. O mar variou entre meio metro e um metro, com formação razoável e exigindo uma leitura apurada das ondas.
Com estrutura profissional e transmissão ao vivo, o evento consolidou a Taíba como um dos palcos mais tradicionais do surfe nacional. Apresentada pela Mormaii e com patrocínio da Prefeitura de São Gonçalo do Amarante, a competição distribuiu um total de R$ 250 mil em premiação, reforçando o crescimento e a valorização do surfe brasileiro.
Clique aqui e confira resultados das baterias.
Julia Nicanor conquistadora
Julia Nicanor iniciou 2025 não apenas com um novo ano de competições, mas também com um novo nome. Antes conhecida como Julia Santos, ela adotou Nicanor, sobrenome herdado do avô, que significa conquistadora. E já em sua primeira competição do ano, fez jus ao nome e voltou ao topo do pódio após dois anos sem vencer um campeonato profissional.
Mesmo reconhecida pelo altíssimo nível de surfe no free surf, Julia vinha batendo na trave nos últimos anos, sem conseguir transformar suas performances em títulos. Mas, desta vez, o grito de campeã finalmente saiu.
Para chegar à final, Julia venceu Ariane Gomes em um mar difícil, aproveitando melhor as oportunidades e errando menos. Na decisão, enfrentou Laiz Costa, que havia superado Analu Silva, uma das favoritas do evento, mostrando um surfe fluído e inteligente.
Na final, Laiz abriu a bateria com uma forte manobra de backside, garantindo 4 pontos. Julia respondeu com um ataque de frontside, mas recebeu 3 pontos. A virada veio quando ela encontrou a melhor onda da bateria, conectando uma forte primeira manobra chutando a rabeta, escalando a espuma e finalizando com firmeza, garantindo 6.60, a melhor nota do dia no feminino. Laiz ainda tentou reagir com mais uma forte manobra de backside, mas não passou da casa dos 4 pontos e ficou com o vice-campeonato.
“Estou muito feliz. Fazia dois anos que eu não vencia um campeonato profissional, e mentalizei muito essa vitória. Tudo que um atleta quer é vencer, e agora já quero vencer de novo!”, comemora Julia, emocionada.
A atleta destacou a importância do apoio da equipe e, principalmente, da família. “Meu maior troféu é deixar minha mãe orgulhosa de mim. Tenho certeza de que consegui isso hoje. Ela sempre torceu por mim, sempre acreditou. Esse título é tanto meu quanto dela.”
Sobre a mudança de nome, Julia explicou: “Agora sou Julia Nicanor! Meu nome completo é Julia Nicanor dos Santos, mas sempre usei só ‘Santos’ porque era mais fácil. Mas Nicanor era o nome do meu avô, e significa ‘conquistador’. E está aí: Julia Nicanor conquistou a vitória”.
Marcos Corrêa domina a vala
Marcos Corrêa confirmou seu alto nível e conquistou o título da categoria masculina com um surfe encaixado, leitura apurada do mar e variedade de manobras. No dia decisivo, ele encontrou sempre as melhores ondas, soube trabalhar bem suas escolhas e manteve um surfe limpo e eficiente para superar grandes adversários.
Na semifinal, ele enfrentou Michel Roque, ídolo local da Taíba, que carregava a torcida a seu favor. Com um mar mais difícil que os dias anteriores e exigindo conhecimento do pico, esse fator poderia ter sido determinante. No entanto, foi Marcos quem soube encontrar as melhores ondas, deixando Michel sem resposta. Marcos encontrou esquerdas mais longas, onde combinou manobras de borda, bons aéreos e manobras jogando a rabeta, garantindo notas 5.97 e 6.57, a melhor do dia, para avançar à final. Além dessas, Marcos ainda fez um 5.83 com uma batida de backside extremamente vertical.
Na grande decisão, enfrentou Adauto Sena, que chegou embalado após vencer em sequência os campeões brasileiros do Dream Tour 2023 e 2024, primeiro Weslley Dantas, nas quartas de final no dia anterior, e, agora, Douglas Silva na semifinal. Adauto seguiu apostando nos aéreos para a esquerda, estratégia que o levou à final, mas encontrou dificuldades para completar suas manobras. Enquanto isso, Marcos manteve sua regularidade e inteligência competitiva, apostando nas ondas intermediárias e construindo suas notas em combos limpos com grande variedade de manobras.
Com um surfe sólido e estratégico, Marcos se sagrou campeão e estreou a temporada com um título de peso.
“Estou muito feliz com essa vitória. Fazia um tempo que eu não chegava a uma final e sabia que esse era o momento. Ano passado, bati na trave e fiquei em terceiro lugar, mas agora comecei o ano com o pé direito. Quero agradecer muito ao meu treinador Pedro Souza e toda a minha equipe. Trabalhamos muito para esse momento. Antes de viajar, sentei com a minha esposa e escrevemos minhas metas para 2025. Anotei no meu celular: ‘Nessa etapa da Taça Brasil, eu quero fazer um excelente resultado. Eu não aceito sair daqui sem isso.’ E, pô, me consagrei campeão logo na primeira etapa. Só tenho a agradecer”, comemora Marcos, já projetando um grande ano no circuito brasileiro.
Equipe campeã
A comemoração na areia foi gigante para os dois campeões. Julia Nicanor, que já havia conquistado o título, ficou na torcida assistindo à final de Marcos Corrêa e, assim que saiu o resultado, correu para o mar para abraçar o amigo e companheiro de equipe.
A dupla paulista brilhou em um território onde normalmente os títulos ficam com cearenses ou outros nordestinos. Mas, além das conquistas individuais, a vitória de ambos representou o sucesso de um trabalho coletivo sólido e bem estruturado. Julia e Marcos treinam juntos, viajam juntos e fazem parte da mesma equipe, liderada pelo técnico Pedro Souza, com equipe que proporciona suporte técnico, físico e mental para o time.
A classificação de Edgar Groggia para a elite do surfe mundial foi um grande incentivo para todos, mostrando que o caminho está sendo bem trilhado. Edgar foi vice-campeão do Dream Tour no ano passado e, agora, vê seus companheiros de equipe iniciando a temporada com títulos importantes. Julia destacou a importância de treinar com companheiros de alto nível:
“Não é fácil. O nível do campeonato é altíssimo, tanto no feminino quanto no masculino. O Ed e o Marquinho já estão há três anos disputando o título brasileiro e, para mim, como mulher, estar nesse ambiente, treinando com eles, aprendendo com eles e elevando meu nível é muito importante. A gente é uma família. Estamos juntos na alegria e na tristeza. Estou muito emocionada. Já estamos felizes com tudo que conquistamos aqui”.
Marcos Corrêa também destacou a importância do grupo para sua evolução. “A gente treina junto há anos. Sempre estivemos no mesmo time, com o Pedro puxando a gente no dia a dia. Ver o Edgar no WCT só prova que o trabalho está no caminho certo. Nós dividimos baterias nos treinos, um puxa o outro, e isso faz toda a diferença. Se Deus quiser, logo eu chego lá também”, afirmou o campeão.
Calendário estreia com campeonato de alto nível
A CBSurf abriu a temporada 2025 com um evento de altíssimo nível, consolidando a Taça Brasil 10.000 Taíba como uma das principais etapas do circuito nacional. Foram sete dias de boa ondas, estrutura profissional e performances de ponta, garantindo um começo de ano forte para o surfe brasileiro.
Além da qualidade técnica e das condições do mar, a competição contou com uma premiação robusta de R$ 250 mil, tornando-se ainda mais atrativa para os atletas. Com quase 200 inscritos e baterias disputadas até os momentos finais, o evento superou expectativas e já tem contrato assinado para os próximos três anos, até 2028.
“Estamos muito felizes com o evento e a receptividade do Poder Público Municipal. Tivemos todo o suporte necessário e um compromisso real com a competição, o que garantiu seu sucesso. Tanto que já fechamos a realização por mais três anos, até 2028, sempre abrindo a temporada na Taíba. Recebemos muitos elogios, tivemos 200 atletas inscritos e conseguimos entregar a maior estrutura já montada para um campeonato de surfe no Ceará. Isso reflete o que será o circuito ao longo do ano: eventos de alto nível, estrutura profissional e uma experiência incrível para atletas e público”, declara Geraldo Cavalcanti, diretor executivo da CBSurf.
O presidente da Federação de Surf do Estado do Ceará, Amélio Jr., também destacou a importância da realização da etapa na Taíba e o impacto positivo para os atletas da região.
“É uma honra para o Ceará abrir a temporada do surfe brasileiro, especialmente no melhor período de ondas do nosso estado. A Taíba mostrou sua qualidade com direitas e esquerdas constantes, dando oportunidades iguais para todos os competidores. Quero agradecer ao prefeito Marcelo Teles e ao secretário estadual Rogério Pinheiro, que esteve muito presente no processo. O evento gerou 80 empregos diretos e muitos outros indiretos, movimentando a economia local. Trazer uma etapa desse nível para o Ceará faz toda a diferença para os surfistas do nosso estado e do Nordeste, proporcionando mais oportunidades de crescimento dentro do circuito brasileiro”.
O calendário da CBSurf segue intenso nos próximos meses. Em março, a Confederação realiza um evento para as categorias Master, Longboard, SUP Surf e SUP Race em Saquarema (RJ). O Taça Brasil tem sequência em abril com etapa de 5.000 pontos na Praia do Francês (AL).
Com um início de temporada fortíssimo, a CBSurf promete um 2025 repleto de grandes eventos, fortes disputas e um surfe brasileiro cada vez mais valorizado no cenário mundial.
A etapa, apresentada por Mormaii, contou com o patrocínio da Prefeitura de São Gonçalo do Amarante, sob a liderança do prefeito Marcelo Teles em trabalho conjunto ao secretário de Esporte e Juventude Muller Rodrigues. O evento também teve o apoio da Secretaria do Esporte e Juventude do Estado do Ceará, comandada pelo secretário Rogério Pinheiro. A colaboração entre as esferas municipal e estadual tem sido fundamental para a promoção e o desenvolvimento do surfe na região.
A CBSurf, em parceria com a Federação de Surf do Estado do Ceará e o Instituto Brasil Sem Fronteiras (IBESF), esteve comprometida em oferecer uma competição de alto nível, garantindo toda a infraestrutura necessária para atletas e público. A etapa foi transmitida ao vivo pelo canal CBSurfPLAY e no site oficial da CBSurf, com também cobertura pelo perfil @cbsurfoficial no Instagram, permitindo que os fãs do surfe acompanhassem cada detalhe das disputas.
Sobre a CBSurf
Reconhecida pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e pela ISA (International Surf Association), a Confederação Brasileira de Surf (CBSurf) é a entidade nacional de administração do surf e de todas as atividades relacionadas aos esportes com pranchas, como definido no Estatuto da CBSurf. A entidade foi originalmente fundada em 17 de outubro de 1998 e conta com 15 federações estaduais filiadas. A sede atual está situada na cidade de Florianópolis, em Santa Catarina, tendo como presidente Flavio Padaratz e como vice-presidentes Paulo Moura e Brigitte Mayer, eleitos em fevereiro de 2022.
A CBSurf tem como missão desenvolver, produzir, chancelar e organizar o Dream Tour e a Taça Brasil, que compõem o Campeonato Brasileiro de Surf, o Circuito Brasileiro do Surf de Base, o Circuito Brasileiro de Ondas Grandes, o Circuito Brasileiro de Longboard, o Circuito Brasileiro Master, o Circuito Brasileiro de Stand Up Paddle (Race, Wave, Sprint e Paddleboard) e o Campeonato Brasileiro de Parasurf. Todos, nas categorias masculina e feminina. Acompanhando o enorme sucesso do surfe brasileiro, tanto no Circuito Mundial, com seis títulos mundiais nos últimos nove anos, quanto na Olimpíada do Japão, com a conquista da inédita medalha de ouro na estreia do surfe, uma nova gestão feita por ex-competidores da elite mundial e pelos melhores profissionais brasileiros, a CBSurf tem, como valor principal, promover e desenvolver a criação de ídolos nacionais, e consolidar as carreiras dos atletas de todas as categorias, inclusive das profissões que gravitam em torno das competições, trazendo dignidade pra toda a comunidade do surfe brasileiro. Em 2023, o Dream Tour estabeleceu um padrão e patamar inédito e histórico em todo o mundo.
