Alex Ribeiro

De volta à elite

De volta ao Championship Tour, Alex Ribeiro quer fazer a diferença na elite mundial em 2020.

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Alex Ribeiro chega confiante para sua segunda temporada no Championship Tour.

Alex Ribeiro está de volta à elite do surfe mundial. Depois de disputar o Championship Tour em 2016 e ter sua performance prejudicada por conta de uma séria lesão no tendão de aquiles, o surfista de Praia Grande (SP) deu a volta por cima e conseguiu sua reclassificação para figurar novamente entre os 32 melhores do mundo em 2020.

No Qualifying Series deste ano, ele terminou na excelente sexta colocação, com direito a uma vitória na etapa 6.000 em Newcastle, Austrália, e mais experiente, quer se firmar a partir do próximo ano. “Meu foco é fazer a diferença, surfar bem, me destacar. Me sentir bem. Mostrar que posso estar entre os melhores”, diz.

“Ter confiança em si mesmo é o que vai te deixar lá em cima, porque as pessoas não farão por você. Tem de acreditar”, ressalta Orelhinha, apelido que tem desde que começou a surfar. “É alucinante estar entre os melhores do mundo. É uma elite, os 32 melhores surfistas do Planeta e, pela segunda vez, fazer parte desse seleto grupo é uma honra, uma conquista muito grande. Não é qualquer pessoa que consegue”, vibra.

Em 2016, ele também esteve no Tour, mas uma lesão antes da abertura na Austrália, e que se arrastou por algumas etapas, atrapalhou significativamente os seus planos. Mesmo sabendo das dificuldades que enfrentaria, decidiu seguir em frente e, sem condições de treinar, testar pranchas, competiu pela falta de experiência, ansiedade e por saber que dificilmente teria uma vaga por “injury”, benefício oferecido no ano seguinte pela WSL, devido a lesão.

“Afetou muito a minha temporada. Optei por competir, porque não tinha escolha, pois já iam ter dois atletas que iam ficar o ano inteiro fora dos eventos, o Bede Durbidge e o Owen Wright, e as vagas só seriam dadas a dois atletas. Não tinha muita opção”, justifica.

Brasileiro durante a vitória no QS 6.000 de Newcastle neste ano.

“Minha lesão era grave, mas tinha de, com força de vontade, tentar. Até a etapa do Brasil, sentia muita dor, usava muleta, passava por médico, não treinava, e no meio do ano, falei, vou curtir, não tenho o que fazer, não estava focado. Me abalou muito”, conta.

Ele se machucou apenas dez dias antes da estreia na Gold Coast, de iniciar o sonho de qualquer surfista. Foi, literalmente, atropelado por outro surfista enquanto treinava, com a quilha da prancha atingindo o seu tendão, causando ruptura de 15%. “Mais 5% e teria de fazer cirurgia. Me deram três meses para ficar sem fazer nada e em dez dias estava na bateria, chegando de muleta. Fui muito amador, mas era aquela vontade”, revela.

“Tive vários resultados negativos, não podia treinar, testar pranchas. Acumulou muita coisa e tinha de competir, pois precisava da premiação. Mas desde o começo estava desanimado”, acrescenta. “Valeu como experiência e agora tenho outra cabeça, sou uma pessoa totalmente dedicada aos objetivos”, relata.

Ele lembra das críticas sofridas quando não conseguiu a classificação para 2017, mesmo sem as pessoas saberem o que passou. “Muitos falaram que eu não era surfista para estar lá e ninguém sabia da minha lesão, mas eu não absorvi nada disso. Tive de acreditar em mim mesmo, dar a volta por cima”, comenta Alex.

“Deus me deu uma nova oportunidade de dar a volta por cima, eu consegui e agora é trabalhar o dobro para surfar bem, fazer as escolhas certas. Não ter falhas, porque são os melhores do Mundo e ali não pode ter erro. As experiências do passado vão me ajudar e eu quero surfar bem, estar com equipamentos certos para que possa ter bom retorno e possa permanecer por vários anos”, anuncia.

Aéreos são uma das principais armas do goofy-footer.

Apoio Nesse seu retorno à elite, o surfista de Praia Grande chega bem mais preparado e cercado de uma equipe multidisciplinar, envolvendo trabalho de treinamentos físicos e técnicos, apoio nutricional, psicológico, fisioterapia e quiropraxia. Até mesmo ozonioterapia vem usando para otimizar o seu rendimento. “Me prepararei bastante na parte mental com a Dani. É um recurso que uso para melhorar no aspecto de pressão, lidar com ansiedade, estar focado 100% no objetivo. O resultado veio rápido”, destaca.

Outro ponto positivo é o apoio total que tem do patrocinador, a Nossolar Construtora, que conta com uma das maiores equipes de surfistas de ponta do País, senão a maior, com outras estrelas da elite, como Adriano de Souza, Deivid Silva, Jessé Mendes e Miguel Pupo, entre tantos atletas apoiados. Pioneiro no time, ele recebeu o suporte para poder ser preparar adequadamente.

Mais do que isso, teve no empresário Rodrigo Pacheco, um “porto seguro” para poder seguir confiante. “A Nossolar veio com a proposta de ser patrocinadora principal, o Rodrigo me perguntou se eu queria, se iria fazer por merecer e eu vi o potencial e a vontade dele e respondi que não iria decepcionar, que seria o atleta mais exemplar que iria ver esse ano. E foi isso! Treinei muito, com foco, com apoio dele, sempre me incentivando e acreditando no trabalho, não só meu, mas de toda a equipe”, explica.

“Me deixou tranquilo para competir e conseguir a vaga. Rodrigão é monstro, só tenho a agradecer. A relação com ele é a melhor possível. Ele mora há três minutos da minha casa. Sempre estou por lá, trocando ideia e quando estou viajando também. Além do patrocínio, somos amigos, uma relação saudável. Que é o certo entre patrão e atleta. Que faz a diferença”, elogia Alex.

Para 2020, a expectativa é para competir nas etapas que ainda não conhece, onde não surfou, G-Land, na Indonésia, de volta ao Tour, e Surf Ranch, a piscina de ondas criada por Kelly Slater, nos Estados Unidos. “Vão ser alucinantes. Taiti também dá altas ondas, apesar que quando está grande é tenebroso, mas é uma onda perfeita. Quero me destacar em disputas que não tenho muito know-how”, afirma.

“Tem de afiar o backside porque o Tour é praticamente só direita. Foco total nos equipamentos. Tem etapas que dão ondas grandes e tem de ir com antecedência para treinar e não ser pego de surpresa”, complementa o surfista, que junto com a Nossolar no bico da prancha, tem os patrocínios de Aloha Poke Beer, Savannah Steak House e Sticky Bumps. “Esse ano foi alucinante. Acertei no foco, na disciplina, no meu dia a dia, em tudo o que coloquei na cabeça, na escolha da equipe. Deu certo tudo o que planejei”, reforça.

Alex ao lado da mãe Vera e da namorada, Luana.

Família Junto aos patrocinadores e a equipe, ele não esquece três mulheres fundamentais nessa jornada, sua mãe, Vera, sua filha, Emily, e sua namorada e também surfista, Luana. “Me apoiaram bastante. Minha mãe é a torcedora fanática, que cuida de tudo quando estou viajando, minha filha é minha inspiração e a minha namorada me ajudou bastante, em tudo que precisei. É parceirona em tudo. Foi essencial na minha vida”, agradece.

Ele agora prepara o planejamento 2020, querendo manter a mesma equipe para viver, novamente, o sonho, reforçando a Brazilian Storm “É muito louco, você estar vendo na tv e daqui a pouco estar ao lado dos ídolos. Mas não pode ficar deslumbrado. Tem de ter foco total, disciplina e respeito. É o seu ganha pão e tem de fazer tudo para vencer. Mas é incrível estar entre os 32 do Mundo. Ano que vem o foco é maior”, enaltece. “Meus patrocinadores, minha equipe, todo mundo, Flow, Rodrigão, família, têm um pouco dessa conquista”, enaltece.

“Estou muito feliz de ter me classificado. Era uma meta que coloquei na minha cabeça e que iria conseguir. Todas os objetivos que queria atingir, eu consegui. Vencer etapa do QS, competir etapa do CT no Rio de Janeiro, e chegar no Havaí garantido para a elite. Foi um trabalho muito bom que fiz esse ano, com vários profissionais, de diferentes áreas e que me ajudaram bastante a cumprir esses objetivos. A cabeça está muito bem, estou muito confiante para o ano que vem e não vejo a hora de começar”, finaliza.

Pingue-pongue

Nome: Alexsander Ribeiro Nascimento – Alex Ribeiro
Apelido: Orelhinha
Nascimento: 19/10/1989 (30 anos), em Santos, mas morei a vida inteira na Praia Grande
Começou a surfar: De 8 para 9 anos, na Praia Grande
Posicionamento na prancha: Goofy
Praia de treino: Guarujá
Melhor pico que já surfou: Mentawai
Pico que sonha surfar: Maldivas
Melhor viagem da vida: Mentawai
Melhor momento da carreira até hoje: O que estou vivendo agora, retornando à elite
2020, um ano maravilhoso, de muitas conquistas e repleto de resultados positivos
Se não fosse surfista: Seria jogador de futebol
Não vive sem: Minha família
Comida preferida: arroz, feijão, farofinha e frango acebolado ou lasanha ou comida japonesa
Bebida preferida: água ou suco de laranja
Música: Hip hop
Na TV: filmes de surfe
Quando não tem onda: futebol, videogame e treino
Ídolo: Mick Fanning
Ídolo no esporte: Cristiano Ronaldo
Ídolo na vida: Minha mãe, maior guerreira do mundo
Patrocínios – Nossolar, Aloha Poke Beer, Savannah Steak House e Sticky Bumps
Maior incentivador até hoje: Neto Neves
Família: Tudo para mim
CT: Sonho, realidade, sensação de dever cumprido e agora novos objetivos