O Brasil já está garantido nas semifinais do Billabong Pro Pipeline. Nesta terça-feira (1) foram definidas as baterias das quartas de final da etapa havaiana, e Caio Ibelli e Samuel Pupo se enfrentam na última bateria da fase. Miguel Pupo também segue vivo e encara o peruano Lucca Mesinas no round.
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Como previsto, as ondas ganharam muito tamanho ao longo do dia. Elas começaram com 5 pés e bateram 12 pés ao longo da tarde. Pela manhã os tubos de Backdoor ainda apareciam com frequência, porém conforme o swell foi ganhando força, Pipeline passou a ser o único caminho para as vitórias.
Miguel foi o primeiro brasileiro a garantir vaga nas quartas de final. Ele passou bem por Connor O’Leary na sexta bateria da terceira fase. Depois de uma metade de disputa fraca, nos 20 minutos finais os surfistas mostraram performance. O australiano se soltou antes, quando usou a prioridade e fez um tubo pra Pipeline que valeu 4.67 pontos. Na mesma série, porém numa esquerda menor, o brasileiro também completou um canudo, que valeu 3.67.
Com menos de dez minutos para o fim, Miguel precisava de 3.44 pontos para assumir a liderança, e aí ele começou a fazer um excelente uso da prioridade. Logo passou por dentro de Pipe (5.67) para assumir a primeira posição. Conner não fez uma boa escolha e perdeu a prioridade num airdrop. O australiano saiu do mar para trocar de prancha. Ele precisava de 4.58.
Quando faltavam quatro minutos para o fim, novamente Miguel usou bem a prioridade. O brasileiro foi para a esquerda, ficou fundo e saiu junto com a baforada para disparar na frente com mais 7.17 pontos. Connor ainda tentou uma onda pra Pipe, mas caiu e se despediu do Billabong Pro Pipeline.
Nas oitavas a disputa foi brazuca. Miguel pegou os melhores tubos da terceira bateria e superou Italo Ferreira. A bateria estava parelha, sem destaque, até os 11 minutos finais. Naquele momento Miguel completou um drope numa parede íngreme já dentro do tubo, e saiu com uma baforada explosiva. Ele estava em segundo lugar e assumiu a liderança com 7.33 pontos.
Miguel completou outro canudo para Pipeline no minuto seguinte. Dessa vez ele conquistou 5.07 pontos dos juízes, e deixou o caminho complicado para Italo. O campeão de Pipeline em 2019 passou a precisar de 7.57. Ele ainda teve uma chance, mas a onda ficou espumada e ele não saiu do tubo para a esquerda.
O próximo adversário de Miguel será Lucca Mesinas, que virou a bateria do Round 3 contra o norte-americano Kolohe Andino nos segundos finais, com um tubo para Pipeline. O peruano não teve adversário nas oitavas, já que o costa-riquenho Carlos Muñoz sentiu uma lesão no ombro na vitória sobre o português Fredrico Morais na terceira fase, e não teve condições de competir nas oitavas.
Estreante ousado – O irmão de Miguel, Samuel Pupo, também está nas quartas de final. Samuca passou por Deivid Silva na terceira fase, e depois pelo sul-africano Jordy Smith, nas oitavas.
Samuel Pupo pegou um bom tubo que valeu nota no critério excelente e a vitória sobre Deivid Silva no terceiro round. O duelo foi o 15º da fase e começou com notas fracas, mas nos minutos finais Samuel brilhou.
O brasileiro começou a surfar bons tubos para Pipeline e venceu com ampla vantagem no placar. As melhores atuações dele valeram 5.67 pontos e a nota no critério excelente, 8.33, conquistada com um drop de backside sem as mãos na borda, seguido de um tubo oco e profundo, com saída junta da baforada.
Deivid até que tentou, mas teve dificuldade em achar as melhores ondas e perdeu pelo placar de 14.00 a 5.26 pontos.
A outra vitória de Samuel nesta terça-feira foi na última bateria do dia, e das oitavas. O brasileiro fez dois tubos muito bons para a esquerda, colocou duas notas na casa dos sete pontos no somatório (7.83 e 7.33) e superou Jordy Smith. O sul-africano demorou 22 minutos para entrar em ação, e mesmo assim escolheu uma onda que não abriu a boca para ele sair do tubo.
Jordy voltou pro jogo quando restavam sete minutos para o término da bateria (7.07), mas ele precisava de mais para vencer e não teve mais chances de conseguir a nota.
Convidado no gás – O adversário de Samuel nas quartas de final será Caio Ibelli. Ele foi outro brasileiro que fez boa bateria na terceira fase. O brasileiro fez um bom tubo pra Pipeline, e depois passou por dentro de Backdoor para vencer Griffin Colapinto.
O norte-americano botou pra dentro de duas bombas pra esquerda, mas não achou a saída. Ao contrário, o brasileiro dropou pra Pipe segurando a prancha com as mãos, colocou no trilho e ficou em pé. Depois ele voltou a reforçar a base com as mãos para sair do tubo junto com a baforada. A nota foi 7.33 pontos.
Caio se manteve calmo, pois precisa de menos de um ponto para assumir a liderança. E ele fez bem o jogo, ao pegar um canudo pra direita, anotar 3.90 pontos e deixar o norte-americano na necessidade de 5.74.
Griffin ainda tentou a virada numa esquerda, mas a onda não era da série e o tubo não foi fundo. Nem as duas batidas que ele deu depois ajudaram na nota, que foi 4.93 pontos. Caio avançou e Griffin foi eliminado.
Caio voltou a mostrar muita maturidade em Pipeline na sétima bateria das oitavas. Com duas notas na casa dos seis pontos (6.50 e 6.33), o brasileiro superou de forma tranquila o australiano Callum Robson. O estreante na elite não se conectou com a bancada e perdeu por 12.83 a 5.23 pontos.
Maior nota do dia – O autor da maior nota do dia foi João Chianca. Ele competiu numa das baterias mais aguardadas da terceira fase do Billabong Pro Pipeline. O novato na venceu um dos favoritos ao título da competição havaiana, Jack Robinson.
O brasileiro foi melhor desde o início, seja na escolha das ondas ou na performance para completar os canudos. Exímio surfista de tubos, o australiano não saiu de alguns e chegou a vacar na tentativa de um drope numa onda grande.
João conquistou 6.67 pontos pra Backdoor num momento que não tinha a prioridade. Três minutos depois, quando restavam 22, o brasileiro usou a prioridade, foi pra Pipe e colocou mais 6.70 no somatório.
O australiano passou a precisar de 7.54 pontos, mas só teve chance de surfar mais duas vezes e não completou os tubos, um para Pipe e outro para Backdoor. Depois as ondas pararam de aparecer em Pipeline, até que nos segundos finais João usou a prioridade e foi pra direita. Ele andou muito, mas não saiu do canudo, porém terminou a batalha como vitorioso.
A outra bateria de Chumbinho no dia foi mais uma pedreira. Ele perdeu, mas se despediu do Billabong Pro Pipeline com a maior nota da etapa até o momento. A derrota foi para ninguém menos que John John Florence, bicampeão mundial que vive em frente à Rainha do North Shore e é considerado o atual melhor surfista do pico havaiano.
O havaiano deu espetáculo e abriu larga vantagem na bateria com as notas 9.77 e 8.00 pontos. João precisava de 17.77 pontos para reverter o placar, mas ele acreditou e chegou perto.
O brasileiro pegou uma bomba, controlou o drope, sumiu dentro do tubo e saiu. A nota foi 9.87 pontos, a maior do Billabong Pro Pipeline até o momento. A partir daí João passou a necessitar de 7.90 pontos e ele tinha 13 minutos para isso.
João ainda pegou três ondas, e na melhor fez 6.87 pontos. Ele foi eliminado, mas deixou uma excelente impressão no mundo do surfe. Agora ele mira o olhar para Sunset, praia próxima de Pipeline que sediará a segunda etapa do CT 2022, neste mês de fevereiro.
Kelly nos segundos finais – O maior nome do surfe de todos os tempos, Kelly Slater, também competiu duas vezes nesta terça-feira. A primeira bateria foi tranquila, já que o também norte-americano Jake Marshall surfou apenas uma onda (1.50). O 11 vezes campeão mundial venceu com 7.00 e 4.70 pontos nas melhores apresentações.
Nas oitavas a história foi bem diferente. Ele participou da primeira bateria das oitavas de final. O adversário Barron Mamiya botou pressão em Kelly com as notas 6.50 e 8.67 pontos. O norte-americano passou a precisar de uma nota máxima para avançar na competição e foi em busca das ondas.
Na terceira tentativa, Kelly fez um belo tubo pra Pipeline e conquistou 8.00 pontos. Mas ele ainda precisava de 7.18. Quando restava pouco mais de dez minutos, o norte-americano pegou uma onda ruim e foi varrido por uma série.
Kelly não desistiu, conseguiu chegar nos instantes finais na prioridade, e quando tudo parecia perdido, veio uma série. O norte-americano deixou passar a primeira onda e foi na segunda. Quando restavam três segundos para o fim, ele dropou pra Pipeline, ficou fundo no canudo e saiu feliz da vida. A nota foi 9.23 pontos. O adversário de Kelly nas quartas será o japonês Kanoa Igarashi.
Filipe e Italo – Filipe Toledo e Italo Ferreira foram eliminados no dia, mas passaram uma bateria. Filipe bateu o especialista em Pipeline, convidado para a etapa, Ivan Florence, na terceira fase.
O havaiano apostou em Pipeline, mas não conseguiu nenhum tubo expressivo. Já Filipe pegou ondas menores também para Pipe, mas quando teve oportunidade de ir para Backdoor, fez o uso da prioridade, ficou fundo e saiu para anotar 7.67 pontos.
A nota deu a liderança para o brasileiro, que ainda viu um ataque perigoso do havaiano, porém o tubo para Pipeline foi outro que não teve profundidade. Final de bateria e Filipe classificado para as oitavas de final do Billabong Pro Pipeline.
O adversário de Filipinho foi outro havaiano. A bateria entre ele e Seth Moniz rolou num momento em que Pipeline não funcionava muito bem. Os dois tiveram poucas oportunidades, e o havaiano mostrou que conhece o pico, achando as melhores oportunidades que apareceram. Filipe surfou apenas duas ondas, enquanto seu adversário foi em quatro. No final Seth venceu pelo placar baixo de 8.00 a 3.50 pontos.
Antes de perde para Miguel nas oitavas, Italo competiu e venceu pelo Round 3. O campeão da etapa havaiana do CT em 2019 mostrou sintonia com a Rainha do North Shore de Oahu, e fez uma boa apresentação.
Muito ativo e sabendo escolher bem as ondas quando tinha a prioridade, Italo começou com 6.50 pontos aos cinco minutos de bateria, com um tubo pra Pipeline. Três minutos depois fez outro, porém numa onda menor (5.43) também pra esquerda. Enquanto isso, o adversário Miguel Tudela só tinha ondas fracas e já necessitava de 8.00 pontos para vencer.
Passados os 20 minutos iniciais da bateria, Italo usou bem a prioridade, ficou fundo em Pipeline, e saiu do tubo após a baforada para anotar 7.17 pontos. Restando 16 minutos para o fim, o peruano não conseguia completar boas ondas e precisava de uma nota quase perfeita.
Tudela foi pra Pipe no minuto final e fez um bom tubo, porém os 5.67 pontos não alteraram o resultado. Final de bateria e Italo Ferreira venceu pelo placar de 13.67 a 9.60.
Próxima chamada – A próxima chamada para o Billabong Pro Pipeline acontece nesta quarta-feira (2), às 14h30, para um possível início às 15h (de Brasília).
Previsão das ondas – Pipeline deve funcionar muito bem nesta quarta. A previsão indica ondas de 8 a 12 pés de face pela manhã, com vento terral. Ao longo do dia o swell perde força.
Billabong Pro Pipeline
Oitavas de final
1 Kelly Slater (EUA) 17,23 x 15,17 Barron Mamiya (HAV)
2 Kanoa Igarashi (JPN) 11,70 x 10,50 Leonardo Fioravanti (ITA)
3 Miguel Pupo (BRA) 12,40 x 8,73 Italo Ferreira (BRA)
4 Lucca Mesinas (PER) 3,07 x w.o Carlos Munoz (CRI)
5 Seth Moniz (HAV) 8,00 x 3,50 Filipe Toledo (BRA)
6 John John Florence (HAV) 17,77 x 16,74 João Chianca (BRA)
7 Caio Ibelli (BRA) 12,83 x 5,23 Callum Robson (AUS)
8 Samuel Pupo (BRA) 15,16 x 8,20 Jordy Smith (AFR)
Quartas de final
1 Kanoa Igarashi (JPN) x Kelly Slater (EUA)
2 Miguel Pupo (BRA) x Lucca Mesinas (PER)
3 John John Florence (HAV) x Seth Moniz (HAV)
4 Caio Ibelli (BRA) x Samuel Pupo (BRA)
Round 3 Feminino
1 Sally Fitzgibbons (AUS) x Malia Manuel (HAV)
2 Tyler Wright (AUS) x India Robinson (AUS)
3 Tatiana Weston-Webb (BRA) x Moana Jones Wong (HAV)
4 Isabella Nichols (AUS) x Bettylou Sakura Johnson (HAV)
5 Carissa Moore (HAV) x Bethany Hamilton (HAV)
6 Gabriela Bryan (HAV) x Brisa Hennessy (CRI)
7 Johanne Defay (FRA) x Molly Picklum (AUS)
8 Lakey Peterson (EUA) x Luana Silva (HAV)