Em matéria publicada pelo site norte-americano Surfline, surfistas locais de Bali questionaram a qualidade e consistência de Keramas, pico que será palco da quinta etapa do CT, entre os dias 27 de maio e 9 de junho, na Indonésia.
Segundo os moradores, o desenvolvimento ao longo da faixa litorânea tem prejudicado a formação das ondas. O surfista local Betet “Da Guy” Merta é um dos que se mostram preocupados com o futuro do surfe na região.
Da Guy ressalta que Keramas ainda pode oferecer condições de classe mundial, mas o pico não suporta ondulações tão grandes como no passado. “Ainda é uma boa onda”, afirma.
“Continua divertida, bombando por uma ou duas horas, mas não mais o dia todo como era antes. Parece mais curta e às vezes ela abre para os dois lados. São dois picos agora, antes era apenas um mais profundo, que quebrava desde a rocha”, complementa Guy.
Surfista profissional, o indonésio Pepen Hendrik também acredita que a qualidade da onda se deteriorou recentemente graças a grandes construções, como o resort Komune Bali, construído em 2012, pouco antes da etapa do CT em Keramas. Em 2013, o evento foi realizado em condições épicas, e Joel Parkinson chegou a anotar 20 pontos em uma mesma bateria.
Já Tony Cannon, co-proprietário do resort Komune, (Luke Egan, ex-Top do CT, é outro proprietário) nega as alegações de que a qualidade da onda se deteriorou devido ao desenvolvimento dos resorts em Keramas.
“Devemos nossa existência à qualidade e consistência desta onda e apreciamos poder existir em Keramas”, conta Cannon. “Nós monitoramos a onda de perto quase que diariamente desde o início de 2008. A Komune Bali foi inaugurada no final de 2012. Até o momento, não observamos nenhuma redução na qualidade da onda”, relata.
Cannon admitiu, no entanto, que mudanças feitas pelo homem no importante rio que alimenta a onda foram feitas por um proprietário vizinho, que reside na capital Jacarta.
“O problema com este vizinho começou em 2011, quando ele tentou construir um quebra-mar”, diz. “A construção não foi muito boa e todo o concreto acabou sendo destruído. Temos a aprovação da aldeia para limpar a bagunça com uma escavadeira. Em 2015, este vizinho teve outra rachadura em sua parede, desta vez construindo um paredão de 4 metros de espessura e 3 metros de altura. Este também quebrou em uma extremidade e começou a cair sobre o rio”.
Presidente da Asian Surfing Co. (ASC), Tipi Jarbrik admite que a formação da onda em Keramas foi alterada, mas que a onda está tão boa quanto antes. “Sim, há alguma mudança na formação da onda, mas isso não afetará a qualidade”, escreveu por e-mail ao Surfline.
Quando perguntado sobre quem ele achava responsável, Tipi explicou: “O que eu pessoalmente penso sobre a onda em Keramas é que há muitos fatores que podem afetar a qualidade das ondas. Não tenho certeza se podemos apontar o dedo para uma pessoa ou algo assim, mas é claro que a maneira mais fácil é sempre culpar alguém”, resume.
Assim como Keramas, várias outras ondas em Bali enfrentam problemas com o crescimento desenfreado. O reef break Nikkos, também na costa leste de Bali, foi significativamente afetado pela construção de um quebra-mar.
Também famoso pelas direitas clássicas, pico de Mushroom Rock, em Bali, corre o risco de desaparecer. Assim como o recife em Canggu, anteriormente usado como o local de backup para o Mundial Pro Junior.