O Quiksilver Pro e o Roxy Pro foram encerrados com chave-de-ouro na quinta-feira de altas ondas na Gold Coast, Austrália. A competição foi transferida de Snapper Rocks para o icônico pico de Kirra, onde as condições estavam desafiadoras, bombando tubos de 6 a 8 pés para fechar a primeira etapa do World Surf League Championship Tour 2018.
O catarinense Tomas Hermes ganhou o duelo brasileiro com Filipe Toledo e parou nas semifinais, mas conseguiu um excelente terceiro lugar em sua estreia na divisão de elite da WSL.
A decisão foi australiana e Julian Wilson surfou os melhores tubos para superar Adrian Buchan e festejar o primeiro título do ano. No Roxy Pro, a norte-americana Lakey Peterson derrotou a australiana Keely Andrew para também largar na frente na corrida pelos títulos mundiais da temporada.
Os vencedores vão competir com a lycra amarela do Jeep WSL Leader na próxima etapa, o Rip Curl Pro Bells Beach, que começa no dia 28 e vai até 8 de abril na Austrália. Na Gold Coast, elas foram usadas pelos bicampeões mundiais John John Florence e Tyler Wright. O havaiano não venceu nenhuma bateria e Tyler foi barrada pela campeã Lakey Peterson nas quartas de final.
As condições estavam difíceis em Kirra Point e os brasileiros não tiveram sorte, com suas baterias acontecendo nos momentos em que o mar não estava bom, sem muitos tubos.
No primeiro confronto da quinta-feira, o defensor do título do Quiksilver Pro, Owen Wright, não conseguiu completar nenhuma onda contra Adrian Buchan. No segundo, Filipe Toledo e Tomas Hermes também não tiveram muitas oportunidades para surfar, encontrando muitas dificuldades para se posicionar no mar pesado de Kirra Point. O catarinense surfou o melhor tubo, que valeu nota 5,60 para vencer a bateria brasileira com um dos favoritos ao título na Gold Coast. A vitória foi por um baixo placar de 8,73 a 7,33 pontos.
“Estou muito feliz, este lugar é incrível e pena que a bateria foi contra um brasileiro”, disse Tomas Hermes. “O Filipe (Toledo) é um dos melhores surfistas no tour, todos apontam ele como forte concorrente ao título mundial, mas a bateria foi difícil, não entraram muitas ondas boas e acho que tive sorte de surfar o melhor tubo ali para vencer. Eu nunca tinha competido aqui, está difícil de se posicionar lá dentro, mas estou muito feliz em passar para as semifinais no meu primeiro campeonato no CT”.
Na disputa seguinte, o cearense Michael Rodrigues, que vinha se destacando com grandes apresentações em Snapper Rocks, foi a primeira vítima do campeão Julian Wilson na quinta-feira. O australiano mostrou um melhor conhecimento do mar em Kirra para pegar boas ondas na bateria. Ele recebeu nota 8,17 no melhor tubo que surfou para confirmar a vitória por 14,44 a 10,00 pontos. Com as derrotas nas quartas de final, Filipe Toledo e o estreante na elite, Michael Rodrigues, terminaram em quinto lugar no Quiksilver Pro Gold Coast.
ESTREANTE NOTA 10 – O dia seguia assim em Kirra Point, com uma bateria bombando altas ondas e outra com condições mais difíceis, sem tantos tubos. Logo após as duas baterias com brasileiros, o mar ficou bom de novo e outro estreante no CT 2018 aprontou, Griffin Colapinto. O norte-americano de apenas 19 anos de idade, arrancou a primeira nota 10 da temporada surfando três tubaços incríveis numa mesma onda. E precisava disso para superar um dos melhores tube-riders do mundo, o taitiano Michel Bourez.
No entanto, depois desse show, o mar deu uma parada quando começou a primeira semifinal, novamente quando tinha brasileiro dentro d´água. O catarinense Tomas Hermes largou na frente, surfando o primeiro tubo da bateria, que valeu 5,17. O experiente Adrian Buchan logo sentiu que as condições estavam difíceis e preferiu aguardar para pegar uma onda boa que poderia decidir a bateria. E foi isso o que aconteceu. O australiano achou um bom tubo nota 7,00 e somou o 3,00 da sua outra única onda para vencer por 10,00 a 9,17 pontos. O brasileiro chegou perto da vitória no minuto final, mas precisava de 4,84 e recebeu nota 4,00.
Mesmo assim, o terceiro lugar foi um grande resultado para Tomas Hermes, que nunca havia competido em Snapper Rocks e muito menos em Kirra Point, que fica cerca de 1 quilometro de distância. Na outra semifinal, Julian Wilson já achou tubaço na primeira onda que valeu 8,17 e praticamente liquidou o único nota 10 do campeonato com o 5,60 que recebeu em sua segunda atuação. O californiano Griffin Colapinto correu atrás, porém não achou nenhuma onda com potencial para reverter o resultado e ficou empatado em terceiro lugar com Tomas Hermes no primeiro ranking do CT 2018.
Após as semifinais masculinas, foram realizadas as duas batalhas por vagas na grande final do Roxy Pro Gold Coast. A comissão técnica então preferiu aguardar por cerca de 1 hora para colocar a final do Quiksilver Pro na água e a decisão foi acertada.
A bateria começou com Julian Wilson surfando um tubaço incrível, o maior do último dia em Kirra certamente. Competindo com dores no ombro de uma fratura numa queda de “mountain bike” em janeiro, ele já começou a final com a segunda maior nota do campeonato, 9,93.
Depois, foi só controlando a vantagem e, quando Adrian Buchan reagiu com notas 6,50 e 8,60 nos tubos que surfou em duas ondas seguidas, Julian Wilson respondeu com um 7,50 para sacramentar sua quarta vitória em etapas do World Surf League Championship Tour.
O surfista de 29 anos de idade agora vai defender a liderança do ranking em Bells Beach, onde competirá pela primeira vez com a lycra amarela do Jeep Leader. A vitória completou o momento especial que Julian Wilson está vivendo, o nascimento da sua primeira filha, Olivia, na semana passada.
“Este é um sonho de criança que se tornou realidade: ganhar o Quiksilver Pro”, disse o surfista da Sunshine Coast, Julian Wilson. “Este é o evento mais próximo da minha casa e já vi muitos surfistas ganharem aqui desde que eu era bem jovem, então vencer aqui é muito especial para mim. Eu aprendi muito neste evento, com esta lesão no ombro e o nascimento da minha primeira filha. Honestamente, assistir o nascimento dela me deu uma força inacreditável para superar a dor no meu ombro durante todas as baterias. Minha esposa, Ashley, tem sido uma grande inspiração para mim, então dedico a ela esta vitória”.
Apesar da derrota na final, Adrian Buchan também ficou feliz pelo resultado, com o experiente surfista de 35 anos de idade começando bem a temporada, em segundo lugar no Jeep Leaderboard da World Surf League. Ele só tem duas vitórias na carreira, ambas derrotando a grande estrela do esporte, Kelly Slater, nas finais. Buchan também decidiu o título em outras etapas com adversários diferentes, porém não venceu nenhum, como no Oi Rio Pro do ano passado em Saquarema (RJ), onde Adriano de Souza foi o campeão.
“Obviamente, você quer ganhar os eventos, mas estou feliz em ver o Julian (Wilson) vencer esse por tudo que está vivendo”, disse Adrian Buchan. “Eu sei o quanto ele tem trabalhado para aliviar as dores da sua lesão no ombro e se tornou pai na semana passada, então esta vitória certamente é muito especial para ele. Poder surfar aqui em Kirra bombando altos tubos só com uma outra pessoa na água, é simplesmente incrível. Eu acho que não poderia desejar nada melhor do que isso e saio daqui satisfeito com o meu desempenho e o resultado obtido”.
ROXY PRO GOLD COAST – Na decisão do Roxy Pro Gold Coast, aconteceu o mesmo que na final masculina. A norte-americana Lakey Peterson abriu a bateria surfando um tubaço incrível para largar na frente com nota 8,00.
Logo, ela pegou outro na segunda onda que valeu 7,67 para vencer fácil por 15,67 a 5,67 pontos. Keely Andrew tinha barrado a favorita ao título, Sally Fitzgibbons, nas semifinais e não conseguiu achar as ondas em Kirra Point na grande final.
Na outra semi, Lakey Peterson ganhou a primeira vaga na decisão batendo a havaiana Malia Manuel. Esta foi a segunda final consecutiva da norte-americana no Roxy Pro Gold Coast.
No ano passado, perdeu para a hexacampeã mundial Stephanie Gilmore, mas agora voltou a festejar uma vitória em etapas do World Surf League Championship Tour. A única havia sido no seu primeiro ano na divisão de elite, em 2012 em Huntington Beach, na Califórnia (EUA).
“Eu nem sei o que dizer agora, só que estou muito emocionada”, disse Lakey Peterson. “Eu trabalhei duro por sete anos para conseguir outra vitória e ganhar aqui é surreal, então só tenho que agradecer. Você fica pra baixo quando não consegue ganhar nada por tanto tempo, mas todo o esforço valeu a pena. Eu e o Mike (Parsons, técnico dela) estamos trabalhando juntos e essa vitória significa muito para nós. Agradeço a WSL por nos dar condições tão incríveis para competir hoje (quinta-feira) aqui em Kirra, realmente nos ajudando a elevar nosso nível e vou tentar ficar com a lycra amarela do Jeep Leader até o último evento”.
A disputa pelo título mundial feminino de 2018 começa com a californiana Lakey Peterson na frente, Keely Andrew em segundo e a também australiana Sally Fitzgibbons dividindo o terceiro lugar com a havaiana Malia Manuel.
A brasileira Silvana Lima passou uma bateria em Snapper Rocks e perdeu nos confrontos de três competidoras da terceira fase, que definiu as classificadas para as quartas de final. A cearense ficou em nono lugar no Roxy Pro Gold Coast, junto com a francesa Johanne Defay, a havaiana Coco Ho e a australiana Macy Callaghan.
Veja a nota 10 de Griffin Colapinto nas quartas de final:
Veja a nota 9.93 de Julian Wilson na final:
Quiksilver Pro Gold Coast
Segunda fase – Derrota=25.o lugar com 420 pontos e US$ 10.000:
1.a: Mikey Wright (AUS) 15.10 x 10.76 John John Florence (HAV)
2.a: Gabriel Medina (BRA) 13.00 x 7.90 Leonardo Fioravanti (ITA)
3.a: Michael February (AFR) 11.03 x 8.97 Matt Wilkinson (AUS)
4.a: Adriano de Souza (BRA) 11.40 x 10.07 Ian Gouveia (BRA)
5.a: Joel Parkinson (AUS) 17.03 x 9.67 Patrick Gudauskas (EUA)
6.a: Michael Rodrigues (BRA) 14.67 x 10.80 Sebastian Zietz (HAV)
7.a: Frederico Morais (PRT) 12.16 x 9.90 Ezekiel Lau (HAV)
8.a: Kanoa Igarashi (EUA) 10.60 x 8.86 Keanu Asing (HAV)
9.a: Willian Cardoso (BRA) 12.90 x 10.83 Caio Ibelli (BRA)
10: Conner Coffin (EUA) 12.20 x 10.60 Yago Dora (BRA)
11: Tomas Hermes (BRA) 14.93 x 12.17 Joan Duru (FRA)
12: Wade Carmichael (AUS) 11.74 x 11.13 Jessé Mendes (BRA)
Terceira fase – 13.o lugar com 1.665 pontos e US$ 11.500:
1.a: Owen Wright (AUS) 14.50 x 9.04 Willian Cardoso (BRA)
2.a: Mick Fanning (AUS) 11.67 x 7.37 Conner Coffin (EUA)
3.a: Tomas Hermes (BRA) 12.40 x 9.60 Kolohe Andino (EUA)
4.a: Filipe Toledo (BRA) 14.60 x 13.70 Italo Ferreira (BRA)
5.a: Adrian Buchan (AUS) 13.36 x 13.10 Jeremy Flores (FRA)
6.a: Mikey Wright (AUS) 16.07 x 14.90 Gabriel Medina (BRA)
7.a: Julian Wilson (AUS) 7.30 x 7.10 Michael February (AFR)
8.a: Kanoa Igarashi (JAP) 15.26 x 11.10 Frederico Morais (POR)
9.a: Griffin Colapinto (EUA) 13.50 x 12.94 Joel Parkinson (AUS)
10: Adriano de Souza (BRA) 15.07 x 13.60 Wade Carmichael (AUS)
11: Michel Bourez (PLF) 12.50 x 6.43 Connor O’Leary (AUS) 6.43
12: Michael Rodrigues (BRA) 15.00 x 14.40 Jordy Smith (AFR)
Round 4
1: Owen Wright (AUS) 17.00, Tomas Hermes (BRA) 11.20, Mick Fanning (AUS) 10.43
2: Filipe Toledo (BRA) 15.70, Adrian Buchan (AUS) 14.60, Mikey Wright (AUS) 11.20
3: Julian Wilson (AUS) 15.97, Griffin Colapinto (EUA) 13.83, Kanoa Igarashi (JAP) 11.67
4: Michel Bourez (PLF) 13.97, Michael Rodrigues (BRA) 13.83, Adriano de Souza (BRA) 13.53
Quartas de final do Quiksilver Pro Gold Coast
1: Adrian Buchan (AUS) 13.50 x 2.50 Owen Wright (AUS)
2: Tomas Hermes (BRA) 8.73 x 7.33 Filipe Toledo (BRA)
3: Julian Wilson (AUS) 14.44 x 9.50 Michael Rodrigues (BRA)
4: Griffin Colapinto (EUA) 16.43 x 12.44 Michel Bourez (PLF)
Semifinais do Quiksilver Pro Gold Coast
1: Adrian Buchan (AUS) 10.00 x 9.17 Tomas Hermes (BRA)
2: Julian Wilson (AUS) 13.77 x 11.66 Griffin Colapinto (EUA)
Final do Quiksilver Pro Gold Coast
Julian Wilson (AUS) 17.43 x 15.10 Adrian Buchan (AUS)
Semifinais do Roxy Pro Gold Coast
1: Lakey Peterson (EUA) 11.00 x 8.33 Malia Manuel (HAV)
2: Keely Andrew (AUS) 7.50 x 6.77 Sally Fitzgibbons (AUS)
Final do Roxy Pro Gold Coast
Lakey Peterson (EUA) 15.67 x 5.67 Keely Andrew (AUS)