Em uma final 100% australiana, Julian Wilson superou Adrian Buchan para vencer o Quiksilver Pro Gold Coast e sair na frente na corrida pelo título mundial da temporada. As lendárias direitas de Kirra foram o cenário do último dia da etapa.
A decisão foi eletrizante e já começou pegando fogo, com Julian arrancando 9.93 dos juízes em um tubo “quadrado”. Não demorou muito para o atleta de Sunshine Coast aumentar a vantagem com 5.17. No decorrer da bateria, depois de ver Ace Buchan esboçar reação com 6.50, Julian voltou a aprontar e obteve 7.50, deixando o adversário em combinação.
Faltando cerca de 10 minutos, Ace pegou a sua melhor onda na bateria e diminuiu a diferença, passando por duas seções tubulares para descolar 8.60.
Com o resultado, Julian – que quase ficou fora da prova devido a uma lesão no ombro – soma 10 mil pontos no ranking da elite mundial, além de embolsar US$ 100 mil.
“Este é um sonho de criança que se tornou realidade: ganhar o Quiksilver Pro”, disse o surfista da Sunshine Coast, Julian Wilson. “Este é o evento mais próximo da minha casa e já vi muitos surfistas ganharem aqui desde que eu era bem jovem, então vencer aqui é muito especial para mim. Eu aprendi muito neste evento, com esta lesão no ombro e o nascimento da minha primeira filha. Honestamente, assistir o nascimento dela me deu uma força inacreditável para superar a dor no meu ombro durante todas as baterias. Minha esposa, Ashley, tem sido uma grande inspiração para mim, então dedico a ela esta vitória”.
Apesar da derrota na final, Adrian Buchan também ficou feliz pelo resultado, com o experiente surfista de 35 anos de idade começando bem a temporada, em segundo lugar no Jeep Leaderboard da World Surf League.
“Obviamente, você quer ganhar os eventos, mas estou feliz em ver o Julian (Wilson) vencer esse por tudo que está vivendo”, disse Adrian Buchan. “Eu sei o quanto ele tem trabalhado para aliviar as dores da sua lesão no ombro e se tornou pai na semana passada, então esta vitória certamente é muito especial para ele. Poder surfar aqui em Kirra bombando altos tubos só com uma outra pessoa na água, é simplesmente incrível. Eu acho que não poderia desejar nada melhor do que isso e saio daqui satisfeito com o meu desempenho e o resultado obtido”.
O catarinense Tomas Hermes foi o melhor brasileiro na competição, chegando à semifinal e terminando em terceiro lugar na prova. Depois de superar o compatriota Filipe Toledo nas quartas, o atleta de Barra Velha brigou até o fim com o australiano Adrian Buchan, mas foi eliminado por uma pequena diferença.
Na primeira bateria do dia, Buchan fez uma boa apresentação e somou 6.33 e 7.17, contra apenas 1.07 e 1.43 do compatriota Owen Wright.
Em seguida, os brasileiros Tomas Hermes e Filipe Toledo tiveram muita dificuldade para encontrar as melhores ondas. Depois de se posicionar mais abaixo de Filipe, Tomas se deu bem e descolou 5.60 em um tubo, saindo com uma rasgada expressiva na sequência.
Filipinho não conseguiu se achar no outside, esperando bastante pelas séries, e até foi para o tudo ou nada nos instantes finais. Ele passou por uma seção rápida do tubo e tentou entubar novamente, mas a direita acabou fechando. Melhor para Tomas, que totalizou 8.73, contra 7.33 de Filipe.
“Estou muito feliz, este lugar é incrível e pena que a bateria foi contra um brasileiro”, disse Tomas Hermes. “O Filipe (Toledo) é um dos melhores surfistas no tour, todos apontam ele como forte concorrente ao título mundial, mas a bateria foi difícil, não entraram muitas ondas boas e acho que tive sorte de surfar o melhor tubo ali para vencer. Eu nunca tinha competido aqui, está difícil de se posicionar lá dentro, mas estou muito feliz em passar para as semifinais no meu primeiro campeonato no CT”.
A terceira bateria começou equilibrada, até o australiano Julian Wilson obter 8.17 e 6.27, deixando o brasileiro Michael Rodrigues em situação complicada, buscando 9.61 para reverter a situação.
O tempo foi passando e Julian administrou a prioridade, evitando que Michael investisse em alguma onda com grande potencial.
Na última bateria das quartas, o jovem norte-americano Griffin Colapinto levantou a plateia com a primeira nota 10 do evento. Griffin encontrou uma direita incrível e completou três seções tubulares, arrancando muitos aplausos do público em Kirra.
Veja a nota 10 de Griffin Colapinto nas quartas:
A semifinal não contou com muitas ondas e o brasileiro Tomas Hermes saiu na frente com uma onda avaliada em 5.17. O catarinense passou uma rápida seção tubular, mandou duas rasgadas e bateu na junção, mas foi derrubado pela espuma turbulenta logo depois de finalizar o ataque.
Logo atrás, o experiente Adrian Buchan respondeu com uma onda pesada, batendo no lip e entubando de backside, mas sem sair da fechadeira, o que rendeu 3.00 pontos ao australiano.
Depois de muita batalha em busca das ondas no outside, Ace Buchan arrancou uma nota 7.00 dos juízes em uma onda com um tubo rápido de backside e uma forte pancada na junção.
Na última onda, Tomas tentou a virada com um tubo numa onda intermediária, bastante espumada, mandando uma rasgada na saída e finalizando com uma batida na junção. Depois de muito suspense, o locutor anunciou uma nota 4.00 para o brasileiro, que buscava 4.84.
Na outra semi, Julian Wilson completou a festa australiana desbancando outro novato do Tour, o norte-americano Griffin Colapinto.
Quartas de final do Quiksilver Pro Gold Coast
1: Adrian Buchan (AUS) 13.50 x 2.50 Owen Wright (AUS)
2: Tomas Hermes (BRA) 8.73 x 7.33 Filipe Toledo (BRA)
3: Julian Wilson (AUS) 14.44 x 9.50 Michael Rodrigues (BRA)
4: Griffin Colapinto (EUA) 16.43 x 12.44 Michel Bourez (PLF)
Semifinais do Quiksilver Pro Gold Coast
1: Adrian Buchan (AUS) 10.00 x 9.17 Tomas Hermes (BRA)
2: Julian Wilson (AUS) 13.77 x 11.66 Griffin Colapinto (EUA)
Final do Quiksilver Pro Gold Coast
Julian Wilson (AUS) 17.43 x 15.10 Adrian Buchan (AUS)
Semifinais do Roxy Pro Gold Coast
1: Lakey Peterson (EUA) 11.00 x 8.33 Malia Manuel (HAV)
2: Keely Andrew (AUS) 7.50 x 6.77 Sally Fitzgibbons (AUS)
Final do Roxy Pro Gold Coast
Lakey Peterson (EUA) 15.67 x 5.67 Keely Andrew (AUS)