Três brasileiros se classificaram para as quartas de final do Quiksilver Pro Gold Coast, que vão abrir o último dia da etapa de abertura do World Surf League Championship Tour 2018 na Austrália. Filipe Toledo tirou a maior nota do ano – 9,67 – nas boas ondas de 4 a 6 pés da quarta-feira em Snapper Rocks.
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E dois estreantes na elite também passaram pelas duas fases, o catarinense Tomas Hermes e o cearense Michael Rodrigues. Michael ganhou a última vaga do campeão mundial Adriano de Souza, na bateria que fechou o dia e foi vencida pelo taitiano Michel Bourez, com os três ficando quase empatados na casa dos 13 pontos.
Infelizmente, mais um duelo brasileiro eliminatório foi formado nas quartas de final. Na quarta-feira, Filipe enfrentou o potiguar Italo Ferreira na terceira fase e agora vai disputar a segunda vaga para as semifinais com Tomas Hermes.
Quem passar, pega o vencedor do confronto australiano entre Adrian Buchan e o defensor do título do Quiksilver Pro Gold Coast, Owen Wright, que vai abrir as quartas de final nesta quinta-feira em Snapper Rocks. O cearense Michael Rodrigues entra logo após a bateria brasileira, com o australiano Julian Wilson, número 3 do ranking mundial no ano passado.
O paulista Filipe Toledo, que mora na Califórnia e já venceu o Quiksiilver Pro Gold Coast em 2015, começou a quarta-feira ganhando o duelo brasileiro de recordistas da primeira fase com Italo Ferreira.
Os dois surfaram boas ondas, com Filipe variando e alongando as manobras com seu surfe veloz e progressivo de frontside, enquanto Italo fazia um ataque vertical e agressivo de backside nas direitas de Snaper Rocks. O potiguar começou com nota 7,5 e Filipe ganhou 7,93 em sua melhor onda, para confirmar a vitória por 14,60 a 13,70 pontos.
Depois, Filipe enfrentou os australianos Adrian Buchan e Mikey Wright, que tinha passado pelo campeão mundial Gabriel Medina na terceira fase e também eliminado o bicampeão John John Florence na repescagem.
Desta vez, o irmão mais jovem do Owen e da Tyler Wright, não começou na frente e ficou fora do ritmo da bateria. Buchan iniciou melhor com nota 7,17, mas Filipe achou uma direita da série para fazer a melhor apresentação do ano em Snapper Rocks.
MELHOR ONDA DO ANO – Filipe dropou e já começou surfando um bom tubo. Na saída, fez um layback impressionante e seguiu variando suas manobras modernas e progressivas, massacrando cada espaço da onda até finalizar com um difícil e inovador “Club Sandwich”, que poucos conseguem fazer no tour. Os juízes deram nota 9,67 e, com a classificação para as quartas de final praticamente garantida, Filipe passou a dar show, arriscando manobras mais acrobáticas para o público. O brasileiro venceu a bateria por 15,70 pontos, Adrian Buchan passou em segundo com 14,60 e o matador de campeões mundiais, Mikey Wright, foi eliminado em terceiro com 11,20 pontos.
“A direção do vento não está boa para os aéreos, então escolhi fazer manobras na face da onda”, disse Filipe Toledo, que não usou sua arma letal na quarta-feira. “Eu tinha força e velocidade naquela onda 9,67 que finalizei com o Club Sandwich. Eu já tinha tentado essa manobra outras vezes e eu queria ser mais criativo nas minhas manobras, mas nunca tinha acertado tanto como hoje (quarta-feira) aqui. Eu me diverti muito nessa bateria, tomei a iniciativa de ir em várias ondas e acho que realmente valeu a pena”.
Filipe Toledo foi o segundo brasileiro a passar para as quartas de final na quarta-feira. O baixinho catarinense Tomas Hermes foi o primeiro, encerrando a carreira do tricampeão mundial Mick Fanning competindo na Gold Coast.
O também australiano Owen Wright liquidou a bateria logo em suas duas primeiras ondas. Ele achou os tubos e manobrou forte para tirar notas 8,00 e 9,00 e vencer por “combination” de 17,00 pontos.
Fanning não achou boas ondas e Tomas foi fazendo o seu surfe com várias manobras lincadas com velocidade, para superar o ídolo do esporte por 11,20 a 10,43. O estreante da elite já tinha eliminado outro top do ano passado na terceira fase, o norte-americano Kolohe Andino.
VITÓRIAS EMOCIONANTES – Outra novidade na “seleção brasileira” deste ano também surpreendeu em sua primeira participação na divisão de elite da World Surf League. O cearense Michael Rodrigues, que mora em Florianópolis (SC), se classificou em duas baterias emocionantes, decididas nas ondas surfadas no último minuto.
Ele colocou nas cordas o número 4 do mundo no ano passado, Jordy Smith, quando destruiu uma onda com uma série de manobras que recebeu nota 8,5 dos juízes, a maior do dia até ali.
O sul-africano ficou precisando de 8,77 e no último minuto pegou a direita boa que tanto esperava e arrebentou a onda com grandes manobras, longos arcos, fez a conexão para o inside, a onda rearmou e Jordy Smith seguiu fazendo uma manobra atrás da outra até o fim. A bateria terminou e ficou o suspense pela nota, que demorou um pouco, mas saiu 8,17 e Michael Rodrigues festejou a vitória incrível, sobre um dos melhores surfistas do mundo.
“Eu não sei nem descrever o que estou sentindo, é maravilhoso e estou muito feliz”, disse Michael Rodrigues, após eliminar o número 4 do mundo. “O Jordy (Smith) é um dos meus surfistas favoritos no mundo, eu adoro ele e eu só tentei fazer o meu melhor. Foi incrível surfar contra ele numa bateria, vence-lo então é inacreditável. Eu só tinha surfado aqui em Snapper uma vez antes desse evento, então nem sei o que dizer, eu estou na Lua agora”.
ÚLTIMAS VAGAS – O cearense depois voltou ao mar para disputar a última classificatória para as quartas de final, junto com o campeão mundial Adriano de Souza, que despachou o australiano Wade Carmichael com um dos maiores placares da terceira fase, 15,07 a 13,60 pontos. O taitiano Michel Bourez era o adversário deles na briga pelas duas últimas vagas e a disputa foi acirrada, com mudança de posições a cada onda surfada desde o primeiro até o último minuto.
A batalha começou quente, com Michel Bourez surfando um belo tubo e largando na frente com nota 7,67. Michael Rodrigues também inicia forte com seu surfe mais veloz e responde na mesma moeda, com 7,60 na primeira onda. O cearense assume a ponta com o 5,60 da segunda que completou e Adriano de Souza entra no jogo em duas ondas seguidas. Com notas 6,43 e 7,10, Mineirinho pula do terceiro para o primeiro lugar, porém não consegue nada melhor que isso depois. O taitiano ficou precisando de 5,53 para impedir a dobradinha brasileira.
Na primeira tentativa, chega perto, mas na segunda consegue 6,30 e pula de terceiro para primeiro de novo. Na onda seguinte, o novato na elite continuou surfando com confiança e ganha 6,23, para permanecer em segundo lugar. Mineirinho cai para terceiro e passa a precisar de 6,74 para se classificar nos 10 minutos finais. O tempo foi passando e Bourez e Adriano surfaram as últimas ondas, porém a notas não mudaram o resultado e Michael Rodrigues festejou sua classificação para o último dia do Quiksilver Pro Gold Coast.
DERROTAS BRASILEIRAS – Dos quatro brasileiros que disputaram classificação para as quartas de final, três passaram suas baterias. Apenas Adriano de Souza não conseguiu e começa a temporada em nono lugar no Jeep Leaderboard da World Surf League. Outros três perderam na terceira fase e ficaram em 13.o lugar. A derrota mais surpreendente foi a do campeão mundial Gabriel Medina, para o mesmo Mikey Wright que havia eliminado o bicampeão John John Florence na repescagem. O australiano foi novamente preciso para escolher as melhores ondas e começou na frente com nota 7,67 na primeira que surfou.
Enquanto Medina ficava mais ativo, pegando mais ondas, ele parecia mais sintonizado com as séries e usava bem a prioridade de escolha para ir nas melhores. Foi assim que Mikey entrou em outra direita com potencial para fazer várias manobras e conseguir um 8,40 que decidiu a bateria. O brasileiro seguiu insistindo e surfou bem também, explorando ao máximo cada oportunidade com seu ataque feroz de backside, porém as notas 7,70 e 7,20 recebidas nas melhores não foram suficientes. Com elas, Medina venceria todas as cinco baterias disputadas até ali, mas Mikey Wright barrou mais um campeão mundial por 16,07 a 14,90 pontos.
A quarta-feira já começou com uma derrota brasileira, mas esta era até mais aceitável, com um novato na elite encarando o defensor do título do Quiksilver Pro Gold Coast. O australiano Owen Wright mostrou o melhor conhecimento de Snapper Rocks no mar difícil que amanheceu o dia, mexido, com séries fechando na maré cheia. Ele pegou duas ondas boas seguidas para construir o placar da tranquila vitória por 14,50 a 9,04 pontos sobre Willian Cardoso. O catarinense não conseguiu mostrar a potência das suas manobras dessa vez e ficou em 13.o lugar em sua estreia na divisão de elite do esporte.
O outro surfista do litoral norte de Santa Catarina que está estreando no CT este ano, Tomas Hermes, teve mais sorte em achar algumas ondas melhores do que Willian Cardoso na terceira bateria do dia. Com duas notas na casa dos 6 pontos, ele conquistou a primeira vitória brasileira na terceira fase, por 12,40 a 9,60 pontos do norte-americano Kolohe Andino. Depois, Tomas barrou o tricampeão mundial Mick Fanning na disputa pelas duas primeiras vagas para as quartas de final, vencida por Owen Wright. Acabou sendo a última bateria de Mick Fanning em casa na Gold Coast, pois ele já anunciou que vai parar de competir na próxima etapa.
DUELO BRASILEIRO – Depois da vitória de Tomas Hermes na terceira fase, aconteceu o duelo brasileiro dos recordistas do primeiro dia. Os dois começaram forte, pegando boas ondas. Filipe Toledo variou mais as manobras, alongando as curvas de frontside, enquanto Italo Ferreira mostrou um surfe mais vertical nas batidas de backside de cabeça pra baixo. A nota de Filipe saiu 6,67 e a do potiguar valeu mais, 7,50. O potiguar liderou quase toda a bateria a partir daí e Filipe só reagiu nos 15 minutos finais.
Foi quando ele encontrou uma onda boa e já dropou dentro de um bom tubo, na saída faz um cutback pequeno e aí conecta com o inside para ir variando uma manobra forte atrás da outra com velocidade, para voltar a liderança com nota 7,93. Italo também surfa seu primeiro tubo de backside, mas foi rápido e o que valeu mesmo foi uma batida muito forte que acertou. O potiguar precisava de 7,11 para vencer e a nota foi 6,20. Depois, não entrou mais nada de ondas e Filipe Toledo ganhou a bateria por 14,60 a 13,70 pontos. Filipinho agora terá outro confronto verde-amarelo nas quartas de final, contra o catarinense Tomas Hermes.
O prazo do Quiksilver & Roxy Pro Gold Coast vai até o dia 22, mas deve terminar nesta quinta-feira em Snapper Rocks.
Terceira fase – 13.o lugar com 1.665 pontos e US$ 11.500:
1.a: Owen Wright (AUS) 14.50 x 9.04 Willian Cardoso (BRA)
2.a: Mick Fanning (AUS) 11.67 x 7.37 Conner Coffin (EUA)
3.a: Tomas Hermes (BRA) 12.40 x 9.60 Kolohe Andino (EUA)
4.a: Filipe Toledo (BRA) 14.60 x 13.70 Italo Ferreira (BRA)
5.a: Adrian Buchan (AUS) 13.36 x 13.10 Jeremy Flores (FRA)
6.a: Mikey Wright (AUS) 16.07 x 14.90 Gabriel Medina (BRA)
7.a: Julian Wilson (AUS) 7.30 x 7.10 Michael February (AFR)
8.a: Kanoa Igarashi (JAP) 15.26 x 11.10 Frederico Morais (POR)
9.a: Griffin Colapinto (EUA) 13.50 x 12.94 Joel Parkinson (AUS)
10: Adriano de Souza (BRA) 15.07 x 13.60 Wade Carmichael (AUS)
11: Michel Bourez (PLF) 12.50 x 6.43 Connor O’Leary (AUS) 6.43
12: Michael Rodrigues (BRA) 15.00 x 14.40 Jordy Smith (AFR)
Round 4 – 9o lugar com 3.700 pontos e US$ 14.700:
1: Owen Wright (AUS) 17.00, Tomas Hermes (BRA) 11.20, Mick Fanning (AUS) 10.43
2: Filipe Toledo (BRA) 15.70, Adrian Buchan (AUS) 14.60, Mikey Wright (AUS) 11.20
3: Julian Wilson (AUS) 15.97, Griffin Colapinto (EUA) 13.83, Kanoa Igarashi (JAP) 11.67
4: Michel Bourez (PLF) 13.97, Michael Rodrigues (BRA) 13.83, Adriano de Souza (BRA) 13.53
Quartas de final – 5o lugar com 4.745 pontos e US$ 19 mil:
1: Owen Wright (AUS) x Adrian Buchan (AUS)
2: Filipe Toledo (BRA) x Tomas Hermes (BRA)
3: Julian Wilson (AUS) x Michael Rodrigues (BRA)
4: Michel Bourez (PLF) x Griffin Colapinto (EUA)