Já em vigor

WSL implanta política para transgêneros

WSL adota política de inclusão de surfistas transgêneros de acordo com protocolos sugeridos pela ISA.

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De acordo com Miley-Dyer, a liderança da WSL, incluindo ela mesma, e o diretor médico da WSL, dr. Allan MacKillop, tomaram a decisão em conjunto sobre política para transgêneros.

A World Surf League (WSL) acaba de anunciar que adotará a política transgênero da International Surfing Association (ISA) em todos os seus circuitos. E ela entra em vigor imediatamente.

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A política, lançada pela pela ISA em outubro de 2022, exige que os atletas designados como homens ao nascer mantenham um nível de testosterona inferior a 5 nmol/L (nanomoles por litro) continuadamente nos 12 meses anteriores para serem elegíveis para competir em um evento feminino.

“A WSL está trabalhando duro para ser justa e é importante que haja uma política”, diz a australiana Jessi Miley-Dyer, dirigente da WSL, ao The Inertia. “Reconhecemos que a política pode evoluir com o tempo, à medida que recebemos feedback e vemos novas pesquisas no campo”.

Embora o tópico de como classificar os surfistas transgêneros tenha atingido todos os esportes, a pressão para desenvolver uma política para o surfe foi intensificada quando a surfista transgênero Sasha Jane Lowerson venceu as divisões feminina aberta do Western Australian Longboard State Titles, em maio de 2022. Ela foi a primeira atleta abertamente transgênero a vencer uma competição de surfe.

Sasha Jane Lowerson é primeira surfista trans a vencer uma competição de longboard.

A surfista profissional havaiana Bethany Hamilton, que já competiu como convidada em diversas etapas do World Tour, criticou a decisão da WSL por meio de um post em sua página do Instagram. Segundo ela, a medida não foi devidamente discutida entre os atletas dos dois sexos.

“Isso me preocupa como atleta que compete em eventos do Circuito Mundial há mais de 15 anos. E também sei que muitas das garotas que correm o Tour atualmente também não apoiam essa ideia, mas têm medo de falar e serem condenadas ao ostracismo. Será que houve alguma conversa com todas as mulheres e homens que competem no Tour, antes da implementação da regra?”, questiona Bethany Hamilton.

 

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Surfistas profissionais como Shane Dorian, Anthony Walsh e o campeão mundial de 1988 Barton Lynch vieram publicamente em defesa de Bethany. “Fale a sua verdade! Obrigado por ser corajosa o suficiente para defender o que você acredita. Não dê ouvidos a pessoas que lançam a palavra ‘transfóbica’ para qualquer um cujas crenças não se alinhem perfeitamente com as deles. Estes são problemas complicados e sem solução clara. Independentemente disso, há muitas pessoas que amam e apoiam a comunidade trans e que concordam com você nessas questões. Respeitem Bethany Hamilton”, escreveu o legend Shane Dorian.

“Eu apoio você e a suas escolhas Bethany e te parabenizo você por tua coragem e força para defender a si mesma e seus valores, para futuras e passadas gerações de surfistas profissionais, que nunca foram consultados sobre nada disso. Orgulho de te chamar de amiga”, escreveu o campeão mundial Barton Lynch.

Bethany Hamilton sobreviveu a ataque de tubarão em 2003 e compete como convidada há mais de 15 anos em algumas etapas do circuito mundial feminino.

“Estamos tendo muitas conversas com vários grupos de partes interessadas”, diz Miley-Dyer, ao explicar o processo de seleção de políticas que ocorreu nos últimos meses. “E reconhecemos que a ISA adotou uma abordagem muito deliberada”.

No que diz respeito à forma como a WSL confirmará se um atleta atendeu aos requisitos de elegibilidade, a responsabilidade do teste será de cada atleta.

“A WSL não testará atletas transexuais para levantar os níveis de testosterona”, explica Miley-Dyer. “Os atletas organizarão seus próprios testes e, em seguida, irão ao nosso diretor médico para ter uma conversa confidencial e mostrar a documentação médica”.

Miley-Dyer reconheceu que as políticas já criadas por outros esportes olímpicos foram avaliadas na hora de decidir qual abordagem seria mais “adequada” para o surfe.

O limite de testosterona estabelecido pela WSL e ISA é paralelo às políticas criadas pela World Rowing (Federação Internacional de Sociedades de Remo) e pela Federação Internacional de Tênis. Embora muitos esportes olímpicos ainda não tenham nenhuma política oficial, as regras para o surfe podem ser consideradas entre as menos rígidas lançadas até agora.

Por exemplo, o World Triathlon e a International Cycling Union exigem que os atletas transexuais testem abaixo de 2,5 nmol/L por 24 meses para serem elegíveis. A World Athletics está propondo usar a mesma abordagem. A Federação Internacional de Natação e o World Rugby implementaram políticas que basicamente proíbem mulheres trans de competir em uma divisão feminina.

Para contextualizar os níveis de testosterona, os níveis médios variam entre 10 e 35 nmol/L em homens e 0,5 e 2,4 nmol/L em mulheres, de acordo com o Mount Sinai Hospital.

Agora que a WSL e a ISA se alinharam em uma política para transgêneros que abrange todos os eventos de qualificação olímpica, pode-se imaginar que a mesma política também será estendida à própria competição olímpica de surfe. No entanto, nenhum anúncio oficial foi feito e Miley-Dyer observou que, em última análise, esta decisão pertence à ISA.

Fontes The Inertia e ISA.