Após uma maratona de 22 baterias, o Margaret River Pro definiu as oitavas de final. O mar no oeste australiano perdeu força, mas as ondas no Main Break ainda passaram dos 2,5 metros pela manhã, ficando menores na parte da tarde. Seis brasileiros se classificaram e Caio Ibelli foi um dos destaques do dia, que teve disputas simultâneas na terceira fase.
Clique aqui para ver o vídeo
Clique aqui para ver as fotos
O brasileiro competiu duas vezes nesta segunda-feira (3). Pela primeira fase, começou com 6.17, mas só garantiu a vitória no finalzinho com 7.13 pontos. Ele avançou com o australiano Ethan Ewing e Yago Dora foi pra repescagem. No round 3 Caio deu show.
O brasileiro, semifinalista na prova em 2019, encarou o francês Michel Bourez, campeão desse evento em 2014. A disputa foi a 14ª bateria da fase e, após um início fraco e depois de ter visto o adversário anotar 6.17, Caio pegou uma direita da série e quebrou. Com rasgadas alongadas e potentes, além de pancada na junção, colocou a primeira nota excelente no somatório, 8.17.
Michel geralmente não economiza energia no ataque às ondas, e agiu dessa forma mais uma vez. Com uma batida, um cutback e uma junção, que valeram 7.17, virou pra primeiro, porém Caio logo voltou a aprontar.
Quatro minutos após perder a liderança, o brazuca bateu, rasgou e explodiu a junção pra conquistar 8.87 e deixar o francês na necessidade de 9.97 pontos. Restavam mais de 15 minutos para o fim, mas Michel não conseguiu se recuperar, nem diminuir a vantagem para Caio, que venceu com o maior somatório do dia, 17.04. Nas oitavas de final, ele vai enfrentar Italo Ferreira que “atropelou” Adrian Buchan.
“Nossa, estou muito feliz. Parece um pouco de nostalgia de 2019, porque estou usando a mesma prancha e as condições do mar estão parecidas também”, disse Caio Ibelli. “Eu amo o que faço e quero mais eventos assim, com ondas de verdade. Sinto que competir em beach breaks (praias com fundo de areia) não é o meu forte. Aqui eu consigo me soltar e parece até que estou fazendo um freesurf (sessão de treinos), me divertindo bastante e bem relaxado. É uma sensação incrível surfar ondas de verdade e espero que continue assim”.
Italo on – A bateria foi a 13ª da fase 3 e teve um Italo Ferreira muito seguro e melhorando a cada minuto, e um Adrian Buchan tendo muita dificuldade para completar as ondas australianas do Main Break. O brasileiro abriu bem, com 6.50, ampliou com 7.00, e depois, novamente rasgando forte e fazendo a junção, colocou 6.70 e deixou o aussie na necessidade de 9.37 pontos.
Adrian então conseguiu pela primeira vez na disputa finalizar uma direita (5.00), porém Italo pegou a onda de trás e fez a maior nota do duelo até aquele momento (7.50), deixando o australiano precisando de 9.50. Mas faltava o golpe final e ele veio. O atual vice líder do ranking rasgou embaixo do lip, bateu e acertou a junção (8.07) para deixar o adversário tendo que, naquela altura do confronto, fazer quase um milagre para avançar, e ele não chegou nem perto (15.57).
“O vento aumentou um pouco na hora da minha bateria e ficou mais difícil de dropar, não dava pra ver direito, mas foi uma bateria com bastante ondas boas para surfar”, disse Italo Ferreira. “Eu adoro baterias assim, quando consigo surfar bastante para ir trocando as notas. Esse sistema de competição (overlapping heats) é bom quando tem bastante ondas. Minhas pranchas do Tico e Teco estão incríveis. Usei uma 6’2’’ hoje, mas todas são ótimas”.
Medina também nas oitavas – Outro brazuca que surfou bem e avançou no Margaret River Pro foi Gabriel Medina. O adversário começou melhor, mas foi só isso. O bicampeão mundial e líder do ranking venceu, sem sustos, a nona bateria da terceira fase com uma apresentação consistente e mostrando que não vai ser nenhuma espuminha que vai derrubá-lo.
O duelo entre surfistas de base goofy teve Connor O’Leary largando melhor (6.40), mas dali pra frente Medina foi ganhando ritmo, pegando ondas melhores e manobrando de forma mais consistente. O brasileiro começou com 3.67 e assumiu a liderança com 6.00, porém após a metade da bateria o australiano tomou a liderança com 5.17, mas só por alguns instantes.
O brasileiro logo aumentou o ritmo e com duas batidas fortes e retas anotou 7.50 indo para a liderança. Dali pra frente Connor não arrumou mais nada, enquanto Medina ainda rasgou embaixo do lip, depois executou outras duas rasgadas, mas mais lentas na parte mais cheia da onda, e foi pra junção atacar a espuma que vinha como um trem desgovernado na direção dele. Ao longo do evento muitos caíram nesse momento, mas Medina segurou o tranco, finalizou a manobra e comemorou. A nota 7.47 “fechou o caixão” do aussie. O adversário de Medina nas oitavas é o havaiano Seth Moniz.
“Estou usando a mesma prancha de ontem e ela está ótima, bem rápida. Até tive que reduzir um pouco no botton turn, mas é muito legal ter uma prancha assim, bem progressiva, sem momentos lentos, pois fico mais confiante”, contou Gabriel Medina. “Estou me sentindo bem e é muito legal ter boas ondas e várias oportunidades para surfar. O jet-ski ajuda muito também e só precisamos nos preocupar em escolher as ondas certas. Agora é seguir passo a passo, bateria por bateria, porque todo mundo no circuito é difícil de enfrentar, então vou manter meu foco”.
Abusado nas curvas – As vitórias brasileiras na terceira fase começaram com Peterson Crisanto, que não tomou conhecimento de Owen Wright. O brasileiro abusou das curvas e fez boas junções para vencer o australiano com autoridade.
Peterson começou com 7.83, pontuação conquistada com três manobras, sendo duas rasgadas alongadas e um layback na junção. A outra nota do somatório, 6.90, foi parecida, também com três manobras. O australiano tentou ser bem radical e atacar as ondas com verticalidade, mas perdeu precisando de 8.26. Peterson agora vai ter uma dura batalha. Ele enfrenta John John Florence nas oitavas de final.
“Eu gosto quando o mar está grande assim, porque consigo mostrar o meu surfe, ainda mais contra o Owen (Wright) que é um ótimo competidor”, disse Peterson Crisanto, que falou sobre o confronto com o havaiano na primeira oitava de final. “Ele (John John) está no topo aqui, mas vou dar o meu melhor. Gosto do surfe dele e muito também do Andy Irons (in memoriam), que pra mim foi um dos melhores surfistas que já vi. Eu tento me espelhar nele e venho treinando bastante para manter um alto nível de desempenho nas baterias”.
Favorito? – Para muitos ele é o surfista a ser batido no Margaret River Pro e ele segue dando motivos para isso. John John Florence voltou a fazer uma boa apresentação na etapa do mundial no oeste da Austrália, marcou outra nota excelente com curvas impressionantes e avançou.
Quando a terceira fase masculina começou, as ondas no Main Break já não tinham o tamanho do início do dia, mas ainda assim algumas séries passavam dos 2 metros e o havaiano manteve um nível de surfe muito alto.
Seu adversário, o italiano Leonardo Fioravanti, largou na frente com 8.67 após trabalhar forte numa direita do início ao fim, porém John John não se abateu e partiu pra cima. Começou a cravar a borda da sua prancha nas águas australianas, arrancou 7.67 dos juízes, depois 7.33 e na sequência 8.37, numa direita que ele começou com um layback impressionante, seguido de outras fortes manobras. Leonardo ficou mais de 30 minutos esperando uma onda, viu John John se distanciar e quando tentou dar o troco já era tarde e acabou eliminado.
Filipe e Jadson – Os outros dois brasileiros que estão na fase dos 16 melhores do evento são Filipe Toledo e Jadson André. Filipinho superou o conterrâneo Miguel Pupo na bateria que fechou a segunda-feira (3) de disputas.
Filipe começou arrasador com 8.33, depois de executar manobras de borda fortes e velozes. Miguel ainda tentou encostar com 6.50, mas o caminho foi ficando mais difícil a cada onda surfada pelo seu adversário.
Semifinalista neste evento em 2017, Filipe estava confiante no duelo e arriscava nas manobras, tentando inverter ao máximo a prancha. Ele errou em alguns momentos, mas ainda assim conseguia acertar algumas que já eram suficientes para ir trocando notas no somatório. Nos segundos finais veio outra onda completa e boa, que valeu 7.17 e a vitória pelo placar de 15.50 a 11.33.
A batalha de Jadson foi contra Yago Dora, que entrou na água três vezes nesta segunda-feira. Pela primeira fase terminou em último, mas na repescagem chegou a anotar 8.50 e avançou em segundo lugar, atrás do australiano Jack Robinson.
Pela fase três, Yago e Jadson estavam muito parecidos na escolha das ondas e nas notas. Os dois foram pra esquerda incialmente, quando a bateria ainda não tinha prioridade, e depois focaram nas direitas.
Yago ficou na frente durante grande parte da bateria, mas Jadson virou quando restavam dez minutos para o término. Yago ainda tentou reverter o resultado e chegou muito perto, quando nos segundos finais conquistou 5.47 quando precisava de 5.73 pontos.
Baixas brasileiras – Além de Yago e Miguel, o Brasil perdeu ainda Deivid Silva, Alex Ribeiro e Adriano de Souza nesta segunda-feira, os três na terceira fase. Depois de cair para a repescagem e conseguir avançar, Deivid voltou a conseguir bons ataques na junção, porém as manobras iniciais nas ondas não agradaram tanto os juízes e a melhor nota que ele conseguiu foi 6.00 pontos.
O adversário, o norte-americano Griffin Colapinto, conseguiu duas ondas na casa dos 7 pontos (7.90 e 7.77) com curvas poderosas e manobras de impacto nas junções e deixou o brazuca na necessidade de quase uma nota máxima (9.67) para reverter o resultado.
Alex também teve que superar a repescagem nesta segunda-feira, mas caiu na fase seguinte. A disputa foi parelha entre ele e Jordy Smith, e o brasileiro perdeu por apenas 0,03. O sul-africano ficou na frente, mas sem se distanciar, então o brazuca encostou e perto do fim quase virou. Os dois trocaram notas e elas só foram divulgadas após o término do confronto. Jordy conquistou 7.00 e Alex 6.77 e o placar final ficou 12.67 a 12.64 para o surfista da África do Sul.
Já Adriano surfou bem, mas não fez uma boa escolha de ondas e viu Frederico Morais se distanciar com 7.71 e 5.93 pontos. Perto do fim Adriano pegou sua melhor onda (6.70), fez uma boa rasgada, com uma curva fechada e na pressão, deu uma batida, mas agarrou um pouco no lip e quando voltou a onda já estava fechando. Mas o português ainda pegou a de trás e foi ainda melhor, ampliando a diferença e confirmando a vitória com mais 7.33 pontos.
Próxima chamada – A próxima chamada para o Margaret River Pro acontece nesta segunda-feira (3), às 20h (de Brasília). Assista às disputas ao vivo aqui no Waves.
A previsão indica que as ondas vão diminuir e devem quebrar com algo em torno de 1 metro com vento terral.
Margaret River Pro 2021
Primeira fase Masculina
Baterias realizadas no domingo (2)
1 Seth Moniz (HAV) 11.43, Kanoa Igarashi (JAP) 10.83, Alex Ribeiro (BRA) 6.00
2 Filipe Toledo (BRA) 11.50, Peterson Crisanto (BRA) 10.10, Connor O’Leary (AUS) 8.36
3 John John Florence (HAV) 17.50, Michel Bourez (FRA) 12.00, Mikey Wright (AUS) 7.50
4 Jordy Smith (AFR) 11.27, Jadson André (BRA) 7.83, Reef Heazlewood (AUS) 7.10
5 Jacob Wilcox (AUS) 15.30, Italo Ferreira (BRA) 13.76, Jack Robinson (AUS) 13.43
6 Gabriel Medina (BRA) 13.93, Adriano de Souza (BRA) 10.07, Cyrus Cox (AUS) 7.17
7 Matthew McGillivray (AFR) 17.33, Wade Carmichael (AUS) 9.60, Conner Coffin (EUA) 6.76
8 Griffin Colapinto (EUA) 13.94, Leonardo Fioravanti (ITA) 12.06, Jack Freestone (AUS) 11.84
9 Ryan Callinan (AUS) 14.46, Adrian Buchan (AUS) 7.57, Morgan Cibilic (AUS) 4.93
10 Julian Wilson (AUS) 13.07, Miguel Pupo (BRA) 11.60, Frederico Morais (POR) 7.93
Baterias realizadas nesta segunda-feira (3)
11 Owen Wright (AUS) 15.00, Jeremy Flores (FRA) 11.77, Deivid Silva (BRA) 10.00
12 Caio Ibelli (BRA)13.30, Ethan Ewing (AUS) 12.63, Yago Dora (BRA) 11.50
Repescagem Masculina
1 Conner Coffin (EUA)14.00, Alex Ribeiro (BRA) 9.94, Cyrus Cox (AUS) 6.87
2 Deivid Silva (BRA) 13.03,Frederico Morais (POR) 12.43, Reef Heazlewood (AUS) 10.77
3 Jack Robinson (AUS) 14.17, Yago Dora (BRA) 13.00, Mikey Wright (AUS) 12.06
4 Morgan Cibilic (AUS) 14.74, Connor O’Leary (AUS) 14.43, Jack Freestone (AUS) 11.16
Round 3 Masculino
1 John John Florence (HAV) 16.04 x 11.00 Leonardo Fioravanti (ITA)
2 Peterson Crisanto (BRA) 14.76 x 12.60 Owen Wright (AUS)
3 Griffin Colapinto (EUA) 15.67 x 10.40 Deivid Silva (BRA)
4 Jeremy Flores (FRA) 17.00 x 16.50 Jack Robinson (AUS)
5 Jordy Smith (AFR) 12.67 x 12.64 Alex Ribeiro (BRA)
6 Julian Wilson (AUS) 12.67 x 10.46 Wade Carmichael (AUS)
7 Ryan Callinan (AUS) 15.00 x 8.80 Ethan Ewing (AUS)
8 Frederico Morais (POR) 14.50 x 12.30 Adriano de Souza (BRA)
9 Gabriel Medina (BRA) 14.97 x 11.57 Connor O’Leary (AUS)
10 Seth Moniz (HAV) 15.03 x 14.84 Morgan Cibilic (AUS)
11 Matthew McGillivray (AFR) 14.06 x 11.83 Conner Coffin (EUA)
12 Kanoa Igarashi (JAP) 14.76 x 14.33 Jacob Willcox (AUS)
13 Italo Ferreira (BRA) 15.57 x 10.50 Adrian Buchan (AUS)
14 Caio Ibelli (BRA) 17.04 x 13.24 Michel Bourez (FRA)
15 Jadson André (BRA) 10.90 x 10.64 Yago Dora (BRA)
16 Filipe Toledo (BRA) 15.50 x 11.33 Miguel Pupo (BRA)
Oitavas de final
1 John John Florence (HAV) x Peterson Crisanto (BRA)
2 Griffin Colapinto (EUA) x Jeremy Flores (FRA)
3 Jordy Smith (AFR) x Julian Wilson (AUS)
4 Ryan Callinan (AUS) x Frederico Morais (POR)
5 Gabriel Medina (BRA) x Seth Moniz (HAV)
6 Matthew McGillivray (AFR) x Kanoa Igarashi (JAP)
7 Italo Ferreira (BRA) x Caio Ibelli (BRA)
8 Jadson André (BRA) x Filipe Toledo (BRA)
Primeira fase Feminina
1 Tatiana Weston-Webb (BRA) 11.77, Macy Callaghan (AUS) 10.84, Keely Andrew (AUS) 8.67
2 Amuro Tsuzuki (JAP) 11.56, Caroline Marks (EUA) 11.33, Malia Manuel (HAV) 8.77
3 Carissa Moore (HAV) 13.66, Nikki Van Dijk (AUS) 7.43, Willow Hardy (AUS) 6.43
4 Brisa Hennessy (COS) 11.00, Isabella Nichols (AUS) 7.93, Stephanie Gilmore (AUS) 7.13
5 Sally Fitzgibbons (AUS) 12.10, Tyler Wright (AUS) 11.50, Sage Erickson (EUA) 6.96
6 Johanne Defay (FRA) 12.10, Bronte Macaulay (AUS) 8.33 ,Courtney Conlogue (EUA) 7.33
Repescagem Feminina
1 Stephanie Gilmore (AUS), Malia Manuel (HAV) e Willow Hardy (AUS)
2 Courtney Conlogue (EUA), Keely Andrew (AUS) e Sage Erickson (EUA)
Ranking depois de três etapas
Masculino
1 Gabriel Medina (BRA) 25.600 pontos
2 Italo Ferreira (BRA) 19.405
3 John John Florence (HAV) 14.650
4 Kanoa Igarashi (JPN) 12.810
4 Conner Coffin (EUA) 12.810
6 Morgan Cibilic (AUS) 12.160
7 Jordy Smith (AFR) 11.385
8 Filipe Toledo (BRA) 10.735
8 Griffin Colapinto (EUA) 10.735
8 Frederico Morais (PRT) 10.735
11 Yago Dora (BRA) 9.395 pontos
13 Caio Ibelli (BRA) 7.970
15 Deivid Silva (BRA) 7.405
18 Jadson André (BRA) 6.905
20 Adriano de Souza (BRA) 6.340
22 Peterson Crisanto (BRA) 5.980
22 Miguel Pupo (BRA) 5.980
32 Alex Ribeiro (BRA) 2.925
Feminino
1 Carissa Moore (HAV) 23.885 pontos
2 Caroline Marks (EUA) 18.695
3 Tatiana Weston-Webb (BRA) 16.495
4 Tyler Wright (AUS) 15.220
5 Stephanie Gilmore (AUS) 14.235
6 Sally Fitzgibbons (AUS) 13.440
6 Courtney Conlogue (EUA) 13.440
8 Johanne Defay (FRA) 12.100
9 Keely Andrew (AUS) 11.875
10 Isabella Nichols (AUS) 11.455)