O Brasil já tem três surfistas classificados para as oitavas de final masculinas do MEO Pro Portugal. Um deles estará nas quartas, já que Italo Ferreira e Miguel Pupo disputarão a primeira bateria da fase. Filipe Toledo também avançou neste sábado (5) e terá pela frente o novato Jake Marshall, dos Estados Unidos. Samuel Pupo e João Chianca foram eliminados.
Clique aqui para ver as fotos
Clique aqui para ver o vídeo
O terceiro dia da etapa portuguesa do CT 2022 começou com as mulheres. As cinco baterias iniciais das oitavas de final foram realizadas, mas a maré secou em Supertubos, as condições para o surfe pioraram e a WSL paralisou a competição. Duas horas depois a prova foi reiniciada e Tatiana Weston-Webb venceu e se garantiu nas quartas.
Os homens foram para a água logo após o término das oitavas femininas. O Round 3 começou com Italo Ferreira na água. O brasileiro ficou muito ativo no duelo, surfou 11 ondas e venceu com ataques verticais e de borda.
Italo abriu a bateria errando um aéreo de frontside (1.17), e na sequência pegou um tubo pra esquerda, mas caiu no ataque à junção (3.33). Depois o brasileiro conquistou duas notas de backside (4.83 e 5.83) para ficar mais confortável na liderança. Enquanto isso, Imaikalani não fazia uma boa escolha de ondas e cometia pequenos erros nas que surfava.
A bateria entrou nos dez minutos finais com o havaiano na necessidade de 6.66 pontos para assumir a liderança. Porém, Italo executou uma rasgada e uma batida forte na junção de uma esquerda e colocou mais 6.00 pontos no somatório. A atuação do brasileiro deixou o havaiano na necessidade de 7.80 pontos. Imaikalani só surfou mais uma onda até o final e não chegou perto da virada.
Italo agora terá um adversário brasileiro no caminho para tentar o seu terceiro título em Portugal. Ele, que foi campeão em 2018 e 2019, enfrentará Miguel Pupo nas oitavas.
“Foi uma bateria difícil. Tive uns pequenos erros no início da bateria, mas no final eu consegui ajustar, repensar um pouco e consegui reconstruir o score. Eu poderia ter feito isso desde o início da bateria, mas é isso. Devagarinho vou construir meu castelo e na próxima vou com mais calma, mas também não quero dar chance pra ninguém”, diz Italo com exclusividade ao Waves.
Perguntado sobre a diferença das condições nos treinos para a competição, ele comentou: “Eu queria ter surfado tubos e ter dado aéreos. Realmente durante meus treinos, antes de começar o campeonato, era basicamente isso, uma combinação de um tubo bom e depois um aéreo no final. Nas baterias só tive a opção de dar um aéreo ou pegar um tubo, mas espero que nas próximas eu tenha essa chance”.
Sobre a estratégia na bateria, que ele venceu nas manobras de borda e verticais, Italo falou: “É legar ir construindo e fazendo as baterias sem deixar janelas abertas para o adversário. Eu tive um erro ali que poderia me custar caro, mas passou e isso é bom para aprender”.
Batalha dos Pupos – A experiência falou mais alto na bateria seguinte. Miguel Pupo venceu o irmão Samuel. Miguel, o mais velho deles e com mais experiência na elite do surfe, pegou seis ondas. Já o novato no CT, Samuel, surfou 14 no total.
Samuel abriu o duelo com três manobras numa esquerda que valeram 4.33 pontos. Logo depois Miguel surfou de frontside, rasgou forte, executou uma batida vertical e partiu para a junção, porém a rabeta desgarrou e ele caiu. A nota foi 5.67. O irmão mais novo seguiu ativo e com seis minutos de duelo entrou em ação novamente, para arrancar 4.90 com duas batidas.
Miguel pegou a liderança perto da metade da bateria. Ele fez três manobras numa esquerda, sendo a melhor a primeira, uma rasgada forte (4.00). Samuel seguiu ativo e um minuto depois quase virou, quando precisava de 4.78 pontos e recebeu 4.60.
De tanto tentar, Samuel achou uma direita mais limpa e executou duas batida em sequência. Ele vibrou após a apresentação e foi pra liderança com a nota 6.00 pontos. Mas Miguel respondeu rapidamente. Dois minutos depois o irmão mais experiente acelerou numa esquerda e decolou com rotação. Miguel comemorou. Ele precisava de 5.24 pontos e virou com 6.20.
Samuel ainda tentou voar duas vezes, mas errou e se despediu da competição. Entre essas ondas, Miguel ainda bloqueou o irmão, usando a prioridade. A vitória foi pelo placar de 11.87 a 10.90. Miguel e Samuel se abraçaram na saída do mar e deixaram lá dentro a veia competitiva entre eles.
“Hoje acabou dando tudo certo. A minha estratégia era escolher as esquerdas, e eu sabia que ele ficaria nas direitas, então acredito que foi uma troca franca. A gente ficou surfando, a gente estava bem nervoso, e no final eu peguei aquela onda e fui para o tudo ou nada. Falei: ‘Se eu completar o aéreo eu avanço, se eu errar eu perco amarradão também”, diz Miguel em entrevista exclusiva ao Waves.
“A gente talvez não tenha dado o show que a gente queria tanto, mas é isso, bateria é bateria. Toda bateria é uma história diferente, nem sempre dá pra dar o seu melhor e sempre acaba avançando quem competiu melhor, então eu soube aproveitar as ondas que eu peguei e acabei avançando”, fala Miguel, que ainda comenta sobre o irmão. “Sei que ele está feliz também. Acho que esse não é um mau resultado pra ele. Com certeza são bons pontos pra ele no ranking. Ele já está em décimo, então ele já está mostrando que entrou no CT com muita força. Espero que na Austrália ele faça algumas finais”.
Filipe atropela Owen – O outro brasileiro classificado para as oitavas de final é Filipe Toledo. Ele surfou muito bem e passou sem dificuldades por Owen Wright na terceira fase do MEO Pro Portugal. O campeão da etapa de 2015 mostrou sintonia com o pico de Supertubos, executou fortes manobras tanto de frontside quanto de back, e despachou o australiano que perdeu na necessidade de 15.44 pontos.
O brasileiro abriu o duelo aos quatro minutos. Ele dropou numa direita, rasgou forte, bateu pra ganhar a seção e aplicou outra pancada, dessa vez na junção. A nota foi 7.67 pontos. Os dois surfistas continuaram ativos, com o Filipe sempre melhor.
O brasileiro abriu larga vantagem no placar perto da metade da bateria de 30 minutos. A ação dessa vez foi numa esquerda. Ele rasgou, depois bateu duas vezes para colocar mais 7.77 pontos no somatório. Owen passou a necessitar de duas ondas para vencer, mas seguiu sem mostrar seu melhor surfe. O brasileiro voltou a aplicar boas manobras de backside, mas os 7.33 não entraram no resultado, que foi 15.44 a 9.40.
“A bateria foi boa, eu consegui fazer um bom trabalho, ainda mais contra o Owen, que é um surfista bem perigoso. Estou amarradão de ter passado! As condições estão bem divertidas! Está um pouco menor o mar do que nos outros dias, mas está bem lisinho e pra fazer as manobras está muito bom”, comenta Filipe em entrevista exclusiva ao Waves.
“A previsão está bem difícil na verdade, ela muda a cada dois dias. A gente não esperava que o mar fosse estar assim, principalmente agora a tarde, que era, supostamente, pra dar uma subida. Mas a gente vai ver no que vai dar. A gente quando chega na praia já tem alguma estratégia montada, e eu acho que é surfar meus 100%, dar o meu melhor, ir bateria por bateria, e tentar surfar com a prancha mágica no evento todo”, complementa o brasileiro, que finaliza falando sobre a torcida.
“É muito legal estar de volta com a praia lotada assim, depois de quase dois anos sem ter muita gente. Então estou amarradão de poder estar aqui de volta, principalmente Portugal que é um lugar que eu gosto muito. Praia lotada não tem preço, é muito legal, esse feeling da galera, essa energia. Vamos pra cima!”.
João eliminado – A segunda baixa brasileira no dia foi com João Chianca. O novato na elite não achou as melhores ondas da disputa e perdeu para Conner Coffin. O sétimo duelo da terceira fase começou com três esquerdas, as duas primeiras surfadas por Conner, que foi vertical (7.17 e 5.67). João seguiu o nível de performance e, mesmo numa onda pior, também fez um ataque agressivo (6.57).
O brasileiro tentou encostar no placar, primeiro com 4.57 pontos e depois com 5.93, mas o norte-americano mostrou mais sintonia com Supertubos, aumentou um pouco a distância com 6.00 e venceu por 13.17 a 12.50.
Líder se despede – O dia marcou a queda dos líderes do ranking. A costa-riquenha Brisa Hennessy e o havaiano Barron Mamiya se despediram da competição. Ela caiu para a norte-americana Courtney Conlogue, e ele perdeu para o sul-africano Jordy Smith.
Outros brasileiros – A intenção da WSL era realizar a terceira fase masculina em baterias simultâneas, porém as séries estavam demoradas e eles mudaram de ideia. Com isso, apenas nove baterias masculinas foram realizadas. Dois brasileiros ainda competirão no round. Jadson André encara o norte-americano Griffin Colapinto na 15ª disputa, e Caio Ibelli fecha a fase num duelo contra Kelly Slater, dos Estados Unidos.
Próxima chamada – A próxima chamada para o MEO Pro Portugal acontece neste domingo (6), às 4h50 (de Brasília). A previsão indica ondas um pouco maiores que as deste sábado, e que o vento terral vai soprar durante grande parte do dia, podendo mudar para lateral/terral durante a tarde.
MEO Pro Portugal
Round 3 Masculino
1 Italo Ferreira (BRA) 11.83 x 8.03 Imaikalani deVault (HAV)
2 Miguel Pupo (BRA) 11.87 x 10.90 Samuel Pupo (BRA)
3 Jordy Smith (AFR) 10.20 x 9.36 Barron Mamiya (HAV)
4 Connor O’Leary (AUS) 12.57 x 12.50 Morgan Cibilic (AUS)
5 Filipe Toledo (BRA) 15.44 x 9.40 Owen Wright (AUS)
6 Jake Marshall (EUA) 12.93 x 9.00 Leonardo Fioravanti (ITA)
7 Conner Coffin (EUA) 13.17 x 12.50 João Chianca (BRA)
8 Callum Robson (AUS) 11.93 x 11.34 Jack Robinson (AUS)
9 Kanoa Igarashi (JAP) 12.17 x 9.53 Justin Becret (FRA)
10 Ezekiel Lau (HAV) x Frederico Morais (PRT)
11 Ethan Ewing (AUS) x Nat Young (EUA)
12 John John Florence (HAV) x Ryan Callinan (AUS)
13 Seth Moniz (HAV) x Jackson Baker (AUS)
14 Kolohe Andino (EUA) x Lucca Mesinas (PER)
15 Griffin Colapinto (EUA) x Jadson André (BRA)
16 Kelly Slater (EUA) x Caio Ibelli (BRA)
Oitavas de final
Baterias já formadas
1 Italo Ferreira (BRA) x Miguel Pupo (BRA)
2 Jordy Smith (AFR) x Connor O’Leary (AUS)
3 Filipe Toledo (BRA) x Jake Marshall (EUA)
4 Conner Coffin (EUA) x Callum Robson (AUS)
Oitavas de final Femininas
1 Johanne Defay (FRA) 11.10 x 9.04 Molly Picklum (AUS)
2 Stephanie Gilmore (AUS) 11.00 x 10.27 Sally Fitzgibbons (AUS)
3 Courtney Conlogue (EUA) 10.26 x 7.50 Brisa Hennessy (CRI)
4 Lakey Peterson (EUA) 10.54 x 9.06 Isabella Nichols (AUS)
5 Carissa Moore (HAV) 13.17 x 8.07 Bronte Macaulay (AUS)
6 Tyler Wright (AUS) 14.17 x 6.20 Gabriela Bryan (HAV)
7 Tatiana Weston-Webb (BRA) 14.83 x 10.83 Luana Silva (HAV)
8 India Robinson (AUS) 10.34 x 9.73 Malia Manuel (HAV)
Quartas de final
1 Johanne Defay (FRA) x Stephanie Gilmore (AUS)
2 Courtney Conlogue (EUA) x Lakey Peterson (EUA)
3 Carissa Moore (HAV) x Tyler Wright (AUS)
4 Tatiana Weston-Webb (BRA) x India Robinson (AUS)
Top-22 do WSL Championship Tour 2022 – 2 etapas
1 Barron Mamiya (HAV) – 13.320 pontos
2 Kanoa Igarashi (JPN) – 12.545
2 Seth Moniz (HAV) – 12.545
4 Caio Ibelli (BRA) – 12.170
5 Kelly Slater (EUA) – 11.330
6 Ethan Ewing (AUS) – 7.415
7 Filipe Toledo (BRA) – 6.640
7 Jordy Smith (AFR) – 6.640
9 Miguel Pupo (BRA) – 6.350
10 John John Florence (HAV) – 6.075
10 Jack Robinson (AUS) – 6.075
10 Ezekiel Lau (HAV) – 6.075
10 Jake Marshall (EUA) – 6.075
10 Samuel Pupo (BRA) – 6.075
10 Lucca Mesinas (PER) – 6.075
16 Italo Ferreira (BRA) – 4.650
16 Leonardo Fioravanti (ITA) – 4.650
16 Deivid Silva (BRA) – 4.650
16 Matthew McGillivray (AFR) – 4.650
16 Connor O´Leary (AUS) – 4.650
16 Kolohe Andino (EUA) – 4.650
16 Callum Robson (AUS) – 4.650
16 Nat Young (EUA) – 4.650
16 João Chianca (BRA) – 4.650
Outros brasileiros
25 Jadson André (BRA) – 3.585 pontos
35 Miguel Tudela (PER) – 1.330
38 Gabriel Medina (BRA) – 530
38 Yago Dora (BRA) – 530
Top-10 do WSL Championship Tour 2022 – 2 etapas
1 Brisa Hennessy (CRI) – 14.745 pontos
2 Malia Manuel (HAV) – 12.545
3 Moana Jones Wong (HAV) – 11.045
4 Carissa Moore (HAV) – 10.410
5 Johanne Defay (FRA) – 9.490
6 Tyler Wright (AUS) – 8.695
6 Lakey Peterson (EUA) – 8.695
6 Gabriela Bryan (HAV) – 8.695
6 Bettylou Sakura Johnson (HAV) – 8.695
10 Isabella Nichols (AUS) – 7.355
14 Tatiana Weston-Webb (BRA) – 5.220