De tempos em tempos, normalmente após um campeonato, surge a questão: será que esta foi a última prova de Kelly Slater? O fato é que, de todas as vezes que isso foi afirmado com muitas certezas, e até mesmo sugerido pelo próprio Slater, ele acabou sempre por voltar para só mais uma prova, e mais uma, e mais uma.
E porquê? Slater tem uma carreira incomparável, e a idade pesa no corpo: “tenho muitas lesões. Tenho dores nas costas todos os dias, o meu pé é um problema sério”. Não seria lógico que se quisesse se retirar das baterias?
É sabido que um dos motivos que leva o Goat a continuar é o objetivo de coroar a sua já brilhante carreira com a qualificação para os Jogos Olímpicos de Paris. Mas, em conversa no The Ryan Russillo Podcast, Slater revelou que os motivos vão um pouco além disso.
“Só tenho esta chance na vida para fazê-lo”, explica. Sabe que já não tem os resultados que tinha no passado, e que a evolução no surfe tem sido extremamente rápida, mas sente que vale a pena quando pessoas da sua idade dizem que ele é uma inspiração. “Se consigo dar isso às pessoas, então vale a pena”, diz, afirmando também que vai “continuar até estar completamente desgastado. Sinto-me como uma mosca na parede”, diz.
Slater fala sobre a sua vitória em Pipeline, a seis dias de completar 50 anos, e partilha que “foi um sentimento incrível”, que só é possível para quem “passou a vida trabalhando para alguma coisa”.
Admite que uma parte de si desejava ter terminado a carreira ali, como líder do ranking, “e sair no topo”. Mas considera que isso era “o ego a falar”, e que, na verdade, ainda tem muito amor pela competição, mesmo que não seja tanto como quando era mais jovem. Agora, sente-se mais “como uma mosca na parede a observar a evolução do surfe”.
Slater fala também sobre outros temas ao longo do podcast, como a sua relação com Andy Irons, e o fato de terem feito muito “parte da história competitiva um do outro”. “Ele trazia à tona o melhor de mim”, diz, “e eu acho que trazia à tona o melhor dele”.
Fala também sobre como foi o processo da perda de cabelo, afirmando que o fato de ser uma figura pública tornou a situação muito mais pesada. “As pessoas gozavam comigo. Estava muito stressado e muito triste. Eu literalmente via o meu cabelo cair para a almofada”. Agora, contudo, está “muito feliz, careca”, e garante: “adoro”.
O episódio pode ser ouvido na íntegra no Spotfy.