Billabong Pipe Masters

John John vence em casa

Havaiano John John Florence fatura pela primeira vez o Billabong Pipe Masters com virada na final para cima de Gabriel Medina.

Billabong Pipe Masters 2020, North Shore de Oahu, Havaí

Billabong Pipe Masters 2020, North Shore de Oahu, Havaí

John John Florence vence pela primeira vez o Billabong Pipe Masters.

O troféu do Billabong Pipe Masters ficou no Havaí. John John Florence virou pra cima de Gabriel Medina na final, e venceu pela primeira vez um evento da elite no quintal de casa, a onda de Pipeline, no lado norte da ilha de Oahu.

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John John foi o melhor surfista das finais, disputadas neste domingo (20) em ondas de até 2 metros, marcando seis notas excelentes no caminho para a bateria mais importante do evento. Na finalíssima, ele virou o resultado nos últimos cinco minutos em cima do brasileiro, que fazia sua quinta decisão no Pipe Masters e tentava o segundo título.

Medina começou melhor a final, e deixou seu adversário solto durante toda a disputa. Foi assim que John John encostou no placar, quando fez um tubo para o Backdoor durante a prioridade do brasileiro. Nos minutos finais, novamente quando Medina tinha o direito de escolha da onda, o havaiano foi pra esquerda e passou pra frente no placar. O brasileiro tentou dar o troco, mas ficou dentro de uma esquerda, e ainda viu o adversário fazer outro canudo pra direita e ampliar a vantagem. Placar final: 11.77 a 11.10.

“Estou feliz em ter feito a final. Eu caí na melhor onda, que foi o meu erro, mas estou feliz pela minha performance”, diz Gabriel Medina. “É muito bom estar competindo. Fico orgulhoso por ter surfado altas ondas nesse campeonato e estou animado para os próximos eventos. Foi muito bom começar bem o ano e que Deus me abençoe no restante da temporada. Mas, é bateria por bateria, campeonato por campeonato e espero fazer o meu melhor, sempre”, completa o brasileiro.

Gabriel Medina fez a quinta final no Billabong Pipe Masters.

“Nem consigo acreditar. Estou na Lua agora, porque eu queria muito vencer esse evento”, comemora John John Florence. “Esse é o meu primeiro Pipe Master e estou muito feliz pela vitória. Foi uma bateria difícil, mas eu acreditava que ia conseguir umas ondas no Backdoor que poderiam fazer a diferença. Estou feliz por ter ganhado do Gabriel (Medina). Sempre quando a gente compete, sai fogo, é selvagem. Vencer aqui é meu sonho desde criança. Já tinha perdido algumas finais e estou muito feliz agora, sem palavras para descrever o que sinto.”

John John Florence e Gabriel Medina logo após o término da final.

Show de John John – O havaiano chegou com moral na finalíssima. Antes, ele escovou o norte-americano Kelly Slater na semi, e atropelou o italiano Leonardo Fioravanti nas quartas. Em cada uma dessas baterias, John John marcou três notas excelentes.

Caminho sem brilho – Ao contrário do havaiano, que começou o dia já classificado para as quartas de final, Medina teve que lutar para passar das oitavas. O confronto entre ele e Jack Freestone, o sétimo do round, teve um final tenso. Os dois ficaram muito ativos no início, mas depois que o bicampeão mundial e campeão do Billabong Pipe Masters fez um tubo, controlando bem a prancha lá dentro de Backdoor, e outro pra Pipeline (5.33 e 4.00), o australiano preferiu mudar a tática e passou a esperar ondas melhores, pois ele precisava de 8.60 para vencer.

Quando restavam nove minutos, o aussie passou por dentro da direita e fez duas manobras, conquistando 5.77. A partir daí ele passou a precisar de 3.56, e quando restavam seis minutos, ele tinha a prioridade.

Gabriel Medina de olho no série.

O tempo foi passando até que quando faltavam apenas 30 segundos, o australiano pegou uma direita da série e andou lá dentro, a onda correu e ele tentou sair pelo “dogdoor”, e quase conseguiu, porém foi derrubado. Na onda seguinte Medina foi pra Pipe, andou por uma parte limpa, passou no gás por uma seção espumada, e saiu tranquilo, já com a vaga garantida para as quartas de finais, para encarar o japonês Kanoa Igarashi.

No duelo entre eles, o brasileiro pegou várias ondas da série, mas elas balançavam perto da saída e ele não conseguia completar, porém manteve a liderança até os 12 minutos finais. O japonês conseguiu passar pra frente com um canudo pra Backdoor, que não foi fundo, mas que valeu 2.78.

Medina precisava de 3.90 e teve sangue frio para esperar uma onda boa até os dois minutos finais, quando virou com 5.00 e carimbou a vitória com mais 4.13 na sequência.

Caminho até a semi brasileira – A segunda semifinal marcou o encontro dos finalistas do Billabong Pipe Masters de 2019, Gabriel Medina e Italo Ferreira. Assim como Medina, Italo teve que passar também pelas oitavas neste domingo, e a batalha foi contra Ryan Callinan.

Italo Ferreira encontra novamente com Gabriel Medina no Billabong Pipe Masters.

O atual campeão mundial ficou muito ativo, e o australiano mais seletivo, porém aos 23 minutos, Italo fez um canudo para a esquerda, decolou e ainda executou uma batida. A nota foi 6.00 pontos.

O aussie passou a pegar mais ondas, porém não achava nada de impacto, e a melhor chance que teve, quando faltavam três minutos para o término, foi pra Pipeline e fez o tubo, porém com certa dificuldade, e depois voou e aterrissou de rabeta, demorando para completar o giro. Italo surfou a de trás, fez um tubo melhor e mais difícil, e acertou um aéreo full rotation. A nota de Ryan foi 3.40 e a do brasileiro 7.00. Vitória de Italo pelo placar de 13.00 a 5.27.

Italo Ferreira para na semi.

Sangue e classificação – Na semi, a batalha de Italo foi contra o bicampeão do Billabong Pipe Masters, Jeremy Flores. O brazuca começou com ondas maiores, mas sem completar os tubos, e após a segunda, foi explodido por uma série, e bateu com a cabeça e as costas na bancada. Pelas imagens deu para perceber sangue na cabeça dele, mas o campeão mundial ficou na água e fez a primeira nota consistente da bateria, 5.33, conquistada com um tubo pra Pipeline.

O tempo passava e Jeremy não conseguia nada. Aos 15 minutos, Italo fez outro canudo pra Pipe, deu duas rasgadas, uma batida, e, pra finalizar, já com a onda bem pequena, voou num reverse, e sentiu muita dor. A nota foi 7.17 pontos. O brasileiro foi atendido pelos médicos na beira d’água e voltou pro pico.

Italo Ferreira sai da bateria com muitas dores.

Jeremy precisava de duas ondas para virar, e quando faltavam nove minutos passou por dentro da direita, mas não ficou deep, porém diminuiu a diferença com 4.93, passando a precisar de 8.41. A decisão ficou nos instantes finais.

Com pouco mais de um minuto para o fim, o francês pegou uma para Backdoor, e logo depois fez outro tubo, mas ainda mais curto. Logo saíram as notas (5.60 e 4.27) e elas não mudaram o placar e o brasileiro avançou para a semi.

Medina e Italo na briga pela vaga na final – Italo foi para o duelo brasileiro com um colete, devido ao impacto que teve com os corais na bateria das quartas. Ele não acertou nas duas primeiras tentativas, e viu o Medina começado com um tubo limpo, seguido de baforada na saída, para largar com 7.00 pontos. Depois de quase dez minutos sem ação, Medina usou a prioridade, mas não fez a onda, já Italo foi na de trás, fez um tubo, além de duas manobras, e anotou 7.37.

Porém Medina logo deu o troco e voltou para a liderança com outro tubo para Pipeline, que valeu 5.60, deixando Italo na necessidade de 5.60. Nos segundos finais, Italo forçou o Medina a ir numa onda fraca, e ainda teve tempo de pegar uma boa, mas caiu na saída e se despediu do Billabong Pipe Masters com a terceira posição.

“Foi legal ter competido com o Italo”, revela Gabriel Medina. “Ele é um surfista excelente, a gente sempre tem boas baterias e dessa vez foi pro meu lado. Fico feliz, mas o ano está só começando. Vão vir várias outras baterias ainda, então é continuar trabalhando para me manter no topo.”

Gabriel Medina concentrado antes da semi.

Miguel e Jadson caem nas quartas – O Brasil chegou ao último dia do Billabong Pipe Masters com quatro surfistas, mas dois caíram nas oitavas de final. A disputa entre Miguel Pupo e Jeremy Flores, pela fase, foi fraca de ondas. Os dois tentaram várias vezes, mas a única nota acima de dois pontos só saiu nos minutos finais, e foi do francês.

O brasileiro liderava, sem folga, e quando faltavam sete minutos, o francês virou com uma onda 2.97 pontos. Miguel passou a precisar de 2.32, e perto do fim foi em busca da nota, porém a onda não foi boa, e, para piorar, Jeremy pegou a de trás e fez um bom tubo pra direita, colocando mais 5.83 no somatório, e escrevendo seu nome nas quartas de finais.

Miguel Pupo fica em nono lugar.

Jadson André caiu para Kanoa Igarashi. O brazuca começou tentando as manobras e não conseguiu se distanciar. O japonês esperou pouco mais de dez minutos para dropar a sua primeira, e abriu com uma direita que valeu 5.50. A bateria seguiu sem alterações, até que aos 25 minutos Kanoa foi pra esquerda, passou por dentro e garantiu mais 6.83 pontos.

O brasileiro ficou precisando de duas ondas para reverter o placar, e começou a correr atrás dos pontos. Quando faltavam oito minutos para o término, ele fez um canudo pra Pipe e voou alto num reverse. A nota 6.77 colocou-o de volta na briga. Ele foi em busca dos 5.57 que necessitava, indo novamente pra canhota.

Jadson dropou e entrou no tubo por trás do pico, sumiu e surpreendeu muita gente ao aparecer em pé na prancha. Então o brasileiro rasgou e fez uma junção, porém a nota 4.77 não mudou o placar e ele foi eliminado por 12.33 a 11.54.

Jadson André fica nas oitavas de final.

Duelo de gerações – As oitavas de finais tiveram um duelo de gerações. Um surfista com 11 títulos mundiais e sete do Pipe Masters, e o outro que está estreando na elite nessa temporada. Num dos confrontos mais aguardados das oitavas de final do Billabong Pipe Masters, o norte-americano Kelly Slater (48) eliminou e o australiano Jack Robinson (22).

Kelly abriu a quarta bateria das oitavas aos três minutos com um tubo fundo pra Pipeline, e ainda executou uma rasgada, um snap e um batida. A nota 6.50 foi uma boa largada, mas Jack correu para dar o troco, pegou um tubo pra Backdoor e ainda deu uma pancada na junção, ganhando 4.17 dos juízes.

Kelly Slater tenta controlar a prancha na saído do tubo de Pipeline.

O tempo foi passando, e aos 11 minutos Kelly se distanciou no placar. O norte-americano foi para a direita de Backdoor, fez um bom barrel e partiu pra junção, porém caiu e quebrou a prancha. O multicampeão saiu da água, pegou sua prancha reserva, outra quadriquilha com um estabilizador, e voltou para água com mais 7.17 no somatório.

O caminho para o australiano ficou mais longo, pois ele passou a precisar de 9.50 pra reverter o placar. Porém ele voltou para o jogo aos 26 minutos com outro canudo pra Backdoor, que valeu 7.50 pontos, diminuindo a diferença e passando a necessitar de 6.17.

Mas o mar ficou bem devagar depois disso, e a melhor chance que o aussie teve de virar foi nos dois minutos finais, porém ele não saiu do tubo na direita e foi eliminado pelo placar de 13.67 a 11.67.

Próxima etapa – A próxima etapa do circuito da elite do surfe mundial acontece também em Oahu, no Havaí. O Sunset Open rola entre os dias 19 e 28 de janeiro e terá disputas masculinas e femininas.

Billabong Pipe Masters

Final
Campeão John John Florence (HAV) 11.77
Vice-campeão Gabriel Medina (BRA) 11.10

Semifinais

1 John John Florence (HAV) 18.16 x 0.00 Kelly Slater (EUA) – Interferência
2 Gabriel Medina (BRA) 12.60 x 8.57 Italo Ferreira (BRA)

Quartas de final

1 John John Florence (HAV) 17.67 x 10.17 Leonardo Fioravanti (ITA)
2 Kelly Slater (EUA) 6.23 x 1.90 Jordy Smith (AFR)
3 Italo Ferreira (BRA) 12.50 x 3.66 Jeremy Flores (FRA)
4 Gabriel Medina (BRA) 9.13 x 7.06 Kanoa Igarashi (BRA)

Oitavas de final (baterias realizadas no domingo)

4 Kelly Slater (EUA) 13.67 x 11.67 Jack Robinson (AUS)
5 Italo Ferreira (BRA) 13.00 x 5.27 Ryan Callinan (AUS)
6 Jeremy Flores (FRA) 8.80 x 4.83 Miguel Pupo (BRA)
7 Gabriel Medina (BRA) 11.56 x 6.67 Jack Freestone (AUS)
8 Kanoa Igarashi (JAP) 12.33 x 11.54 Jadson André (BRA)

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