Brasil sofre apenas uma baixa no quinto dia do Pro Bells Beach, e numa bateria entre dois atletas que defendem a bandeira verde e amarela. Sexta-feira (15) começa com condições clássicas no pico australiano e Filipe Toledo, Miguel Pupo e Italo Ferreira escrevem seus nomes nas quartas de final da etapa.
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O dia começou com o mar bombando séries de cerca de 1,5 metro, e com show de backside nas direitas de Bells Beach. O australiano Owen Wright foi intenso e agressivo nas manobras na primeira bateria das oitavas, e venceu o norte-americano Nat Young. Porém logo na segunda disputa as séries ficaram escassas. Os aussies Ethan Ewing e Jackson Baker surfaram poucas direitas. Ethan pegou três e venceu com direito a nota 8.00 pontos. Jackson entrou em apenas duas ondas, uma delas fraca (1.83), e acabou eliminado.
“Ontem foi um dia muito emocionante para mim. Eu sei como é difícil se manter na linha. Nesse estágio da minha carreira seria bem difícil voltar para o QS, mas o QS tem belos lugares, bons locais com ondas. Mas senti muita pressão ontem. Hoje me sinto muito melhor e um pouco mais solto, pronto para mostrar meu surfe. Estou super empolgado de ter avançado. Todas as baterias, todos esses caras, esses atletas precisam muito disso. Eu amo competir. Aqui é um lugar, onde eu tenho surfado há muito tempo. No último ano foi difícil mudar meu surfe para lugares diferentes, mas sim, sinto que tive que voltar para meu estilo de surfe e isso em se encaixando”, diz Owen, que não conseguiu terminar 2021 dentro do grupo de reclassificados, mas que recebeu convite da WSL para competir em 2022. Ele não está bem no ranking e pode sair da elite no corte de meio de temporada.
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Filipe na liderança do ranking – A terceira disputa também não teve muitas séries, mas Filipe Toledo garantiu o Brasil nas quartas de final do Pro Bells Beach. O vice-campeão da última etapa realizada no pico australiano fez um surfe impecável, de rasgadas e batidas, e superou o australiano Connor O’Leary.
Os dez minutos iniciais passaram e nenhuma direita foi surfada, porém a WSL não reiniciou o duelo. Logo em seguida Filipinho abriu a disputa. A onda foi rápida e o brasileiro não conseguiu chegar na parede aberta.
Dois minutos depois entrou uma série e Connor foi na primeira onda. Ele executou três rasgadas no outside, sendo uma expressiva, e fez também uma batida na junção do inside. A nota foi 6.17 pontos. Filipinho surfou a direita seguinte da mesma série. O brasileiro fez duas manobras potentes na abertura, e ainda trabalhou até o inside para dar uma batida. A apresentação valeu 7.57.
Mesmo tendo surfado depois de Connor, Filipe conseguiu chegar mais rápido no jet ski, voltou pro pico e ganhou a prioridade. Na sequência o australiano errou numa onda e a série seguinte engoliu os dois.
Outras direitas apareceram aos 23 minutos de duelo. Filipe usou a prioridade, rasgou na pressão, bateu com força e ainda trabalhou até a parte final. A nota foi 8.43 pontos. Connor ficou em situação delicada, precisando de 9.83 para vencer. Ele surfou a onda seguinte do brasileiro, mas só conseguiu 6.83.
Dessa vez o australiano embarcou no jet antes, mas a moto aquática do brasileiro chegou quase ao mesmo tempo no pico. Connor pulou antes no mar. Filipe esperou um pouco mais para se jogar na água. Os dois remaram com força e o brasileiro pegou a prioridade. Eles deram risadas da situação.
Filipe usou a prioridade quando restavam dois minutos para o fim e colocou 7.83 pontos no somatório, para garantir a vitória por 16.26 a 13.00.
Com a vitória Filipinho pulou para a primeira posição no ranking, porém ainda pode ser ultrapassado na etapa. Para chegar com a camisa amarela de líder no próximo evento, o brasileiro precisa ser finalista em Bells. O próximo adversário de Filipinho será John John Florence, que foi adversário do brasileiro na final desse evento em 2019. Na ocasião o havaiano levou a melhor.
“Cara estou amarradão, feliz demais em pode estar competindo nesse mar. Tem altas ondas desde ontem, hoje. Minha prancha está bem boa, estou me sentindo bem, então agora vou focar pra tentar chegar na final e dessa vez levar o sino maior, né”, diz Filipe para a equipe do Waves.
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John John acima de nove – John John teve que passar pelo australiano Morgan Cibilic para chegar nas quartas. A bateria entre eles foi a quarta das oitavas. Poucas ondas apareceram durante o duelo de 35 minutos, mas o havaiano abriu larga vantagem com suas duas iniciais que valeram 9.07 e 6.67 pontos. A bateria chegou nos dez minutos finais e o australiano só tinha surfado uma direita, que valeu 0.73.
Morgan pegou sua segunda onda um minuto depois e foi manobrando até a areia. Ele precisava de 15.74 pontos e não conseguiu mudar sua situação com os 5.50 conquistados. John John surfou outra onda da mesma série e voltou a aplicar grandes manobras, como dois laybacks poderosos na abertura da apresentação. A nota 8.17 piorou ainda mais a situação do australiano, que ficou na necessidade de 17.24 para vencer.
Perto do fim os dois voltaram a surfar, e John John voltou a melhor seu somatório ao receber 8.70 pontos dos juízes. A vitória foi pelo placar de 17.77 a 7.83.
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Mick perde no fim – O confronto seguinte teve os australianos Mick Fanning e Callum Robson. O tetracampeão da etapa, já aposentado do circuito mundial, ganhou um convite e fez boas apresentações no evento australiano. Na bateria desta sexta-feira ele seguia num bom ritmo e estava na liderança até o minuto final, porém sofreu uma virada.
Mick começou melhor e ficou em primeiro na maior parte do tempo. Callum entrou no ritmo do duelo com o passar dos minutos e chegou a tomar a liderança, porém rapidamente voltou para a segunda posição.
O duelo chegou nos três minutos finais e Mick usou a prioridade. O tricampeão mundial fez novamente um bom trabalho e conquistou a maior nota no duelo até aquele momento, 7.50 pontos, aumentando a distância para seu adversário.
Porém Callum foi em busca dos 7.54 pontos que precisava no minuto final. O australiano fez uma rasgada rápida, executou uma curva na borda mais alongada, rasgou com pressão e ainda executou duas batidas no inside. Os 35 minutos de bateria terminaram e a nota saiu na sequência. Callum conquistou 7.77 pontos e venceu por 14.50 a 14.27.
Miguel vertical – O adversário de Callum nas quartas será Miguel Pupo. O brasileiro bateu forte e reto de backside na sexta bateria, e eliminou Kolohe Andino. Ele foi melhor desde o início, fez as duas maiores notas da disputa e venceu pelo placar de 14.76 a 10.90 pontos.
O norte-americano não fez uma boa escolha de ondas, e não encaixou grandes manobras. Na melhor apresentação ele anotou 6.40 pontos. Ao contrário de Kolohe, Miguel surfou excelentes direitas, e encaixou batidas de cabeça pra baixo, além de rasgadas com pressão.
Nos segundos finais Kolohe necessitava de 7.24 pontos e deixou uma onda passar. Miguel foi e aumentou a diferença no placar. O norte-americano ainda pegou a direita seguinte, mas não se deu bem e acabou eliminado.
“Feliz, né. Bells é uma onda difícil pra mim, é uma onda que não encaixa com meu estilo de competir. Eu gosto de pegar bastante onda e aqui é um lugar de poucas ondas e tenho que ser mais certeiro. Então tive que fazer esse ajuste e demorou dez anos, né. Mas antes tarde do que nunca. Quartas de final era meu objetivo, queria chegar o mais longe possível. Eu tenho alguns objetivos para este ano e atingindo as quartas agora é um passo a passo. Estou cada vez mais perto de onde eu quero chegar e é isso, seguir em frente e seguir competindo bem”, fala Miguel sobre esse que já é seu melhor resultado na etapa.
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Uma bateria brasileira fechou a fase. Mas antes o australiano Jack Robinson bateu o havaiano Imaikalani deVaut. O havaiano começou muito bem a sétima disputa do dia ao conquistar 8.00 pontos. Porém Jack cresceu ao longo do duelo, e Imai não conseguiu manter o ritmo.
Nos últimos instantes entrou uma série e Jack, que tinha a prioridade, tomou a primeira onda na cabeça. Imai conseguiu entrar, mas a onda encheu e ele saiu. O australiano foi na direita seguinte e quebrou. A apresentação valeu 8.47 pontos. Imai ainda pegou uma onda antes do fim, porém anotou 6.53 quanto precisava de 8.05 para vencer.
“Eu quero me sentir bem. Nos últimos dias venho tentando construir e construir. Essa foi uma bateria diferente comparado com ontem. Ontem eu estava empolgado e hoje fiz apenas o possível para passar… ser inteligente com as condições. Estou empolgado que ainda temos ondas. Vou tentar permanecer feliz e vai ficar tudo bem”, diz Jack Robinson em entrevista exclusiva para o Waves.
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Italo x Samuel – O adversário de Jack na última bateria das quartas será Italo Ferreira. Samuel Pupo largou na frente ao marcar 4.50 pontos, mas Italo respondeu de forma contundente com 7.83 e 5.17. Nos primeiros dez minutos a diferença entre eles já era de 8.50. Porém Samuel não baixou a guarda. Aos 16 minutos de confronto ele usou a prioridade e soltou boas manobras para anotar 7.33. Mas Italo surfou na mesma série e foi ainda melhor, conquistando 7.57.
A bateria chegou nos 12 minutos finais e Samuel novamente usou a prioridade. Dessa vez ele foi em busca de 8.07 pontos e chegou perto com 7.80. Italo manteve a prioridade até o final. Samuel ainda tentou ser mais agressivo na atuação em ondas menores, porém cometeu erros e não conseguiu a virada. A derrota foi por 15.40 a 15.13.
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Feminino – Na sexta-feira também foram definidas as semifinais femininas e a líder do ranking, Brisa Hennessy, da Costa Rica, terá um confronto direto pela lycra amarela com a pentacampeã mundial Carissa Moore. Quem vencer a disputa pela segunda vaga na final do Pro Bells Beach, fica com o primeiro lugar no ranking do World Surf League Championship Tour 2022. Na primeira semifinal, a bicampeã mundial Tyler Wright, que fez os recordes femininos do dia, nota 9,00 e 17,17 pontos, enfrenta a americana Courtney Conlogue.
Próxima chamada – A próxima chamada para o Pro Bells Beach acontece nesta sexta-feira, às 18h (de Brasília). A previsão indica condições razoáveis para o surfe, com séries de cerca de 1,5 metro, com vento lateral / terral. Para o dia seguinte são esperadas direitas melhores, que podem ficar um pouco maiores também, e com vento terral. A janela para o Pro Bells Beach fecha no próximo dia 20.
Pro Bells Beach
Oitavas de final masculinas
1 Owen Wright (AUS) 16.40 x 15.77 Nat Young (EUA)
2 Ethan Ewing (AUS) 14.27 x 9.10 Jackson Baker (AUS)
3 Filipe Toledo (BRA) 16.26 x 13.00 Connor O’Leary (AUS)
4 John John Florence (HAV) 17.77 x 7.83 Morgan Cibilic (AUS)
5 Callum Robson (AUS) 14.50 x 14.27 Mick Fanning (AUS)
6 Miguel Pupo (BRA) 14.76 x 10.90 Kolohe Andino (EUA)
7 Jack Robinson (AUS) 16.04 x 14.53 Imaikalani deVault (HAV)
8 Italo Ferreira (BRA) 15.40 x 15.13 Samuel Pupo (BRA)
Quartas de final
1 Owen Wright (AUS) x Ethan Ewing (AUS)
2 Filipe Toledo (BRA) x John John Florence (HAV)
3 Callum Robson (AUS) x Miguel Pupo (BRA)
4 Jack Robinson (AUS) x Italo Ferreira (BRA)
Quartas de final femininas
1 Courtney Conlogue (EUA) 14.57 x 11.93 Sally Fitzgibbons (AUS)
2 Tyler Wright (AUS) 17.17 x 12.07 Bronte Macaulay (AUS)
3 Carissa Moore (HAV) 13.67 x 12.53 Stephanie Gilmore (AUS)
4 Brisa Hennessy (CRI) 11.60 x 11.57 Johanne Defay (FRA)
Semifinal
1 Courtney Conlogue (EUA) x Bronte Macaulay (AUS)
2 Carissa Moore (HAV) x Brisa Hennessy (CRI)
Top-22 do WSL Championship Tour 2022 após 3 etapas
1 Kanoa Igarashi (JPN) – 17.290 pontos
2 Kelly Slater (EUA) – 14.650
2 Barron Mamiya (HAV) – 14.650
4 Filipe Toledo (BRA) – 14.440
5 Seth Moniz (HAV) – 13.875
6 Caio Ibelli (BRA) – 13.500
7 Griffin Colapinto (EUA) – 12.660
8 John John Florence (HAV) – 12.160
9 Jordy Smith (AFR) – 11.385
10 Italo Ferreira (BRA) – 10.735
11 Miguel Pupo (BRA) – 9.670
12 Kolohe Andino (EUA) – 9.395
12 Jake Marshall (EUA) – 9.395
14 Ethan Ewing (AUS) – 8.745
15 Connor O´Leary (AUS) – 7.970
15 Callum Robson (AUS) – 7.970
15 Nat Young (EUA) – 7.970
18 Conner Coffin (EUA) – 7.405
18 Jack Robinson (AUS) – 7.405
18 Ezekiel Lau (HAV) – 7.405
18 Samuel Pupo (BRA) – 7.405
18 Lucca Mesinas (PER) – 7.405
Outros brasileiros
23 João Chianca (BRA) – 5.980 pontos
27 Deivid Silva (BRA) – 4.915
27 Jadson André (BRA) – 4.915
39 Gabriel Medina (BRA) – 795
39 Yago Dora (BRA) – 795
Top-10 do WSL Championship Tour 2022 após 3 etapas
1 Brisa Hennessy (CRI) – 17.355 pontos
2 Carissa Moore (HAV) – 16.495
2 Lakey Peterson (EUA) – 16.495
4 Tatiana Weston-Webb (BRA) – 15.220
5 Malia Manuel (HAV) – 15.155
6 Johanne Defay (FRA) – 14.235
7 Tyler Wright (AUS) – 13.440
8 India Robinson (AUS) – 12.100
9 Gabriela Bryan (HAV) – 11.305
10 Moana Jones Wong (HAV) – 11.045