“Eu amo a natureza, para mim é importante que esteja tudo bem preservado”. Nathaly de Castro, que tem 34 anos e é web designer veio a Saquarema acompanhar a performance da elite do surfe mundial, possui a postura que se espera de quem curte estar na praia. Mas ela vai mais longe, ao afirmar que “tenta fazer o meu máximo, recolho o meu lixo e ainda recolho o lixo dos outros? Por que não fazer um extra se o outro não faz?”.
É justamente este tipo de postura proativa que diferencia quem só repete um discurso correto, mas óbvio, de quem toma uma atitude concreta para mudar uma realidade cada vez mais preocupante, a da poluição das praias e oceanos. Só vai contribuir para uma mudança efetiva quem entrar na batalha. Os que ficam apenas assistindo de fora também são corresponsáveis pelo problema.
A modelo e atriz Fernanda Job conta que “agora mesmo peguei por acaso uma sujeira ali dentro do mar, com a minha filha. Eu sempre a ensinei a ter carinho pela natureza, todo plástico eu separo, em casa a gente recicla o plástico e paga menos na conta de luz”, explica ela, fazendo menção de um programa que permite aos clientes trocarem recicláveis por bônus na conta de energia.
A tatuadora Marcele Scram mora numa reserva ambiental em Vargem Grande, onde ela ajuda em tudo que pode para manter a área preservada. “Procuro separar o lixo, vou com a minha própria bolsa ao mercado, quanto menos plástico melhor’’, diz ela. Na sua visão, “as pessoas não têm noção do que fazem. A mesma coisa que estão fazendo para a natureza, estão fazendo para elas, pois nós somos natureza, o que a gente planta vai ficar para outras gerações”.
Michel Vieira, que está sempre próximo do mar por ser surfista, mas também devido às suas atividades como mergulhador, faz a seguinte pergunta, “como vai estar Saquarema daqui a 10 anos, do jeito que as coisas vão?”. Quem esteve no Vivo Rio Pro conferiu que a praia de Itaúna ainda pode ser considerada uma praia limpa, principalmente se comparada a tantas outras muito mais atingidas pela poluição, mas isso não quer dizer que esteja protegida.
Também professor de educação física, Michel enfatiza junto a seus alunos que é preciso se engajar na causa. “Todo mundo gosta de ir a uma praia limpa, mas as pessoas não se preocupam em sair da praia limpando, ou em limpar e reciclar e tratar o seu lixo em casa. Reciclar dá trabalho, as pessoas tem que realmente querer fazer reciclagem. É preciso urgente entrar mais forte nas escolas e ter a participação dos pais e educadores”.
Profissional de recursos humanos, Julia Athayde veio prestigiar o Vivo Rio Pro por adorar tudo que tem a ver com o oceano. Ela é mergulhadora e está assustada com o que tem visto. “Não tem nada mais triste do que mergulhar e ver um monte de plástico no mar. Tem estudos que falam que daqui a alguns anos a gente vai ter mais plástico do que peixe no mar, e não é isso que a gente quer, então vamos fazer a nossa parte”, convoca ela.
Até mesmo quem está a trabalho no Vivo Rio Pro procura ter aquele tempo livre para aproveitar um lugar em que a natureza se manifesta de uma maneira tão exuberante. Breno Dines, jornalista do Grupo Globo, é um surfista apaixonado e durante suas coberturas, sempre que pode, dá uma escapada para garantir sua cota de ondas. Em Saquarema não foi diferente e quando ele estava saindo do mar após uma sessão de surfe, deixou seu ponto de vista, destacando o quanto é importante que o surfista esteja à frente da causa pela preservação do meio ambiente marinho.
Para Breno, o surfista, de um modo geral, tem uma visão diferente do homem normal. “A gente tem este cuidado maior, repara em coisas que as pessoas não reparam, principalmente a questão do lixo. Quando estamos entrando no mar, é uma coisa que incomoda”. Ele prossegue, “moro no Rio de Janeiro, gosto de surfar em São Conrado, e quando chove vem muito lixo naquela região ali, e em outros lugares do Rio, e no final de semana, o lixo vai para água. E não é só no Brasil, a Indonésia, que é um paraíso do surfe, é o lugar que tem maior concentração de plástico na água”.
Breno acredita que cabe aos surfistas o papel de fiscal do lixo no oceano. “Tem de botar o lixo no lugar certo, ter um tratamento. A gente sabe que não é todo lugar que tem um tratamento correto do lixo, então muita coisa vai parar na água e para nós surfistas isso fica mais evidente”.
O desafio é enorme e muitas vezes parece não ter solução. Uma das ações possíveis a qualquer um que ame o mar e o surfe é praticar o consumo consciente, aquele em que a escolha dos produtos a serem comprados leva em consideração a postura ecológica do fabricante. A boa notícia para os surfistas que acompanham o Circuito Mundial e torcem para os brasileiros, é que a Natura Kaiak, uma das patrocinadoras da etapa brasileira, está totalmente engajada na luta para livrar as praias e oceanos do plástico.
A Natura Kaiak está à frente de iniciativas relevantes, como o uso de plástico reciclado nas suas embalagens, que são feitas com mais de 50% de plástico reciclado do litoral brasileiro. Dessa maneira a marca contribui diretamente no enfrentamento de um dos maiores desafios que a comunidade do surfe enfrenta, o de manter o espaço sagrado das ondas livre de poluição.